SÃO PAULO – Com oportunidades não mais tão evidentes nos mercados de risco, gestores têm se desdobrado para encontrar bons ativos por meio de posições relativas na Bolsa e de olho também em movimentos adicionais no mercado de juros.
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Em painel realizado nesta quinta-feira durante a Expert XP, responsáveis pelos investimentos da Vinland Capital, da ACE Capital e da Persevera Asset Management dividiram suas experiências nas estratégias macro na crise e, mais importante, mostraram como estão se posicionando atualmente.
Com uma redução rápida das posições em ativos de risco no primeiro semestre, Guilherme Abbud, sócio fundador e diretor de investimentos da Persevera, enxerga o Brasil passando por uma “revolução silenciosa”. Além das reformas promovidas, o país estaria com níveis de inflação mais controlados, com possibilidade de manter este quadro no longo prazo.
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Com uma visão de paridade de risco entre bolsa e renda fixa e mais inclinada à queda dos juros que o restante do mercado já nos últimos anos, a Persevera vê espaço para reduções adicionais da Selic às precificadas hoje.
“O Fed [banco central americano] fez um estímulo monumental e está morrendo de medo de ter feito pouco. O Banco Central brasileiro fez um estímulo médio e morre de medo de ter feito de mais. A gente acha que o Fed está certo”, observou o diretor de investimentos.
A volta ao “normal” pós-pandemia mostraria empresas e indivíduos com maior endividamento e dificuldade para crescer, o que pressionaria o Banco Central a agir.
E não só cortando a taxa Selic, mas sinalizando que os juros ficarão estáveis por um longo período, de até três anos, para derrubar os prêmios da parte mais longa da curva de juros.
“Não adianta ter Selic de 1% ou 2% e ter o prefixado longo a 8% ao ano, porque é aqui que é formado o preço do crédito da economia”, afirmou Abbud.
Diante desse quadro, ele vê com bons olhos as taxas por volta de 6% pagas por títulos de renda fixa prefixados com vencimento em cinco anos, ou de 4% ao ano mais a inflação, no caso dos papéis do tipo Tesouro IPCA+ com vencimento próximo a 20 anos.
Bolsa mais seletiva
No mercado de ações, passado o rali de abril a junho, André Laporte, head de ações da Vinland, mostra maior cautela hoje nas alocações.
Em meio às incertezas desencadeadas no início da crise do coronavírus, a Vinland optou por sair de Bolsa para entender melhor o cenário e só voltou a alocar no mercado depois que ele já tinha começado a se apreciar.
“Hoje a gente continua otimista, mas não está vendo muito mais upside [potencial de alta] em termos absoluto da Bolsa”, observou. A ideia é olhar mais para o valor relativo entre setores para encontrar boas empresas.
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E há preocupações com relação ao comportamento de empresas menores no pós-crise e também com uma segunda onda de contaminações pela Covid-19.
Paralelamente, as eleições presidenciais americanas voltam a se colocar como um risco à trajetória positiva dos mercados, disse Laporte, diante dos receios de uma vitória democrata implicando aumento de impostos para as empresas.
Para Fabricio Taschetto, diretor de investimentos da Ace Capital, os Estados Unidos sairão rapidamente da crise, o que ainda gera bastante espaço para apreciação de ações americanas. O único problemas no caminho são as eleições.
Taschetto também mostrou apreensão com uma vitória do candidato democrata Joe Biden, com medidas tributárias, e também regulatórias sobre o setor financeiro.
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