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Esta segunda-feira (21) é o último dia para ter as ações da Petrobras (PETR4;PETR3) na carteira e assegurar o recebimento dos dividendos de R$ 43,7 bilhões referentes ao terceiro trimestre deste ano – o que corresponde a R$ 3,35 por ação preferencial e ordinária em circulação – anunciados no dia 3.
É a chamada “data com”, ou seja, a data limite para possuir as ações em custódia e fazer jus aos proventos anunciados. A partir de terça-feira (22), os papéis passam a ser negociados “ex-dividendos”, sem direito aos dividendos.
O valor dos dividendos atuais é cerca de metade do distribuído no trimestre anterior, que somou R$ 87,8 bilhões – mas ainda assim chamou atenção dos investidores. Embora a Petrobras tenha se sagrado como a terceira maior pagadora de dividendos do mundo entre julho e setembro, como mostrou ranking elaborado pela gestora Janus Henderson, agentes do mercado têm dúvidas sobre as chances de a empresa manter o nível atual nos próximos anos.
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A razão é a mudança no governo federal, com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumindo o Planalto a partir de janeiro. Membros do Partido dos Trabalhadores têm demonstrado descontentamento com os pagamentos realizados pela estatal.
A distribuição atual foi alvo de polêmica nos dias que se seguiram ao anúncio. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) chegou a pedir a suspensão do pagamento. Na semana passada, porém, a Petrobras confirmou que o ministro relator do caso, Augusto Nardes, negou o pedido – ainda que tenha determinado à empresa e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que prestem esclarecimentos sobre o depósito aos acionistas.
Tem dúvidas sobre como acontecerá o pagamento ou quanto ao futuro dos dividendos da petroleira? Confira abaixo uma lista de perguntas e respostas preparada pelo InfoMoney sobre o assunto, com a ajuda de Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos; Flávio Conde, analista de ações da Levante; Luiz Barsi Neto, economista e assessor do MMBarsi Investimentos; João Daronco, analista da Suno Research; Sidney Lima, analista da Top Gain; Vicente Guimarães, CEO da VG Research; e Luan Alves, head de equity da VG Research.
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• Como vai ocorrer o novo pagamento de dividendos da Petrobras
• Data Com e Data Ex dos dividendos da Petrobras
• Erros comuns em torno da Data Ex de uma ação
• De onde serão deduzidos os dividendos
• Como funciona a política de dividendos da Petrobras
• Para quem não possui ações de Petrobras, vale a pena comprar agora?
• Para quem já tem ações de Petrobras, até quando vale a pena manter na carteira?
• Preço teto de PETR4
• Dá para esperar por mais dividendos ainda em 2022?
• Pode haver mudanças na política de dividendos da Petrobras em 2023?
• Petrobras deve se manter como uma das maiores pagadoras de dividendos no mundo em 2023?
• Fatores que podem beneficiar ou prejudicar os dividendos da Petrobras
• PETR3 ou PETR4
• Reinvestir os dividendos da Petrobras
• Dividend Yiel da Petrobras em 2023 e 2024
Como vai ocorrer o novo pagamento de dividendos da Petrobras?
O pagamento será de R$ 3,35 por ação preferencial (PETR4) e ordinária (PETR3) e ocorrerá em duas parcelas.
A primeira parcela, no valor de R$ 1,67 por ação, será depositada no dia 20 de dezembro de 2022. Parte do valor corresponderá a dividendos – que são isentos de tributação – no valor de R$ 1,16 por ação. Outra parte virá na forma de juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 0,52 por ação. Lembrando que JCPs são tributados – portanto, deste valor será descontado na fonte automaticamente o imposto de renda de 15%.
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A segunda parcela, também no valor de R$ 1,67 por ação, será depositada em 19 de janeiro de 2023. A divisão do pagamento entre dividendos e JCP será definida no futuro e anunciada aos investidores por meio de comunicado ao mercado.
Qual é a “data com” dos dividendos da Petrobras? E a “data ex”?
Para ter direito aos dividendos, o investidor precisará ter as ações em carteira até o final do pregão do dia 21 de novembro de 2022, que é a “data com” – ou seja, a data de corte para fazer jus aos proventos.
