Adiamento da recessão afeta retorno de fundo Verde, que volta a fechar semestre abaixo do CDI após 2 anos

Em carta divulgada nesta semana, a gestora culpou a batalha travada entre os mercados e o consenso como o grande detrator do resultado

Bruna Furlani

Luis Stuhlberger (Foto: Germano Lüders)

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O primeiro semestre deste ano foi complicado para boa parcela da indústria de multimercados e nem mesmo o renomado fundo Verde, da gestora comandada por Luis Stuhlberger, conseguiu escapar da maré negativa e terminar o período com retornos acima do CDI.

No acumulado do ano até junho, o fundo Verde avançou 4,91%, contra 6,50% do CDI. Em carta divulgada nesta semana, a gestora culpou a batalha travada entre os mercados e o consenso como o grande detrator do resultado.

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“No começo do ano, a maioria dos participantes – gestores, analistas, economistas e por aí vai – esperava uma recessão global, com má performance dos ativos de risco”, afirmou a gestora. “O placar ao fim do primeiro semestre não poderia ser mais contrário a esse consenso: S&P 500, com avanço de 15,9%, Nasdaq, com alta de 38,8%, Eurostoxx, com 16,0%, Nikkei, com 27,2%”, completou.

Na visão da gestora, o forte avanço registrado pelos mercados acionários no começo deste ano é explicado por alguns fatores: balanços melhores do que o esperado em termos de lucro, maior robustez da economia americana, diminuição da pressão de custos, posicionamento leve dos investidores, além do avanço de ações mais ligadas à inteligência artificial.

“O tema da inteligência artificial catalisou um otimismo importante, em especial em algumas das maiores empresas do mercado americano, empurrando os múltiplos para cima e criando um círculo virtuoso”, destaca a casa.

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A gestora lembra que o movimento visto neste ano foi diferente de anos anteriores. Segundo a casa, historicamente, tais movimentos são interrompidos quando o juro real alcança um nível que torna o mercado frágil, ou quando os fundamentos econômicos e de lucratividade das empresas contradizem fortemente a precificação do mercado.

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Após sofrer com a forte alta dos principais índices acionários do mundo no primeiro semestre e de olho em uma correção dos ativos de riscos, a casa diz que voltou a ter exposição vendida (que se beneficia da queda) em Bolsas globais.

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Juros

As surpresas, porém, não ficaram restritas ao mercado acionário. A Verde conta que também foi surpreendida com a alta das taxas de juros ao redor do mundo.

Nos cálculos da gestora, a taxa de juros de dois anos nos Estados Unidos avançou 47 pontos-base no semestre, enquanto as taxas de dois anos da Alemanha subiram 43 pontos-base.

A única exceção nesse caso, lembra a gestora, foi o Japão, onde que os juros caíram nesse primeiro semestre. O fundo está com uma posição tomada (que se beneficia da alta) em juros no país.

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Entre as mudanças no portfólio de maio para junho, a casa cita a montagem de uma posição aplicada (que se beneficia da queda) do juro real nos Estados Unidos, além de uma redução substancial de compra de inflação no país. A Verde também afirma que manteve uma alocação tomada em juros na parte curta da curva americana.

Brasil

Embora esteja com uma visão de que as taxas de juros sigam em alta no curto prazo nos Estados Unidos, a Verde acredita que os sinais apontam para o início do ciclo de corte de juros, a partir de agosto, no Brasil. A gestora, porém, não especificou quanto que deve ser o corte.

Na semana passada, a Legacy Capital, outra gestora renomada, deu a entender que o ritmo adotado pelo Banco Central poderia ser mais elevado do que o esperado.

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“A convergência da inflação à meta sugere haver espaço para um ajuste de juros superior a 400 pontos, o que permitiria ao BC iniciar o ciclo a um ritmo mais significativo”, disse.

Apesar de acreditar que o ciclo de cortes deva começar em agosto, a Verde avalia que o movimento de volta ao risco tem sido mais tímido. A casa espera que ele se torne mais intenso, à medida em que o juro cair de fato.

Além do recuo da Selic, a Verde lembra que o momento é mais favorável para o mercado de capitais, tanto de ações como de dívidas, que reabriu e que apresenta oportunidades “interessantes” de alocação.

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Em junho, a casa disse que detinha uma posição relevante em ações brasileiras e que manteve a alocação comprada em inflação implícita no Brasil.

Posições em crédito high yield (maior retorno e maior risco) locais e globais também foram mantidas na carteira do mês passado.