6 ações de dividendos indicadas para abril; Vale (VALE3) amplia liderança e Engie (EGIE3) assume 2º lugar

Taesa (TAEE11) e Telefônica Brasil (VIVT3) deixam a lista

Márcio Anaya

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O índice de dividendos da Bolsa (Idiv) caiu 2% em março, fechando em 6.862 pontos. Apesar de perder o patamar de 7 mil pontos, a queda foi menor do que a do Ibovespa, que recuou 3% no intervalo. Com isso, a performance acumulada no primeiro trimestre ficou negativa em 4% no caso do Idiv, ante desvalorização de 7,2% do principal indicador da B3.

Além de incertezas econômicas, os especialistas encontraram desafios também do ponto de vista de fundamentos, com os balanços do quarto trimestre de 2022 trazendo resultados “fracos”, segundo avaliações preliminares de algumas casas de análise.

Nesse cenário, as revisões para abril mostram uma concentração ainda maior nos setores de energia elétrica e bancos, além do predomínio da Vale (VALE3) nas carteiras recomendadas de dividendos. A mineradora segue no topo do ranking, agora com sete indicações.

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Outro destaque é a Engie (EGIE3), que assumiu a vice-liderança isolada ao alcançar seis apontamentos no geral. O terceiro lugar no levantamento é do Banco do Brasil (BBAS3), com cinco escolhas.

O bloco seguinte repete alguns destaques vistos no mês passado, com Auren Energia (AURE3), CPFL Energia (CPFE3) e Itaú Unibanco (ITUB4), todas com quatro recomendações em abril.

Com uma substituição cada, Taesa (TAEE11) e Telefônica Brasil (VIVT3) deixaram o rol das mais indicadas, no comparativo com março.

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De maneira geral, a conjuntura não é das melhores na Bolsa, mas os valuations (avaliações sobre as companhias) são muito atrativos para serem ignorados, diz o BTG.

“Em suma, o ambiente de investimentos não está tão amigável, principalmente no Brasil, o que sugere cautela”, afirma o banco. “Por outro lado, os valuations são extremamente baratos — o prêmio para manter ações (em 5,8%) é o mais alto dos últimos 13 anos — e mesmo que o novo quadro fiscal não seja o ideal, temos agora as diretrizes para uma regra que pode ser vista como um primeiro passo para alguma responsabilidade fiscal.”

Olhando o mercado internacional, a BB Investimentos comenta que os dados econômicos da China divulgados até o momento foram mistos, com potencial para surpresas positivas à frente – o que pode ajudar a recompor o preço das commodities no curto prazo.

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Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – como ocorreu agora. A análise engloba os portfólios divulgados por dez corretoras.

Veja a seguir as companhias selecionadas para abril:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Dividend yield em 12 meses (%) Retorno em março (%) Retorno em 2023 (%)  Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 7 5,95 -3,83 -7,68 -9,42
Engie EGIE3 6 5,10 2,27 6,05 -1,97
Banco do Brasil BBAS3 5 12,42 -2,05 15,93 26,23
Auren Energia AURE3 4 0,63 -0,88 -0,41 -7,62
CPFL Energia CPFE3 4 10,05 4,49 -4,67 7,74
Itaú Unibanco ITUB4 4 4,61 -1,53 0,30 -5,30

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

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Vale (VALE3)

A empresa foi a única novidade escolhida pela Genial para compor as recomendações de dividendos do mês. Com a estreia, a mineradora alcançou sete indicações e permanece na liderança geral.

Em relatório, a BB Investimentos comenta que, apesar das incertezas sobre a demanda de minério de ferro na China, os preços da commodity têm se mantido em patamar elevado, o que deverá contribuir para a entrega de um “resultado satisfatório” da Vale no primeiro trimestre deste ano – considerando também as perspectivas favoráveis para o cenário de custos.

“Além disso, a despeito dos diversos projetos em andamento, a companhia mantém como uma de suas prioridades a estratégia de retorno de caixa aos acionistas, por meio de sua política de dividendos e programas de recompra”, ressalta a corretora.

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Na Ágora Investimentos, a avaliação é de que os estoques reduzidos de minério, sobretudo entre as siderúrgicas chinesas, devem sustentar os preços do produto em níveis altos.

“A Vale deve se beneficiar diretamente desse ambiente positivo, com melhora da dinâmica dos lucros (mesmo considerando volumes mais fracos, em 57 milhões de toneladas no primeiro trimestre, devido às fortes chuvas) e perspectivas de remuneração dos acionistas”, diz a instituição.

Pelos cálculos da Ágora, os dividendos e recompras de ações da Vale devem totalizar US$ 10 bilhões nos próximos 12 meses.

