CEO da Binance deixa cargo e empresa pagará multa de US$ 4 bi a reguladores americanos

Corretora paga maior multa da história dos EUA para encerrar investigação por crimes de lavagem de dinheiro, fraude bancária e violações de sanções

Lucas Gabriel Marins Paulo Alves

Publicidade

O fundador e CEO da Binance, Changpeng Zhao, anunciou na tarde desta terça-feira (21) que deixou o cargo na empresa como parte de um acordo selado com reguladores dos Estados Unidos para arquivar uma investigação contra a exchange de criptomoedas. A informação havia sido antecipada mais cedo pelo Wall Street Journal.

Nas redes sociais, Zhao afirmou que a decisão não foi “emocionalmente fácil”. Quem assume o posto é o executivo Richard Teng, que comandava até então as operações da Binance em mercados regionais.

“Como acionista e ex-CEO com conhecimento histórico de nossa empresa, permanecerei à disposição da equipe para consultas conforme necessário, de acordo com a estrutura estabelecida em nossas resoluções com agências dos EUA”, afirmou o sino-canadende de 46 anos.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A Binance admitiu múltiplas violações da legislação americana de combate à lavagem de dinheiro e pagará uma multa de US$ 4,36 bilhões para encerar o caso. Os valores incluem US$ 3,4 bilhões para a Rede de Represesão a Crimes Financeiros (FInCEN) e US$ 968 milhões ao Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), dos EUA.

Em comunicado, o Departamento de Justiça americano afirmou que as violações que recaem sobre a empresa incluem a falha na implementação de programas para prevenir e denunciar transações suspeitas com terroristas, incluindo o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina (PIJ), a Al Qaeda e o Estado Islâmico (Isis), além de hackers e outros criminosos.

Autoridades também apontaram que a companhia permitiu que contrapartes em jurisdições sancionadas como Irã, Coreia do Norte, Síria e região da Crimeia na Ucrânia transacionassem livremente na plataforma.

Continua depois da publicidade

“A Binance fez vista grossa às suas obrigações legais na busca pelo lucro. As suas falhas intencionais permitiram que o dinheiro fluísse para terroristas, cibercriminosos e abusadores de crianças através da sua plataforma”, disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

“As penalidades históricas e o acordo de monitoramento de hoje para garantir a conformidade com as leis e regulamentos dos EUA são um marco para a indústria de moedas virtuais. Qualquer instituição, onde quer que esteja localizada, que queira colher os benefícios do sistema financeiro dos EUA também deve cumprir as regras que nos mantêm a todos protegidos de terroristas, adversários estrangeiros e do crime, ou enfrentar as consequências”, completou Yellen.

Ontem, a Bloomberg revelou que o Departamento de Justiça dos EUA estava buscando US$ 4 bilhões da exchange, a maior do mundo por valor de mercado, para encerrar uma investigação contra a empresa, suspeita de lavagem de dinheiro, fraude bancária e violações de sanções.

Continua depois da publicidade

De acordo com o The Wall Street Journal, o objetivo do acordo, que envolve também o Departamento do Tesouro dos EUA e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), é preservar a capacidade da exchange de continuar operando – o que agora se confirma.

Segundo Zhao, no entanto, a Binance não admitiu o cometimento de fraude com recursos de clientes nem prática de manipulação de mercado, afastando sua empresa do caso FTX.

O acordo ocorre no momento em que a indústria enfrenta um escrutínio crescente do Departamento de Justiça, de outras agências governamentais e legisladores.

Continua depois da publicidade

“Um acordo com uma cláusula de monitoramento poderia proteger os investidores e permitiria à Binance a opção de evoluir para um caminho mais institucional e seguindo normas de compliance”, disse ontem Matt Walsh, sócio fundador da empresa de análise de risco do setor cripto Castle Island Ventures, quando o assunto veio à tona.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney