Com 9 meses de existência, ETF de criptos HASH11 alcança 130 mil cotistas e desbanca tradicional BOVA11

Fundo de índice de criptomoedas já é o segundo com maior número de cotistas na B3, atrás apenas do IVVB11, que replica o S&P 500

Katherine Rivas

(Shutterstock)
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Com apenas nove meses de existência, o ETF (exchange traded funds) de criptomoedas HASH11, da gestora Hashdex, já conseguiu desbancar alguns dos fundos de índices mais tradicionais da B3, administrados por gigantes do mercado. Com quase 130 mil cotistas, o novato superou o ETF BOVA11 – que tem 14 anos de história e replica a carteira teórica do Ibovespa – e passou a ocupar o segundo lugar entre os queridinhos dos investidores.

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Os dados são do último boletim de ETFs da B3, que apresenta os fundos de índice com o maior número de cotistas em dezembro de 2021. Segundo a B3, estes dados refletem a realidade do mercado de ETFs no ano de 2021 como um todo.

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Os três ETFs com maior número de investidores na Bolsa são: o IVVB11 (iShares S&P 500 Fundo de Investimento – Investimento No Exterior), que tem 176.774 cotistas; na segunda posição está o HASH11 (Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice), com 129.758 cotistas, seguido do BOVA11 (iShares Ibovespa Fundo de Índice) com 125.901 cotistas.

Lançado em 26 de abril de 2021, o HASH11 foi o primeiro ETF de criptomoedas a ser negociado na Bolsa brasileira, atendendo à procura dos investidores por criptoativos. Tamanha foi a demanda que o fluxo de novos investidores por mês após sua estreia superava os 20 mil.

Segundo dados da B3, em abril o ETF HASH11 ganhou 61.095 novos investidores. Em maio, foram 55.160 e em junho, 25.440.

A entrada de novos investidores foi diminuindo com os meses. Em novembro, por exemplo, foram 10.202 novos cotistas.

Antes do HASH11 chegar ao mercado, o BOVA11 e o IVVB11 se revezavam na posição de favorito dos investidores. Segundo levantamento da B3 e Economatica a pedido do InfoMoney, em 2019 o BOVA11 era o ETF com maior número de cotistas, com um total de 48.033 investidores. Na segunda posição naquele ano estava o IVVB11, que acompanha o índice americano S&P 500, com 33.805 cotistas. E na terceira posição em 2019 estava o SMAL11, ETF que acompanha o índice Small Cap, com 28.962 investidores.

Em 2020, ano da pandemia, os mesmos ETFs voltaram a marcar presença no ranking de favoritos, no entanto com inversão de posições. O IVVB11 se tornou o favorito dos investidores com uma base de 116.652 cotistas, seguido do BOVA11, com 101.313 investidores. Na terceira posição estava o SMAL11, com 37.669 cotistas.

Já em 2021, o BOVA11 caiu para a terceira posição, enquanto o índice SMAL11 ficou no quinto lugar entre os ETFs com maior número de cotistas. Surgiram novos nomes como o HASH11 que conquistaram de largada o mercado.

Sorte de principiante?

Entre os motivos que fizeram um novato cair no gosto dos investidores e superar o tradicional BOVA11, Fernanda Guardian, analista de criptomoedas da Levante Investimentos, cita o ciclo de alta do mercado de criptoativos que ocorre a cada quatro anos. “Tivemos ciclos de alta dos criptoativos em 2013, 2017 e o mais recente foi em 2021”, explica.

Segundo a analista, quando há um ciclo de alta no mercado cripto é natural o aumento de novos investidores, motivo que teria favorecido o HASH11. O ciclo de alta ainda está vigente no mercado e de acordo com Fernanda a visão é otimista para os próximos meses. “Acredito que o investidor deve manter a sua preferência por ETFs de cripto em 2022, principalmente por conta do cenário eleitoral e a procura por diversificação”, acrescenta.

O retorno passado dos ativos replicados também foi um dos motivos do sucesso do HASH11, principalmente entre os investidores pessoa física, de acordo com Felipe Paletta, analista e sócio-fundador da Monett.  Ele cita que em 2021, o Bitcoin teve um bom retorno enquanto o Ibovespa, replicado pelo BOVA11, acumulou perdas.

Segundo dados da plataforma de informações financeiras Economatica, a rentabilidade do Bitcoin em 2021 foi de 75,83%, enquanto o Ibovespa recuou 11,93% no ano. O Bitcoin foi um dos poucos ativos a entregar retornos acima da inflação em 2021.

Para Roberta Antunes, chefe de expansão na Hashdex, foram três os motivos que provocaram o salto do HASH11 no número de cotistas: o primeiro foi a possibilidade de investir em uma nova classe de ativos de forma segura. Ela explica que o ETF replica o Nasdaq Crypto Index (NCI) e possui uma cesta de oito criptomoedas. Antes do ETF chegar à Bolsa brasileira, o NCI era replicado por alguns fundos, que na sua maioria estavam disponíveis apenas para investidores institucionais.

“Quando a Hashdex lançou o ETF na Bolsa democratizou o acesso para que todo perfil de investidor possa ter exposição às criptomoedas de forma segura”, afirma.

O segundo motivo foi a ampla expansão e validação do mercado de criptomoedas em 2021, com a consolidação de alguns projetos. As criptomoedas começaram a ganhar o status de ativos reconhecidos pelo investidor como oportunidades de descorrelação. Já o terceiro motivo que provocou o boom foi a procura por proteção de portfólio frente à inflação e à volatilidade.

Mudanças no gosto dos investidores

Não foram apenas os ETFs de criptomoedas que ganharam um espaço no gosto dos investidores. Um levantamento feito pela Economatica e a B3 revela que a procura dos investidores por ETFs nos últimos três anos foi influenciada por fatores macroeconômicos, volatilidade e o desenvolvimento da indústria de fundos de índice no Brasil.

Em 2020, existiam 28 ETFs na Bolsa. Entre os dez com maior número de cotistas, seis eram ativos de renda variável local, replicando o Ibovespa, o índice Small Cap, o índice de dividendos (Idiv) e o IBrX50, que reúne os 50 ativos mais negociados da Bolsa brasileira. No mesmo ano, três ETFs eram da categoria renda variável internacional, acompanhando o índice S&P 500 e o MSCI China.

Paletta, da Monett, explica que 2020 foi caraterizado pelos juros baixos, o que acabou favorecendo o mercado de ações e as small caps, o que justificaria a preferência pelos ETFs destes segmentos.

Já em 2021, com 65 ETFs na Bolsa, ocorreram alguns movimentos como a internacionalização dos investidores, fruto da instabilidade local e da forte volatilidade. Eles encontraram nos ETFs com exposição a índices norte-americanos uma alternativa de alocação.

“O S&P 500 teve um ano muito bom em 2021, as criptomoedas valorizaram apesar da volatilidade”, aponta Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos. Prova disso é que o IVVB11, que replica o índice de ações americanas, manteve a liderança com o maior número de cotistas.

Entre os dez ETFs com maior número de investidores em 2021, sete são da categoria renda variável internacional, incluindo dois de criptomoedas e um de ouro. Apenas três restantes pertencem à categoria renda variável local.

Na procura da liderança

Geridos pela BlackRock Brasil, o BOVA11 e o IVVB11 acumulam 14 e oito anos de trajetória, respectivamente, enquanto o HASH11 completa nove meses na Bolsa no dia 26 de janeiro.

Roberta Antunes afirma estar animada com a preferência pelo público, considerando que os ETFs da BlackRock estão consolidados há muitos anos no mercado. “O HASH11 ainda não chegou aonde acreditamos que deveria chegar”, diz.

Ela defende que há espaço para criptomoedas na carteira de todo investidor e que a tendência nos próximos três anos é que tanto o mercado de ETFs como o de criptomoedas se consolide no Brasil, replicando um pouco o cenário dos Estados Unidos. “12% das pessoas que fizeram o seu primeiro investimento em ETFs na Bolsa o fizeram em ETFs de cripto”, destaca.

É por este motivo que a Hashdex está confiante em alcançar o primeiro lugar entre os investidores, superando o IVVB11, mesmo com o crescente número de lançamentos no mercado de ETFs. “Estamos seguros de que somos a melhor opção para o investidor no universo cripto”.

Paletta, da Monett, acredita que em 2022 os ETFs de criptomoedas devem manter a preferência dos investidores. No entanto, aponta que podem surgir fundos de índices mais temáticos, focados em criptomoedas menores e altcoins.

Apesar de ser o segundo maior em número de cotistas, quando observada a rentabilidade, o HASH11 perde para os pares. Segundo dados da Economatica, desde que foi lançado (em 26 de abril de 2021) até o último dia 11 de janeiro de 2022, o ETF de criptomoedas acumulava queda de 16,12%. O BOVA11, por sua vez, recuava 13,67% no mesmo período, enquanto o IVVB11 tinha alta de 15,92%.

Melhores ETFs para 2022

Além dos ETFs de criptomoedas que devem manter o favoritismo do público, especialistas consultados pelo InfoMoney enxergam oportunidade na renda variável local para 2022. O motivo é que após a desvalorização em 2021, o Ibovespa e o mercado acionário brasileiro se encontram bastante descontados.

Paletta enxerga oportunidades em ETFs que acompanham o Ibovespa, como o BOVA11, BOVV11. O analista também destaca o MATB11, um fundo de índice que reúne exportadoras como Vale, Suzano, Gerdau e Usiminas. “A China deve retomar as exportações favorecendo estas empresas e o desempenho do MATB11”, defende.

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Komura, da Ouro Preto Investimentos, vê oportunidade nos ETFs SMAL11 e BOVA11 para 2022, já nos ativos internacionais, ele acredita que o ETF XINA11 possa entregar bons retornos aos investidores acompanhando a retomada da China.

Por dentro do HASH11

Desde a sua estreia na Bolsa, o HASH11 já passou por alguns rebalanceamentos. Roberta Antunes, chefe de expansão na Hashdex, explica que a carteira do ETF é ajustada trimestralmente.

O fundo de índice tem gestão passiva e replica o Nasdaq Crypto Index (NCI). Atualmente o NCI é composto pelas seguintes criptomoedas: Bitcoin (62,24%), Ethereum (34,15%), Litecoin (0,97%), Chainlink (0,92%), Uniswap (0,53%), Bitcoin Cash (0,48%), Stellar (0,39%) e Filecoin (0,34%).

Roberta explica que a tese do NCI para escolher ativos considera alguns critérios: as criptomoedas precisam ter preços flutuantes e forte potencial de crescimento – ou seja, não podem ser stablecoins, criptoativos que têm paridade com moedas nacionais.

As criptomoedas precisam ser negociadas em pelo menos três corretoras reguladas no mercado americano e ter o suporte de no mínimo dois custodiantes institucionais para garantir que os criptoativos não vão desaparecer. Além disso, precisam ter forte liquidez e representar pelo menos 0,5% do mercado de criptomoedas.

O peso de cada criptomoeda no índice NCI é definido de acordo com seu valor de mercado. A taxa de administração do ETF HASH11 é de 1,3% ao ano.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.