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Engie (EGIE3)

A companhia vem ganhando espaço nas carteiras de dividendos neste ano. No balanço de abril, a elétrica ocupa sozinha o segundo lugar entre as preferidas dos analistas.

“Continuamos a acreditar que a distribuição de dividendos da Engie deva se manter no patamar de 100% dos lucros em 2023, tendo em vista a situação confortável de caixa da companhia”, afirma a XP Investimentos – que estima o retorno médio com dividendos em 10,6% neste ano.

A instituição relembra que a Engie é a maior produtora privada de energia elétrica do país, com capacidade instalada própria de 10.791 MW, em 72 usinas, o equivalente a 6% da capacidade nacional.

“Além do segmento de geração de energia, a Engie possui ativos nos setores de transmissão e transporte de gás, agregando resiliência e diversificação ao portfólio da companhia.”

Banco do Brasil (BBAS3)

A instituição financeira sustentou as cinco indicações recebidas no mês passado e permanece na lista de destaques, agora na terceira colocação.

“Portfólio defensivo, rentabilidade melhorada e um dividend yield [taxa de retorno com dividendos] de dois dígitos como a cereja do bolo.” É assim que a XP resume a avaliação do banco em seu relatório de abril.

Na opinião da corretora, a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, a partir de um aumento da fatia do lucro destinada aos investidores, levando em conta os seguintes aspectos: maior capitalização, manutenção da tendência positiva de lucros e perfil defensivo da carteira de crédito – com baixa inadimplência e um índice de cobertura acima de 90 dias em níveis confortáveis.

Com isso, o BB possui a operação mais resiliente entre seus pares, considerando um ambiente macroeconômico desafiador no curto prazo, diz a XP.

“Além disso, o banco também é menos dependente de volumes de varejo e tem uma base de clientes mais protegida.”

Auren Energia (AURE3)

Novidade no levantamento de março, a Auren segue no rol das preferidas dos especialistas, abrindo o bloco das empresas empatadas com quatro indicações no mês.

Uma das maiores geradoras de energias renováveis do País, o BTG destaca o fato de a companhia estar sendo negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) real de 14,5%.

“A Auren é uma operadora de alto nível, com uma boa equipe de gestão, com muita disciplina de alocação de capital”, afirma o banco, lembrando que o grupo tem enfatizado que não pretende crescer a qualquer custo, ou seja, não deverá adquirir ativos com retornos pouco atraentes.

A instituição lembra que, com a homologação de uma indenização relativa à usina Três Irmãos, a Auren anunciou um pagamento de R$ 1,5 bilhão em dividendos, com um retorno aproximado de 10%, “que pode ainda ser acompanhado de um pagamento adicional de mais R$ 1,5 bilhão no fim de 2023 (um yield combinado de aproximadamente 20%)”.

O acordo diz respeito a uma indenização de R$ 1,7 bilhão fechada com o governo federal, com pagamento previsto em sete anos, em 84 parcelas mensais e consecutivas, a partir de outubro de 2023. Atualizada pela taxa básica de juros (Selic), a cifra fica perto de R$ 4,1 bilhões.

CPFL Energia (CPFE3)

A empresa também se manteve com quatro indicações por parte dos analistas.

Em sua análise, a Santander Corretora ressalta o expressivo retorno com dividendos esperado para os próximos três anos (de 15,3%, em média) e diz acreditar que a companhia possa fazer distribuições extraordinárias caso o governo decida tributar esses proventos.

Segundo a instituição, a CPFL está bem posicionada no mercado em todos os segmentos. Na distribuição, atua em regiões com baixo índice de inadimplência e de perdas, enquanto na geração existe uma exposição pequena aos preços de energia de longo prazo e GSF (uma medida de risco hidrológico).

“Na transmissão, além de suas características de proteção contra a inflação e fluxo de caixa estável e previsível, acreditamos que a empresa poderia aumentar as receitas por meio de um novo capex [investimento em bens de capital].”

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição fecha a lista de destaques de abril, presente também em quatro portfólios recomendados.

“O Itaú continua sendo a nossa Top Pick entre os bancos brasileiros, apresentando forte crescimento comercial nos últimos 18 meses, impulsionado por uma transformação cultural”, diz o BTG.

Para 2023, os analistas da casa estimam um aumento de 15% no lucro líquido do Itaú, após alta de 20% no ano passado.

“Em nossas reuniões recentes com a administração, eles disseram que estão preparando o terreno para ter um desempenho claramente superior nos próximos 5 a 10 anos”, comentam os especialistas.

Na avaliação do BTG, o Itaú há muito tempo é visto como o banco premium do Brasil. Nessa condição, somado ao valuation atraente e exposição a uma carteira de crédito mais defensiva diante da inadimplência crescente, a instituição é considerada uma das principais teses de investimento no setor financeiro.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney