Investimento de capital de risco caem pela metade no segundo trimestre nos EUA, diz relatório

Os próprios VCs também estão com dificuldades de arrecadação de fundos, levantando apenas US$ 33,3 bilhões nos EUA em 2023, o pior valor desde 2017

Bloomberg

(Foto: Pexels/RODNAE Productions)

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(Bloomberg) — Os investidores de capital de risco estão financiando menos startups, especialmente nos estágios iniciais da vida de uma empresa, de acordo com novos dados da empresa de pesquisa PitchBook.

Nos EUA, os investidores fecharam 3.011 acordos de financiamento de startups no último trimestre, cerca de um terço a menos do que um ano atrás. E eles gastaram muito menos dinheiro: US$ 39,8 bilhões, uma queda de quase metade em relação ao mesmo período do ano passado. “Retire os mais de US$ 6,5 bilhões que os investidores gastaram na empresa de pagamentos Stripe e o total parece ainda pior”, disse Kyle Stanford, analista da PitchBook.

A maior queda é vista entre os investimentos de ‘ anjos’ ou ‘seed’, financiamento para startups geralmente ainda na fase de criação e conceito. Nessa categoria, houve metade dos acordos de financiamento do ano anterior. Essas primeiras rodadas de financiamento – quando as empresas jovens recebem fundos ou minguam – são consideradas críticas para a saúde do ecossistema de empreendimentos.

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Mas os números de negócios mais baixos não são apenas más notícias, disse Stanford. Nos dias inebriantes do boom da pandemia, havia “provavelmente muitas” startups levantando dinheiro e o mercado financeiro não teria capacidade de sustentar tantas ofertas públicaas, disse ele. “Começar essas empresas mais lentamente é provavelmente saudável.”

O financiamento para startups maiores e mais próximas dos mercados públicos não foi tão afetado, contudo. Nessa categoria, os investidores financiaram 210 negócios nos Estados Unidos no trimestre, ante 196 no ano anterior. No entanto, mais não significa melhor, disse Stanford. Muitos desses negócios foram rodadas de pequena extensão, usadas para permitir que as startups levantassem mais dinheiro, mantendo os seus valuations em patamares mais altos do que seriam se essas startups levantassem dinheiro de forma mais tradicional.

Os números sinalizam a continuação de uma queda que já dura muitos meses para empresas privadas de tecnologia. No ano passado, quando as altas taxas de juros colocaram o setor em turbulência, as startups demitiram funcionários e reduziram seus valuations à medida que o financiamento de capital de risco caiu. Agora, mesmo quando as empresas de tecnologia de capital aberto voltaram ao mercado de ações, os mercados privados ainda estão sentindo o impacto da queda.

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Globalmente, as startups levantaram US$ 87,4 bilhões, abaixo dos US$ 152,9 bilhões do ano anterior. O caixa foi para 10.571 transações, ante 12.696 no ano anterior. Os números do PitchBook não incluem a rodada de financiamento de US$ 10 bilhões para a OpenAI, disse uma porta-voz, porque foi um investimento corporativo que representou uma participação quase majoritária.

Um problema para as empresas privadas é que ainda existem relativamente poucas grandes ofertas públicas iniciais (IPOs) e grandes aquisições (M&As). O valor das saídas – transações nas quais as empresas são adquiridas ou abrem o capital – caiu para US$ 51,5 bilhões globalmente no segundo trimestre, constatou a PitchBook. A maior parte desse valor estava concentrada na Ásia. Nos Estados Unidos, o valor total das saídas foi de apenas US$ 5,5 bilhões – em grande parte por causa de um mercado sombrio de IPOs.

Em tempos econômicos melhores, as startups estavam focadas no crescimento acima de tudo, mas agora o sentimento do investidor mudou. “Os investidores estão olhando para isso dizendo: ‘Não é nisso que eu quero investir’”, disse Stanford. “Eles estão dizendo: ‘Quero investir em uma empresa que tenha alguma aparência de caminho para a lucratividade”.

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Os próprios VCs também estão vendo um clima de arrecadação de fundos mais apertado. As empresas de capital de risco levantaram apenas US$ 33,3 bilhões nos Estados Unidos este ano, a caminho do menor total desde 2017. Um ponto positivo foi a Ásia, onde os fundos de risco levantaram dinheiro quase no mesmo nível de 2022.

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