A “data ex” será no dia seguinte, 22 de novembro de 2022. Quem comprar as ações a partir desta data já não terá mais direito aos dividendos de R$ 3,35.
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Neste mesmo dia, a cotação dos papéis da Petrobras deve sofrer um ajuste, descontando o valor dos dividendos. Por exemplo, se PETR4 fechar cotada a R$ 30 no dia 21, ela abrirá negociada a R$ 26,65 no dia 22.
Que erros um investidor pode cometer em torno da “data ex” de uma ação?
Segundo Vicente Guimarães, CEO da VG Research, um erro comum que deve ser evitado pelos investidores é comprar as ações na “data com” para receber os dividendos e vender no dia seguinte, na “data ex”, com um preço menor e a ação em queda. Isso porque o investidor recebe o dividendo, mas acaba realizando um prejuízo. Essa é uma prática comum entre investidores iniciantes, diz Guimarães.
De onde serão deduzidos os R$ 43,7 bilhões pagos como dividendos?
Segundo fato relevante da companhia, do valor de R$ 3,35 por ação, um total de R$ 3,14 por ação se refere a uma antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2022 e será declarado com base no balanço de 30 de setembro de 2022. Já os R$ 0,20 por ação restantes serão pagos a partir da conta de reservas de retenção de lucros constantes no balanço de 2021.
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Como funciona a política de dividendos da Petrobras? Qual é a frequência dos pagamentos?
A Petrobras estabelece como remuneração mínima anual o valor de US$ 4 bilhões para exercícios em que o preço médio do petróleo do tipo Brent for superior a US$ 40 o barril. Este valor poderá ser distribuído independentemente do nível de endividamento da empresa. Os valores são iguais tanto para PETR4 quanto para PETR3.
Já em caso de uma dívida bruta igual ou inferior a US$ 65 bilhões e de resultado positivo acumulado, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos, desde que isso não comprometa a sustentabilidade da companhia.
Segundo a política de dividendos, a remuneração dos acionistas da Petrobras deverá ser feita trimestralmente.
A Petrobras possui dividendos mínimos obrigatórios correspondentes a 25% do Lucro Líquido Ajustado. A companhia poderá ainda, em casos excepcionais, realizar o pagamento de dividendos extraordinários, superando o valor anual estabelecido acima.
Para quem não possui as ações, vale a pena comprar agora para receber os dividendos?
Para alguns especialistas consultados pelo InfoMoney, sob a ótica de usufruir apenas dos dividendos de R$ 3,35, pode valer a pena – mas essa não é uma visão consensual. É preciso ressaltar ainda que a companhia não oferece nenhuma garantia de repetir essa remuneração em 2023.
Ilan Arbetman, da Ativa, reforça que não há certeza de que no futuro a Petrobras pagará dividendos desse porte novamente. “Pode ter sido o último grande dividendo da Petrobras”, afirma. Ele acredita que a companhia poderá passar a fazer investimentos maiores em refino e geração renovável, o que naturalmente reduziria o valor para a distribuição de proventos.
“Não acreditamos que comprar Petrobras hoje para uma estratégia de dividendos seja certo ou simétrico”, afirma Arbetman. “Se for comprar apenas para capturar esse dividendo único, até pode ser. Mas normalmente, quando se pensa em dividendos, a expectativa é de uma alocação de longo prazo, em busca de uma distribuição recorrente. Já não podemos prever isso pra Petrobras hoje”.
Sidney Lima, da Top Gain, por sua vez, não recomenda comprar a ação da Petrobras apenas para receber os dividendos atuais, já que as cotações serão ajustadas na “data ex”, descontando o valor. “Na prática seria trocar 6 por meia dúzia”, diz, destacando que a transição política tem trazido uma série de incertezas em relação ao negócio da estatal.
Para quem já tem Petrobras, vale a pena manter as ações em uma estratégia de dividendos? Até quando?
Para os investidores que já têm posição na empresa, Arbetman acredita que o ideal é mantê-la até pelo menos a “data ex” para assegurar o recebimento dos R$ 3,35.
