Fornecimento de ajuda a Gaza é interrompido novamente, ONU diz que fome é iminente

Com a guerra prestes a entrar em sua sétima semana, não há nenhum sinal de abrandamento

Reuters

Voluntários carregam alimentos e suprimentos em caminhões em um comboio de ajuda humanitária em 16 de outubro no Sinai do Norte, Egito (Bloomberg)

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GAZA/JERUSALÉM (Reuters) – As entregas de ajuda da ONU para Gaza foram suspensas novamente nesta sexta-feira devido à escassez de combustível e à paralisação das comunicações, agravando o sofrimento de milhares de palestinos famintos e desabrigados enquanto as tropas israelenses lutavam contra os militantes do Hamas no enclave.

O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) disse que os civis enfrentam a “possibilidade imediata de fome” por falta de alimentos.

A agência de notícias palestina WAFA disse que vários palestinos morreram e outros ficaram feridos em um ataque israelense que atingiu um grupo de pessoas desalojadas perto da passagem de fronteira de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egito – o ponto de trânsito para ajuda.

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Segundo a TV Al Jazeera, fontes disseram que nove pessoas foram mortas no ataque.

Não houve comentário imediato de Israel sobre o ataque relatado e a Reuters não pôde verificá-lo.

Israel afirmou que suas tropas haviam encontrado um túnel usado pelo Hamas no hospital Al Shifa, no norte da Faixa de Gaza.

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O hospital, lotado de pacientes e pessoas deslocadas e com dificuldades para continuar funcionando, tornou-se um dos principais focos de preocupação global. Israel diz que o Hamas armazenou armas e munições e mantém reféns em uma rede de túneis sob hospitais como o Shifa, usando pacientes e pessoas que se abrigam lá como escudos humanos. O Hamas nega isso.

Com a guerra prestes a entrar em sua sétima semana, não há nenhum sinal de abrandamento, apesar dos apelos internacionais por um cessar-fogo ou, pelo menos, por pausas humanitárias.

O conflito foi desencadeado por um ataque transfronteiriço realizado por militantes do Hamas em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 israelenses, a maioria civis, no dia mais letal dos 75 anos de história do Estado.

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Mais de 11.500 palestinos, dos quais pelo menos 4.700 são crianças, já foram mortos no ataque militar de retaliação de Israel à Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino – um número que supera em muito os conflitos dos últimos anos.

Israel prometeu exterminar o grupo militante. Bairros inteiros de Gaza foram arrasados por ataques aéreos e de artilharia, centenas de milhares de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas e a situação humanitária é catastrófica, segundo as agências de ajuda humanitária.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), citando dados palestinos, afirmou que os ataques israelenses destruíram ou danificaram pelo menos 45% das unidades habitacionais de Gaza.

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CAMINHÕES SUSPENSOS

As Nações Unidas disseram que não haveria nenhuma operação de ajuda transfronteiriça na sexta-feira devido à escassez de combustível e à paralisação das comunicações. Pelo segundo dia consecutivo, nenhum caminhão de ajuda chegou a Gaza por falta de combustível para a distribuição de ajuda.

Uma fonte de segurança egípcia disse que três caminhões de combustível estavam prontos para atravessar do Egito para Gaza na sexta-feira, mas uma autoridade de ajuda humanitária dentro do enclave afirmou que não havia confirmação de que mais combustível seria trazido.

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Quase toda a população de Gaza está precisando desesperadamente de assistência alimentar, disse a diretora executiva do PMA, Cindy McCain.

“Com o inverno se aproximando, abrigos inseguros e superlotados e a falta de água potável, os civis estão enfrentando a possibilidade imediata de fome”, declarou ela em um comunicado.

Um representante de direitos humanos da ONU disse que Israel precisa permitir a entrada de água e combustível em Gaza para retomar a rede de abastecimento de água.

“Cada hora que passa com Israel impedindo o fornecimento de água potável na Faixa de Gaza, em uma violação descarada do direito internacional, coloca os habitantes de Gaza em risco de morrer de sede e doenças”, disse Pedro Arrojo-Agudo.

A Organização Mundial da Saúde declarou na sexta-feira que estava muito preocupada com a disseminação de doenças em Gaza, citando mais de 70.000 casos registrados de infecções respiratórias agudas e mais de 44.000 casos de diarreia, muito mais do que o esperado.