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O Carnaval retorna às avenidas do Brasil após dois anos de restrições por conta da pandemia de Covid. Na primeira edição novamente “100%” da festa popular, empresas e produtores culturais demonstram grande expectativa com o evento, que deverá movimentar mais de R$ 8 bilhões neste ano e atrair centenas de milhões de dólares de estrangeiros que desembarcam no Brasil para a festa. Ao todo, o Ministério do Turismo estima que 46 milhões de pessoas deverão pular o Carnaval 2023 no país.
“É um Carnaval muito especial e nos emociona muito poder retornar. Uma festa para todos. Esses dois anos foram um período em que nos reinventamos, é quase um novo começo”, comemora Rogério Oliveira, fundador da produtora Pipoca, que promove blocos do Carnaval de rua nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Olinda (PE) e Belo Horizonte (MG).
Além de ter sido o último grande momento de confraternização antes da pandemia, o Carnaval é também um importante motor da economia, sendo uma parte expressiva da receita de empresas que trabalham na produção e na comercialização de eventos.
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Entre 2021 e 2022, diversas capitais não autorizaram comemorações de Carnaval em medidas para controlar a Covid, o que acabou tirando uma fonte de renda para a economia nesses últimos dois anos. Com a vacinação ganhando tração neste ínterim e a curva de contágio se estabilizando em níveis baixos, a festa popular foi novamente autorizada. E a tendência é de retomada na geração de receita.
“O Carnaval é o nosso pico de vendas e é onde concentramos nossos principais esforços. Para nós, o Carnaval já começou em dezembro”, afirma Tereza Santos, CEO da Sympla, líder no segmento de vendas online de ingressos, controlada pela Movile.
A expectativa é de que o Carnaval movimente R$ 8,2 bilhões, um avanço de 26,9% sobre 2022, mas ainda 3,3% abaixo do registrado em 2020, o último pré-pandemia. Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pelo levantamento, o resultado financeiro só não é melhor em função do momento de alta taxa de juros no país, em um movimento de aperto monetário para conter a inflação.
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Ainda de acordo com a CNC, cerca de 85% da receita deve ser gerada por três segmentos: bares e restaurantes (com movimentação esperada de R$ 3,63 bilhões), transporte de passageiros, segmento que pode beneficiar empresas listadas como Latam, Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), (R$ 2,35 bilhões), e serviços de hotelaria e hospedagem (R$ 890 milhões).
Empresas de lazer e cultura têm expectativa de movimentar R$ 780 milhões, enquanto R$ 530 milhões virão de outros segmentos, como aluguel de veículos, em que há grandes players como Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3), e agências de viagens, como CVC (CVCB3) e Decolar (DESP).
O fluxo de dólares também deverá ser relevante, mas não há uma estimativa oficial. Como efeito de comparação, em 2020, cerca de 670 mil turistas vieram ao Brasil para o Carnaval, trazendo ao país US$ 478 milhões.
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Os milhões e bilhões no Carnaval de rua
Nas ruas das principais capitais do país, os “bloquinhos” e trios deverão garantir a festa de milhões de pessoas, com bilhões de reais em jogo. Em São Paulo, que na última década se tornou referência no Carnaval de rua, a expectativa é de que 15 milhões de pessoas participem dos blocos na capital, com receita esperada de R$ 3 bilhões.
“O Carnaval de rua em São Paulo se tornou uma grande força econômica e isso nos ajuda a financiar um espetáculo cada vez maior”, afirma Rogério Oliveira, fundador da Pipoca.
Para este ano, a Pipoca deverá reunir mais de 1 milhão de pessoas no Parque do Ibirapuera com shows de artistas de renome, como Alceu Valença, Chico César, Maria Rita e Monobloco. No pós-Carnaval, público parecido deverá ser visto em shows do grupo BaianaSystem e da cantora Petra Gil.
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Para bancar a estrutura e o cachê para esses cantores, Oliveira destaca a necessidade de patrocinadores – no caso da Pipoca, empresas como Ambev (ABEV3), Hypera (HYPE3) e Movile investem nos shows. Segundo especialistas de mercado, o investimento em cada show pode girar em torno de R$ 500 mil.
“A gente não acha que o dinheiro é um ‘diabo’. Existe algum preconceito na área cultural com a questão financeira, mas é o dinheiro que permite fazer um grande show e gerar empregos durante o Carnaval”, lembra Rogério Oliveira, que deverá empregar 1,6 mil pessoas direta e indiretamente nos dias de folia.
Para além de São Paulo, o Carnaval de rua no Rio de Janeiro tem expectativa de receber 5 milhões de pessoas, podendo girar cerca de R$ 1 bilhão. No Carnaval como um todo, considerando eventos fechados, a expectativa é chegar a R$ 5 bilhões.
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Na Bahia, um dos principais Carnavais do mundo, a previsão é receber em torno de 800 mil turistas, que deverão ajudar a circular R$ 2,4 bilhões no estado, segundo a Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio-BA).
Na Sympla, evento é pico de vendas
Além das festas de ruas, os eventos privados, como festas, blocos e trios que cobram ingresso, também geram muito dinheiro. Para a Sympla o Carnaval é o ponto máximo da operação. Tereza Santos, CEO da Sympla, lembra que o retorno do Carnaval à sua plenitude será uma grande alavanca para impulsionar o faturamento da empresa no ano fiscal 2022/23, que se encerra em março.
A expectativa da empresa é alcançar R$ 1,8 bilhão em volume bruto transacionado (GMV, em inglês), representando um aumento de 80% sobre 2021/22, ciclo ainda afetado pela pandemia.
Além da retomada dos diversos eventos culturais desde a crise sanitária, o incremento de receita também tem muito a ver com o retorno da festa popular. “Para este ano, estaremos presentes em eventos em cerca de 3,3 mil cidades do Brasil. É uma operação extremamente complexa, mas que estamos ansiosos em retomar”, reforça a executiva.
Empregos criados
A expectativa da CNC é que a demanda extra por serviços turísticos no Carnaval deva gerar 24,6 mil vagas temporárias neste ano. A expectativa é que sejam contratados 4,4 mil cozinheiros, 3,45 mil auxiliares de cozinha e 2,21 mil profissionais de limpeza. São 9,4 mil postos a mais do que em 2021, mas 1,5 mil a menos que no último Carnaval antes da pandemia.
A maior quantidade de vagas temporárias para os festejos ocorreu em 2014, quando a proximidade entre o evento e a Copa do Mundo do Brasil estimulou a contratação de 55,6 mil profissionais.
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