Ações, FIIs ou FI-Infra para receber dividendos todo mês? Especialistas destacam melhor opção para 2023

Rendimentos podem chegar até 16%; nas ações, 2023 promete novo recorde de pagamentos, diz Tiago Reis

Katherine Rivas

Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, Maria Fernanda Violatti, analista de fundos listados da XP, e Tiago Reis, fundador da Suno Research (Imagem: Leo Albertino)

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Com um cenário macroeconômico e fiscal conturbado, agentes de mercado projetam inflação elevada para o final de 2023 – de 5,39%, segundo o último Relatório Focus, do Banco Central. Para os juros, a expectativa é de que a Selic feche o ano em 12,25% ao ano. Neste contexto, alguns ativos que geram renda passiva periódica tendem a se beneficiar, como os fundos imobiliários de “papel” e os Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra).

Para as ações que pagam dividendos, o cenário ainda é considerado otimista, com possível recorde na distribuição de proventos aos acionistas, segundo especialistas. Mas afinal, qual é a melhor alternativa para quem busca receber renda todo mês?

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Segundo Tiago Reis, fundador da Suno Research, algumas companhias devem contribuir com a renovação dos proventos recordes em 2023. Vale lembrar que em 2022, até setembro, as empresas listadas na B3 distribuíram um total de R$ 301,2 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP). O valor representava mais de 96% dos R$ 313,014 bilhões distribuídos durante 2021 inteiro, segundo levantamento da plataforma TradeMap.

Mas a Petrobras foi responsável por mais da metade, com R$ 173,415 bilhões. Entre outras razões, isso se deveu ao payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) da empresa, muito próximo de 100%. Para Reis, isso não deve acontecer em 2023. Ele acredita que o payout deve diminuir. Fora isso, a baixa nos preços do petróleo, que chegaram a US$ 120 o barril em 2022 e hoje negociam próximo a US$ 80, também deve ajudar a encolher os proventos.

Apesar disso, Reis projeta que a Petrobras irá lucrar em 2023 algo em torno a R$ 8 ou R$ 9 por ação. “Se a companhia distribuir pelo menos 50% do lucro, ainda será um dividendo interessante, que representa quase 18% sobre o preço da ação” avalia. “É muito raro na história da Petrobras ter um dividendo dessa magnitude”.

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Em relação a Vale (VALE3), Reis aposta que será uma grande pagadora de dividendos neste ano, puxada pela valorização do minério de ferro, que saltou de US$ 90 para US$ 120 a tonelada nas últimas semanas.

Os bancos também devem ter a sua parcela de contribuição, segundo Reis, embora seja necessário medir o impacto do caso Americanas (AMER3), nos seus balanços, caso estes sejam credores ou tenham investimentos atrelados à varejista.

As estimativas do JP Morgan e do Citi são de que o BTG tenha R$ 1,9 bilhão em exposição real à Americanas, que representava cerca de 1,5% de seus empréstimos, enquanto a exposição do Bradesco ronda 0,5% dos empréstimos. O Santander tinha R$ 3,7 bilhões em risco, ou cerca de 0,6% dos empréstimos. Segundo o Citi, os três bancos devem ser os mais atingidos.

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“Acredito que o setor de bancos reflita um pouco deste conflito nas suas distribuições, mas ainda assim devem pagar bons dividendos”, destaca Reis.

Sobre as empresas de energia elétrica, tradicionais boas pagadoras, a perspectiva também é otimista. Reis destaca que as companhias devem concorrer em novos leilões de transmissão e, a depender de quem vencer os lotes, podem precisar reduzir temporariamente os dividendos para investir nos projetos – o que, por outro lado, lhes permitirá oferecer proventos ainda mais elevados no futuro.

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Nos FIIs, retornos acima de 15%

Maria Fernanda Violatti, analista de fundos imobiliários e fundos listados da XP, destaca que com uma inflação elevada em 2023, por conta do risco fiscal, os juros devem começar a arrefecer apenas em 2024.

Diante disso, os fundos imobiliários (FIIs) de “papel” – que investem em títulos de renda fixa como CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários) normalmente indexados a indicadores de inflação – devem seguir com dividendos robustos, com spread de 4% acima da Selic atual, de 13,75% ao ano. Ou seja, o retorno superaria com facilidade os 15% vistos este ano.

A analista afirma também que nos períodos em que houve deflação no ano passado, alguns FIIs ficaram descontados, o que gerou oportunidades aos investidores em ganhos de capital.

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Nos FI-Infra, juros podem chegar a 16%

Embora existam poucos na Bolsa, cerca de dez, os FI-Infra estão ganhando adeptos, por conta dos rendimentos pagos mensalmente.

Estes fundos permitem ao investidor ter acesso a uma cesta de debêntures incentivadas, por meio da aquisição de cotas na Bolsa. As debêntures incentivadas são títulos de dívida, por meio dos quais o investidor empresta seu dinheiro para financiar projetos de infraestrutura no País. Os recursos são captados principalmente por empresas de setores como energia, saneamento básico, rodovias, telecomunicações, transporte, entre outros.

Ulisses Nehmi, CEO da gestora Sparta Investimentos, destaca que a indústria de FI-Infra totaliza cerca de R$ 6 bilhões sob gestão, um valor pequeno considerado o estoque de R$ 200 bilhões em debêntures incentivadas, segundo ele. “A indústria tem muito espaço para crescer e a isenção de Imposto de Renda faz uma diferença enorme nos rendimentos”, diz.

Com os juros elevados, Nehmi projeta que os FI-Infra teriam capacidade de entregar retornos de até 16% ao ano em rendimentos, o que se potencializaria com a ausência do imposto.

Ele destaca que existe um cenário muito favorável para o setor de infraestrutura, pois a maioria das companhias têm as receitas corrigidas pela inflação, um ponto a favor neste momento. “É um setor regulado, estável e previsível para retornos no longo prazo”, aponta.

Nehmi cita que mesmo na possibilidade de os dividendos virem a ser tributados, os FI-Infra provavelmente seriam poupados, assim como as debêntures incentivadas, dada a necessidade do governo de potencializar o crescimento do segmento.

Tanto os FIIs como os FI-Infra oferecem ao investidor a possibilidade de ter uma renda mensal recorrente. No caso das ações, isso depende da frequência de distribuições estabelecida na política de cada empresa. Poucas pagam dividendos mensais. Mas, segundo Reis, com uma carteira diversificada de ações, intercalando pagamentos, é possível receber renda todo mês das empresas listadas na Bolsa.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.