Brasileiros ganham dinheiro lá fora e perdem aqui, o oposto do que ocorre com os “gringos”; o que explica?

Como operam os gestores dentro e fora do Brasil e o que explica seus resultados

Lucas Collazo

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Caros(as) leitores(as),

Em outras oportunidades, comentei nesta coluna que gosto de acompanhar a indústria de fundos para entender onde os diversos profissionais de investimento do país estão investindo os recursos sob gestão. Olho com maior carinho para os multimercados e os fundos de ações, são temas relevantes para o que fazemos por aqui.

Uma das formas é acompanhar as cartas de gestão dessas casas, mas elas nem sempre são tão atuais. Dada a volatilidade do mercado e as mudanças de cenário, tudo fica velho rápido demais. Dito isso, gostamos de ir além e olhar para o que os dados dizem.

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O gráfico abaixo mostra os principais ativos que gestores multimercado costumam operar. Acima da linha 0, temos posições compradas, abaixo dela, as posições vendidas (ganham com a queda).

Note que os movimentos ocorrem dentro dos seguintes ativos: BRL (dólar contra o real), Ibov (Ibovespa), SPX (S&P 500), T2Y (treasury de 2 anos), T10Y (treasury de 10 anos), Oil (petróleo), Gold (ouro), IMAB (índice de títulos públicos brasileiros atrelado a inflação), IRFM (o mesmo do IMAB, mas para prefixados) e Breakeven 5Y (inflação implícita de 5 anos).

A conclusão aqui é: as principais casas multimercado estão compradas no “kit Brasil”, que consiste em – comprar a Bolsa brasileira (Ibov), apostar na queda dos juros por meio da compra de títulos públicos prefixados e atrelados a inflação (IFRM e IMAB), e apostar na apreciação do real contra o dólar (vendido em USDBRL). É verdade que, ao longo da história, os gestores brasileiros carregaram essa posição:

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Porém, podemos notar que estamos quase no nível de um desvio padrão acima da média. Ou seja, depois de um período longo dessas casas com as principais teses de investimento fora do Brasil, elas voltaram a concentrar suas carteiras em ativos locais.

O que isso realmente quer dizer?

 Ao olharmos para os números de forma “crua”, imaginamos que um otimismo paira no ar do mercado brasileiro. Não é bem assim…

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O cenário fora do Brasil é confuso, especialmente nos Estados Unidos (EUA). Pela visibilidade baixa e o risco elevado, com os preços descontados, a opção foi concentrar em ativos por aqui.

No relativo, parece ser uma escolha melhor. Não necessariamente será algo para longo prazo, mas parece ser uma prova mais interessante a ser feita do que seguir se expondo aos ativos internacionais, sem sucesso, como vimos na primeira metade desse ano, por parte dos multimercados.

O curioso é que, no ano passado, os fundos multimercados ganharam um “caminhão” de dinheiro apostando que os juros nos EUA subiriam, os estrangeiros não conseguiram obter esse mesmo sucesso. Por outro lado, a Bolsa andou no Brasil e os juros “fecharam”, o gringo aproveitou e ganhou dinheiro com isso, os gestores locais não conseguiram desfrutar dessa oportunidade.

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Nós ganhamos lá, eles por aqui. Agora parece que o cenário inverteu, quem será vencedor dessa vez?

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney