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Brasil e Estados Unidos vivem momentos distintos em suas políticas monetárias. Enquanto a taxa Selic já entrou em ciclo de queda, ainda não se sabe quando os juros americanos serão cortados. No entanto, os dois mercados têm algo em comum: as oportunidades nos investimentos de renda fixa.
Por aqui, os juros, embora em queda, seguem altos, ainda na casa dos dois dígitos. Mesmo os pós-fixados (atrelados ao CDI), que entregam rentabilidade cada vez menor, ainda são recomendados por especialistas.
Nos Estados Unidos, o referencial de juros está no maior patamar desde 2007 e a renda fixa americana, antes conhecida apenas pela segurança, sem oferecer retornos atrativos, hoje tem ativos com remuneração nas alturas.
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Para o investidor, o desafio é conciliar, na carteira, os momentos distintos das duas economias. Buscar a segurança dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, tomar mais risco no Brasil pode ser um bom caminho, segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney.
Qual a alocação ideal?
Para quem quer começar a investir nos EUA, Marina Renosto, chefe de alocação da Blackbird Investimentos, recomenda separar um espaço de 5% a 10% da carteira. Ela explica que “o principal diferencial da renda fixa lá fora é dolarizar o investimento; o investidor precisa ter o dólar inserido em sua realidade, aí faz sentido uma alocação maior”.
Já Erica Santos, coordenadora da Nova Futura Private, diz que a recomendação para seus clientes é investir de 5% a 15% do portfólio total lá fora. Para a especialista, o momento de maior volatilidade nos EUA já passou e agora o mercado se sente ainda mais seguro em apostar nos ativos americanos. “O rumo dos juros americanos talvez fosse a maior incerteza das muitas que tivemos recentemente, mas, agora, temos uma visibilidade melhorada”, diz Santos.
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Hoje, os principais títulos de renda fixa dos Estados Unidos (e do mundo) pagam entre 5,39% (Treasury de um mês) e 4,43% ao ano (Treasury de 30 anos). O Treasury de 10 anos paga, hoje, 4,28% ao ano. No Brasil, por outro lado, o Tesouro Prefixado 2033 tem rentabilidade anual de 10,92%. A diferença se dá pela confiança que o mercado tem na economia americana, a maior do mundo, que muito dificilmente terá dificuldades para pagar esse tipo de dívida.
Em que investir no Brasil
- Pós-fixados
O mercado de renda fixa dos Estados Unidos trabalha com ativos prefixados, que já mostram ao cliente a rentabilidade total do investimento no momento da compra. No Brasil, a cultura é outra: a maioria dos instrumentos de renda fixa é pós-fixada e varia com a taxa de juros.
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Mesmo que a economia brasileira seja vista com maior desconfiança pelo mundo, o investimento aqui ainda é considerado seguro por especialistas. Por isso, ainda vale a pena colocar dinheiro em CDBs (Certificados de Depósito Bancário), debêntures e títulos públicos, os três instrumentos citados por Renosto como os preferidos da Blackbird no momento.
Entre os títulos públicos, uma recomendação comum entre casas como XP e BB Asset para dezembro é o Tesouro Selic – 2026, que rende a taxa Selic acrescida de 0,1% ao ano, e oferece liquidez diária e aportes que partem de cerca de R$ 140.
No caso de CDBs, é importante levar em conta o comparativo com LCI e LCA, que são isentos de IR, e fazer o cálculo de rendimento do CDB descontando o pagamento do importo, no chamado gross up.
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No caso das debêntures, a preferência é pelas incentivadas (isentas de Imposto de Renda). “Passamos a gostar mais do crédito privado em movimentos de queda da curva de juros, porque lá ainda há um resquício de taxas melhores, inclusive com isenção de IR em alguns ativos”, explica Renosto.
- Prefixados
Apesar de prefixados serem dominantes nos EUA, o momento pode ser propício para o investimento em ativos com remuneração fixada também no Brasil. O motivo é simples: os juros futuros vêm caindo nas últimas semanas, indicando um cenário mais calmo no ambiente interno.
Marina Renosto conta que a Blackbird vem sentindo confiança no cenário local para aumentar a recomendação de alocação em prefixados. “Antes, estávamos muito em CDI, agora nos sentimentos mais confiáveis em aumentar a parcela em prefixados”, diz.
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Em cenário de queda de juros, ativos comprados em momento de alta de taxas tendem a se valorizar, favorecendo a venda antes do vencimento – aproveitando a dinâmica conhecida como marcação a mercado, que envolve a atualização diária dos preços dos ativos.
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Nas carteiras de novembro, o Tesouro Prefixado 2026 e o Tesouro Prefixado 2029, com rentabilidades de 10,63% e 11,18%, respectivamente, apareceram entre os apontamentos de XP e Itaú BBA. Para dezembro, a XP indica um CRA (Certificados de Recebíveis Agrícolas) da Minerva com vencimento em setembro de 2030, e rentabilidade fixada de 11,65% isenta de IR.
Veículos indicados nos EUA
No hemisfério norte, a Avenue concentra recomendações em três instrumentos: bonds, fundos de investimento e ETFs.
O primeiro pode ser emitido pelo governo dos EUA ou por empresas. “Há boas oportunidades em dívida corporativa”, diz José Maria Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue, que complementa: “temos papéis de boa qualidade com retorno alto, como títulos de grandes bancos americanos que pagam 6% ao ano”.
Nos EUA, os títulos bancários são chamados de CDs, equivalentes aos CDBs no Brasil.
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Nos fundos, a ideia é ter diversificação – geográfica e de ativos – e gestão profissional em um só produto. “É uma boa alternativa para quem está pensando no longo prazo”, ressalta Silva.
O profissional relembra que os fundos de renda fixa nos EUA sofreram nos últimos três anos com a desvalorização dos títulos enquanto a economia patinava e os juros subiam, mas o momento atual traz o cenário inverso: hoje, há valorização dos títulos enquanto os juros caem, o que vai favorecer esses fundos nos próximos anos.
Faz sentido usar parte longa da curva (comprar ativos com vencimento em 10 anos ou mais), aproveitar o momento e surfar no juro alto atual.
José Maria Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue
O especialista ainda faz um alerta: o mercado precifica queda de juros nos Estados Unidos a partir de maio, portanto, “os juros vão começar a sair e o trem está saindo da estação, há algum grau de urgência” para investir na renda fixa americana.
Entre os ETFs, o maior do mundo é o BND, da Vanguard – que, recentemente, se tornou o primeiro da história a ultrapassar a marca de US$ 100 bilhões de patrimônio líquido.
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