Já para Conde, da Levante, o razoável é manter as ações da petrolífera até o final deste ano, quando os investidores devem ter mais sinais do como o governo Lula pretende lidar com a Petrobras.
Observando o longo prazo, Luiz Barsi Neto afirma que o investidor deve buscar ações para uma carteira de dividendos almejando uma recorrência de pagamentos de pelo menos cinco anos. “A Petrobrás, há cinco anos, estava bem distante da distribuição dos últimos dois. Com os recentes comentários do governo que assumirá em 2023, imaginamos que a distribuição não continuará nos mesmos níveis”, afirma.
Em sua visão, ter uma ação em carteira focada em dividendos significa acreditar que a empresa continuará entregando bons resultados no futuro, sem escândalos de corrupção e distribuindo proventos aos seus acionistas periodicamente. “Se ele não enxergar estas premissas na empresa, não vê a Petrobras para uma carteira de dividendos”, cita.
Qual é o preço-teto de PETR4 para não pagar caro pela ação?
Conde, da Levante, calcula que o preço-teto de compra das ações da Petrobras (PETR4) é de R$ 29,50. No início da tarde desta segunda (21), os papéis eram negociados a R$ 26,52.
A Petrobras tem espaço para mais dividendos referentes ao quarto trimestre de 2022?
Segundo João Daronco, da Suno Research, nos últimos dois anos, a valorização do petróleo do tipo Brent e o foco da empresa no seus negócios prioritários, com desinvestimento de ativos para aumentar a eficiência operacional, permitiu que a companhia gerasse um bom caixa e conseguisse distribuir mais dividendos do que historicamente vinha entregando. O endividamento baixo também favoreceu o pagamento de 100% do seu lucro (payout).
Contudo, no próximo governo, Daronco cita incertezas sobre a política de destinação do lucro da empresa, que pode ser reinvestido em outras atividades, tais como refinarias ou energia renovável. “Não sabemos ainda qual será o plano seguido pela Petrobras, quem vai liderar a empresa. Acho que 2023 será um ano de forte incerteza para a companhia”, aponta.
Para Conde, da Levante, no quarto trimestre de 2022 – cujos resultados serão divulgados em fevereiro ou março – a companhia ainda teria capacidade operacional de ter um bom lucro e pagar dividendos elevados. “Esse lucro seria alto por conta do preço da gasolina, do diesel e do querosene de avião, que ainda estão elevados, acompanhando o preço do Brent nos US$ 96”, avalia.
A dúvida dos analistas se refere ao fato de que tais dividendos serão anunciados já durante o governo Lula. Não é possível saber se a empresa optará por distribuir 90% ou 100% do lucro líquido, como fez nos últimos trimestres, ou se reduzirá os pagamentos para o mínimo estatutário de 25%.
É possível haver mudanças na política de dividendos da Petrobras em 2023?
Os especialistas consultados pelo InfoMoney acreditam que há grandes chances de a Petrobras distribuir apenas o mínimo obrigatório em 2023, de 25% do seu lucro líquido ajustado.
Segundo Conde, como já sinalizado durante a campanha eleitoral, o objetivo do governo Lula não é pagar dividendos e, sim, investir o dinheiro excedente na construção de refinarias.
Luiz Barsi Neto diz que com uma nova equipe econômica no poder, o Petrobras pode até mesmo não pagar dividendos. Ele cita que as declarações de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, de que “a Petrobras tem de servir ao povo brasileiro” deixam claro que os lucros distribuídos deveriam ser direcionados aos programas sociais.
Para Sidney Lima, a alteração da política de dividendos é totalmente possível, considerando que esta atualmente possui condições consideradas “flexíveis”.
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A Petrobras terá condições de se manter como uma das maiores pagadoras de dividendos no mundo em 2023?
Segundo a 35ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson, a Petrobras conquistou o título de maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre deste ano. Na avaliação dos especialistas, no entanto, ela não deve repetir a proeza em 2023.
Embora a companhia tenha condições financeiras para isso, Conde destaca que o governo Lula deve mudar o percentual de distribuição de proventos, evitando que a companhia seja uma grande pagadora de proventos.
