Confira as principais apostas para a renda fixa em fevereiro; títulos isentos oferecem taxas de até 97% do CDI

Entre as recomendações estão ativos que protegem o poder de compra do investidor, ao pagar juros mais a variação da inflação do período

Neide Martingo

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Em meio a um quadro de incertezas tanto na economia doméstica como na global, a renda fixa tende a ser uma boa opção para o investidor que busca proteção diante de tamanha turbulência. Mas quais papéis escolher para enfrentar o atual cenário?

Na busca por uma resposta, o InfoMoney compilou as indicações da XP Investimentos, Santander e Itaú BBA, que disponibilizam sugestões para o investimento em renda fixa em fevereiro.

De acordo com as instituições financeiras, a cautela é a palavra de ordem dado o cenário macroeconômico nacional – com a Selic, por exemplo, permanecendo em 13,75% ao ano por mais tempo do que o esperado. Além disso, as casas destacam o estresse gerado no mercado pelas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o atual patamar da taxa de juros.

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O cenário internacional também está no radar. Recentemente, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que, caso a economia dos Estados Unidos continue dando sinais fortes, o Fed terá de seguir elevando as taxas de juros no país.

Diante do contexto, a XP sugere o Tesouro Selic com vencimento em março de 2026, com rentabilidade de Selic+0,1% e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) Rabobank, com vencimento em fevereiro de 2025 e rentabilidade de 97% do CDI. Lembrando que a vantagem da LCA é a isenção do Imposto de Renda e a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de até R$ 250 mil por CPF.

Entre os IPCA+, a XP destaca a NTN-B 2025, com rentabilidade de 6,06%, a NTN-B 2040, que rende 6,4%, e o CRA Minerva, com vencimento em julho de 2029 e rentabilidade de 7,2%. Há também o CRA Cocal (agosto de 2030) e rendimento de 7,4%. Os Certificados de Recebimento do Agronegócio são também isentos de IR.

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Os ativos prefixados estão também na carteira recomendada da XP. São papeis que nos permitem saber, desde o início, exatamente quanto será pago ao fim do prazo de investimento. Por ser uma taxa fixa, que não é atrelada a nenhum indexador, é benéfica em cenários de expectativa de baixa de juros.

Além disso, estes ativos são recomendados para quem busca previsibilidade, independentemente da expectativa para os juros no futuro. Nessa classe, a casa optou por títulos relativamente mais curtos, diante do cenário particularmente incerto para além de 2022. Um dos ativos é a LTN (julho de 2025), com rendimento de 12,5%. O outro é o CDB (Certificado de Depósito Bancário) do Banco C6 Consignado (janeiro de 2025), com rentabilidade de 14,5%. Uma vantagem desse ativo é a cobertura do FGC.

A sugestão do Santander continua sendo de alocação no Tesouro IPCA+ principal, com um alongamento tático de duration do título recomendado, optando pelo vencimento de 2035.

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“Se os ventos domésticos se provarem favoráveis para os ativos de risco (menor ruído pós-eleição, inflação convergindo à meta e promessas de responsabilidade fiscal em 2023), podemos ver um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais, favorecendo a marcação a mercado dos ativos”, de acordo o relatório do banco. “Caso a percepção de risco piore e o dólar volte a se valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função”, completa o texto.

Um dos temas centrais para fevereiro, segundo o relatório, será a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, após o fim do recesso parlamentar. A reforma tributária deve ser um dos temas-chave deste primeiro semestre.

“O objetivo central da reforma é simplificar a cobrança de impostos sobre o consumo, unificando as diversas legislações num único IVA (imposto sobre valor agregado)”, sinaliza o documento do Santander. “Além disso, outra mudança importante será na frente dos impostos sobre a renda (eventualmente taxando dividendos e alargando a isenção da tabela de IR)”, sinaliza o documento.

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Atualmente existem duas propostas que tratam do tema  mais “adiantadas” em tramitação no Congresso e que servirão de ponto de partida para as discussões: a PEC 110/2019, no Senado, e a PEC 45/2020, na Câmara dos Deputados.

Na carteira do Itaú BBA, há igualmente a indicação do IPCA+2035 (rentabilidade de 6,45%), para onde iriam 15% da carteira, “que continua com alocação relevante em títulos pós-fixados, seguido de alocações em títulos atrelados à inflação de médio e longo prazo, combinados com posições mais pontuais em títulos prefixados”, indica Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA no documento.

O Tesouro IPCA+2029, indexado à inflação (rentabilidade de 6,29%), que fica com 20% da carteira, e o IPCA+ 2035, que oferece rentabilidade de 6,45% (15% da carteira), também estão na carteira do Itaú BBA, assim como os prefixados 2026 (10% da carteira) e 2029 (5% da carteira) com rentabilidade anual, respectivamente, de 13,14% e 13,34%. O pós-fixado Tesouro Selic 2026 fica com 50% da carteira, com rentabilidade de Selic+0,0986%.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney