Sem espaço para altas? As ações que tiveram recomendações de compra cortadas após fortes ganhos no 1º semestre

JPMorgan revisou a recomendação para diversas ações, com destaque para Yduqs e Locaweb, enquanto Bradesco BBI cortou Marcopolo

Equipe InfoMoney

(Fonte: GettyImages)

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Apesar dos juros ainda não terem começado a cair, muitas ações já registraram fortes ganhos principalmente com as projeções de baixa da taxa Selic (entre outros fatores).

Assim, em meio a um primeiro semestre de fortes ganhos para essas ações, alguns analistas destacaram que uma boa alternativa seria embolsar os lucros, vendo pouco espaço para novas altas, ainda que sigam vendo as companhias positivamente.

Entre as instituições que cortaram as recomendações para algumas ações nas últimas semanas, ganha destaque o JPMorgan.

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Confira as ações que, nas últimas semanas, tiveram suas recomendações rebaixadas por bancos após um bom desempenho nos últimos meses – e algumas visões diferentes de outros analistas de mercado sobre os papéis.

Yduqs (YDUQ3)

No dia 23 de junho, o JPMorgan cortou a recomendação para ações da Yduqs (YDUQ3) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro, após uma significativa reavaliação nos últimos três meses, quando a ação subiu 178% no período. No primeiro semestre de 2023, os papéis saltaram 94,89%, entre os maiores ganhos do Ibovespa.

Cabe ressaltar que, em 24 de março deste ano, o JPMorgan havia elevado a recomendação para ações da empresa do setor de educação à compra, o que provocou uma alta superior a 10% naquela sessão.

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Os analistas do banco comentaram que à medida que a economia melhora, faz sentido incorporar uma melhoria gradual nas margens dos campi em massa ao longo do tempo, alcançando 25% no longo prazo (em comparação com 20% anteriormente), em linha com os comentários da administração, ao mesmo tempo em que reduz as despesas com aluguel como porcentagem das receitas, com uma normalização de ocupação no longo prazo. No curto prazo, analistas também incorporam os efeitos dos cortes na taxa Selic.

No entanto, para o JP, a melhora gradual das margens não é suficiente para gerar uma valorização significativa nos níveis atuais. Segundo estimativas do JPMorgan, as mudanças mencionadas acima elevaram o preço-alvo para dezembro de 2023, baseado em fluxo de caixa descontado, de R$ 15 para R$ 21.

O banco americano destaca ainda que o principal catalisador de valorização é o FIES, com potencial de adicionar R$ 5 por ação de emissão da Yduqs. Embora as atuais projeções não incluam nenhum impacto de uma possível reforma do FIES, analistas reconhecem que isso poderia ter um significado expressivo, adicionando 200 mil contratos incrementais, além de assumir efeitos de reparo de mercado devido à redução da concorrência por estudantes.

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Já no último dia 27, o Credit Suisse elevou preço-alvo para ações da Yduqs de R$ 10 para R$ 21, mas manteve recomendação neutra, pois permanece cauteloso com a dinâmica de evasão futura e não prevê nenhum gatilho operacional provável, apesar do potencial de alta de cerca de 20% em 12 meses (parcialmente explicado pelo desempenho negativo dos últimos 2 pregões).

“Os principais riscos negativos para rating neutro são: (i) persistência de taxas de juros ainda altas; (ii) aumento dos níveis de evasão, (iii) competição mais acirrada, o que pode dificultar o ajuste dos tickets e (iv) volatilidade da ação. O principal risco de alta é um aumento no alcance do FIES a partir de 2024, não contabilizado em nossos números e improvável”, destaca o banco.

Na carteira recomendada de small caps para julho, a XP retirou Yduqs do seu portfólio, realizando os lucros da performance positiva da ação ao longo do mês passado em meio a um comportamento volátil, apesar do patamar de preços atual, no qual ainda veem potencial de valorização.

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Por outro lado, no fim de junho, o Bank of America elevou a sua recomendação para os papéis de neutra para compra e seu preço-alvo de R$ 11 para R$ 24. De acordo com o banco americano, os principais motivos que o levaram a rever sua posição quanto à companhia de educação envolvem motivos operacionais, financeiros e de valuation.

A empresa tem também, segundo os especialistas, uma posição de caixa sólida, de R$ 17 bilhões, que a permite lidar com sua agenda de dívidas nos próximos dois anos.

Locaweb (LWSA3)

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Após um forte rali, o JPMorgan rebaixou no último dia 26 a recomendação para as ações da Locaweb (LWSA3) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutra. O banco destaca a forte valorização dos ativos, com avanço de 63% nos últimos três meses (ante alta de 18% do Ibovespa) até o fim do mês passado, negociando agora mais em linha com os pares internacionais. No primeiro semestre, contudo, as ações não foram o grande destaque do Ibovespa, subindo 23,25%.

“Não estamos fazendo mudanças nas projeções operacionais em nosso modelo e mantemos nosso preço-alvo de R$ 9 para dezembro de 2023, que apresenta upside limitado neste momento”, apontaram os analistas do banco na ocasião.

Entre as empresas de tecnologia, o banco destaca preferência por Mercado Livre (MELI34), negociada na Nasdaq, e Totvs (TOTS3), ambas com recomendação overweight.

Os analistas destacam que a Locaweb cumpriu suas promessas de melhoria de margem, especialmente no curto prazo. As margens das empresas adquiridas aumentaram em todos os trimestres desde o 1T22, passando de -11,9% no 4T21 para -1,2% no 1T23, principalmente impulsionado por uma boa evolução na receita, bem como alguma consolidação de pequenas empresas.

Além disso, o lançamento do ecossistema de soluções de e-commerce Wake não teve um impacto tão negativo conforme esperado no 1T23. O volume de mercadorias brutas (GMV, na sigla em inglês) também teve um bom desempenho, em alta de 13,5% no 1T23, ganhando participação em relação à estimativa do banco de um mercado de e-commerce estagnado no Brasil.

Esse movimento levou a uma forte reavaliação das ações, fazendo com que o valuation fique mais alinhado com os pares, o que justificou o rebaixamento. O banco destaca que uma alta adicional pode vir de vendas cruzadas mais fortes.

Enjoei (ENJU3) e GetNinjas (NINJ3)

O mesmo JPMorgan também rebaixou, no último dia 27, para neutra a recomendação das ações de GetNinjas, que acumulam ganhos no ano de 35,74%, e para a Enjoei, com variação positiva de 43,30%. O banco removeu preço-alvo de dezembro de 2023 para a GetNinjas.

Segundo o banco, ambas as empresas devem continuar apresentando Ebitda negativo em 2023, ao mesmo tempo em que demonstram crescimento fraco, mantendo o controle do consumo de caixa.

Como resultado, embora ambas as empresas negociem abaixo de suas posições de caixa líquido (R$ 1,5 por ação para a Enjoei e R$ 5,3 por ação para a GetNinjas), fato conhecido pelo mercado há algum tempo, analistas não veem um catalisador nos próximos 6-12 meses que possa impulsionar uma valorização significativa das ações.

Marcopolo (POMO4)

No fim da semana passada, o Bradesco BBI cortou a recomendação para as ações da Marcopolo de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) após a disparada dos ativos. A ação saltou 89,25% no primeiro semestre.

Em relatório chamado “É hora de esperar a próxima viagem”, o banco destacou que, desde que elevou a recomendação de POMO4 para compra, em dezembro de 2021, as ações subiram 99%.

“Como resultado, a ação agora está sendo negociada a 7,7 vezes o múltiplo EV/Ebitda (valor da firma sobre Ebitda) para 2023, um prêmio de 26% sobre os pares locais”, apontaram os analistas.

Segundo eles, os fundamentos devem continuar melhorando, refletindo: (i) a recuperação das viagens de ônibus interestaduais; (ii) a necessidade de renovação da frota no sistema de transporte coletivo por ônibus; (iii) a expectativa de novos leilões para o programa Caminho da Escola; e (iv) a recuperação dos mercados internacionais.

No entanto, o dinamismo dos resultados no 2T23 e 3T23 deve ser prejudicado pela transição para Euro 6, levando a uma margem Ebitda de 10,2% no 2T23 (queda de 6,4 pontos percentuais no trimestre) e 10,4% no 3T23.

“Diante desse cenário, estamos rebaixando a recomendação para as ações, mas elevando nosso preço-alvo de R$ 5 para R$ 6,00”, aponta o banco, que trocou a preferência no setor de Bens de Capital para as ações da Iochpe-Maxion (MYPK3, recomendação outperform e preço-alvo de R$ 15,00).

Rumo ([ativo=RUMO3])

Em meados de junho, o Citi cortou a recomendação para a ação da Rumo (RAIL3) de compra para neutra e tornou a ação da Hidrovia do Brasil (HBSA3) sua favorita no setor.

Os analistas do banco americano afirmam considerar a Rumo uma empresa muito bem administrada, “com operações sólidas e valor escasso”. No entanto, avaliaram que a empresa poderia estar se aproximando do seu valor justo – e passar a ser mais vulnerável a quedas no caso de “desapontamentos”. No primeiro semestre, a ação subiu cerca de 20%.

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