Contudo, Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, ainda enxerga uma luz no fim do túnel, e destaca que a escolha do novo CEO da empresa em 2023 será fundamental para ter uma clareza sobre a política de dividendos e alocação de recursos da empresa. “Se for uma pessoa de mercado, com experiência no setor, a gente pode ver a continuidade de alguns pilares da companhia. Mas se for um nome mais político, a tese de desconstrução da Petrobras como uma grande pagadora de dividendos ganha força”, avalia.
Embora a troca de CEO não seja obrigatória, o analista considera improvável que o atual CEO e Conselho de Administração sejam mantidos no novo governo. Mudanças podem ocorrer até março.
Arbetman também afirma que Lula deve ser recebido no novo mandato com pouco espaço fiscal para executar as políticas sociais prometidos em campanha. Desta forma, os dividendos das estatais como Petrobras, poderiam contribuir muito na execução destas políticas.
Quais fatores podem beneficiar ou prejudicar os dividendos da Petrobras no que resta de 2022 e em 2023?
Segundo Lima, da Top Gain, a maior preocupação dos investidores está na retirada do PPI (preço de paridade de importação), onde os preços da gasolina e diesel estão em linha com o mercado internacional. “Isso poderia descasar a relação entre receita e despesa e impactar negativamente o caixa da empresa”, afirma. A pressão por reduzir os dividendos também preocupa os acionistas.
Já no cenário externo, Conde destaca que a diminuição do consumo de petróleo diante de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa pode fazer o preço do petróleo do tipo Brent despencar, o que prejudicaria o lucro da empresa. “Se o petróleo do tipo Brent recuar até o patamar de US$ 85 o barril seria um cenário de redução de receitas, menos geração de caixa, e lucro líquido inferior, enquanto o custo da empresa permanecerá o mesmo”, avalia.
A política de Covid zero da China também preocupa, segundo Lima, dado que o país asiático é o maior consumidor do mundo.
PETR3 ou PETR4?
Em relação aos dividendos de R$ 3,35, Conde destaca que as ações preferenciais da Petrobras estão cotadas R$ 3 mais baratas do que as ordinárias, o que já garantiria um retorno em dividendos (dividend yield) maior para o acionista.
Luiz Barsi Neto destaca que o investidor que busca ações com o objetivo de receber dividendos deve optar sempre pela classe preferencial, que possui preferência nos proventos distribuídos pelas empresas diante das ordinárias.
Devo reinvestir os dividendos que receber da Petrobras?
Reinvestir os dividendos é uma prática muito recomendada para os investidores que estão na fase de acumular patrimônio para viver de renda. Contudo, os especialistas consultados pelo InfoMoney não aconselham reinvestir os valores em novas ações da Petrobras.
“Acreditamos que existem empresas que são conhecidas por terem distribuições periódicas de dividendos, que fazem parte de setores perenes e que estejam mais descontadas e atrativas para alocar estes recursos do que o reinvestimento em Petrobras”, afirma Barsi Neto.
Conde, da Levante, também compartilha esta visão e aconselha ao investidor aplicar os dividendos recebidos da Petrobras na Eletrobras para reduzir o risco estatal da carteira e também a exposição ao preço do petróleo.
Na VG Research, a orientação aos clientes também é de reinvestir os dividendos em outras empresas. Segundo Luan Alves, há opções melhores e que não tenham ultrapassado o preço-teto de segurança.
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Qual seria considerado um dividend yield adequado para a Petrobras em 2023 e 2024?
Para a VG Research, a projeção é de dividendos de 15% ainda em 2023. “O principal risco em 2023 é que a companhia mude a sua estratégia comercial e de investimentos, especialmente no que se refere ao programa de desinvestimento das refinarias”, destaca Alves.
Já para Sidney Lima, da Top Gain, a companhia deve ter um dividend yield inferior a 10% durante todo o governo Lula, considerando que nas gestões do PT os dividendos da petrolífera foram baixos.
Barsi Neto também acredita que o dividend yield para a companhia nessa nova etapa seria entre 7% e 10% anuais.