Alta de juros nos EUA pode ser tão negativa quanto inflação, diz SPX, que registrou pior novembro do Nimitz

Perdas de quase 5% no mês passado no principal fundo da gestora foram puxadas por posições nos mercados de juros e moedas

Bruna Furlani

Rogério Xavier, da SPX, durante evento da XP em novembro de 2019. Crédito: Divulgação/XP

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Em semana de decisão de política monetária nos Estados Unidos, a carta mensal da renomada gestora SPX, de Rogério Xavier, traz um alerta: “Os efeitos dessa subida tão rápida de 450 pontos-base na taxa dos Fed Funds poderão ser tão negativos para os ativos de risco em 2023, quanto foi a inflação de 2022”.

No documento, a gestora chama atenção para a mudança agressiva de estratégia que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) fez ao longo deste ano, ao sair de uma taxa zero para o patamar de 3,75% a 4% em novembro. Para a decisão de amanhã (14), a expectativa massiva dos agentes é de que a autoridade monetária eleve os juros em 0,50 ponto percentual, o que traria a taxa para a faixa entre 4,25% e 4,50% em dezembro.

Na visão da SPX, é preciso observar que há grande diferença entre o Fed provocar uma recessão profunda e rápida, ou ser capaz de garantir um pouso suave, o chamado soft landing.

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Para a casa, uma desaceleração gradual, aliada a um crescimento menor e queda contínua da inflação, seriam “altamente positivos” para alguns ativos de risco, como crédito e Bolsa. Por outro lado, diz, uma recessão brusca e dura levaria à queda dos lucros das empresas e consequentemente do mercado acionário, além do aumento dos spreads (juros acima dos praticados nos títulos públicos) de crédito.

“Na Europa, nossos economistas anteveem uma queda mais rápida do crescimento, enquanto nos EUA, a persistência da forte geração de empregos faz com que, em nossos cenários, uma recessão na economia americana se inicie mais tarde, e não logo no início de 2023”, destaca a gestora.

Embora tente traçar cenários, a casa não nega que a política monetária do Fed gera uma série de questões críticas sobre os seus possíveis efeitos, já que funciona com “defasagens longas e variáveis”.

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“A taxa dos fed funds de 4,5% produzirá um choque externo no sistema financeiro? Em caso afirmativo, quando? Ou a resiliência do mercado de trabalho e do consumo ajudará a assegurar um pouso suave?”, questiona a SPX no documento.

Apesar de olhar com maior cautela para nações desenvolvidas, a casa mostra-se um pouco mais otimista com a China, que parece deixar para trás a política de Covid zero, que durava desde o começo da pandemia. Tal atitude deve ajudar a reabrir a economia chinesa no primeiro semestre de 2023, o que poderá ter efeito positivo sobre o crescimento global em determinadas regiões, na avaliação da gestora.

Já no Brasil, a SPX resume que a situação parece mais “difícil” após as eleições. Sem tecer críticas mais extensas, a gestora diz apenas que o País prepara uma expansão fiscal agressiva, partindo de um ponto inicial de dívida pública bruta doméstica elevada, em um contexto de desaquecimento global – o que simultaneamente dificulta a queda dos juros reais.

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Olho nas posições

Nesse sentido, a casa diz que está com posições vendidas (que apostam na queda) em bolsas americanas e da Europa, e com alocações compradas (que se beneficiam da alta) em mercados emergentes de forma mais seletiva, além de deter posições relativas em Brasil.

Já no mercado de juros, a SPX conta que está alocação aplicada (que aposta na queda) dos juros em países onde o próximo movimento dos bancos centrais deve ser de corte das taxas, ao mesmo tempo em que mantém posições tomadas (que se beneficiam da alta) de juros em nações mais atrasadas no ciclo de aperto monetário.

Ao comentar sobre o mercado de moedas, a gestora diz que está sem posições relevantes no momento. Com relação a commodities, a SPX afirmou que tem alocação vendida em metais industriais e que encerrou exposição que se beneficia do recuo nos preços de metais preciosos.

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Já no mercado de crédito desenvolvido, a casa reduziu as posições vendidas em índices corporativos, enquanto manteve exposições aplicadas na parte curta de crédito com grau de investimento. A SPX também informou que comprou recentemente papéis de alta qualidade e com retornos atrativos.

Enquanto isso, no mercado de crédito emergente, a gestora alega que aumentou o risco do portfólio por meio da alocação em títulos de dívida (bonds) com preço atrativo, especialmente no setor de energia e petróleo, e reduziu a posição vendida utilizando instrumentos líquidos como índices.

Retorno do Nimitz

Embora acumule um retorno de 21,56% neste ano, o que caminha para ser o segundo melhor resultado anual desde que foi aberto, o mês de novembro foi especialmente difícil para o fundo Nimitz.

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No mês passado, a carteira registrou perdas de 4,97%, bem acima dos ganhos de 1,02% registrados pelo CDI no mesmo período. Com isso, o desempenho em novembro foi o pior para o mês desde que o fundo iniciou as operações, em dezembro de 2010.

Segundo a carta da gestora, a performance negativa do mês passado foi puxada por posições nos mercados de juros e moedas. Alocações em ações, commodities e crédito apresentaram perdas, mas em menor magnitude, conforme o documento.