Rumo (RAIL3) cresce lucro em cinco vezes no segundo trimestre, mas resultado vem abaixo do consenso

Empresa de logística indicou aumento de receitas, mas tarifas vieram um pouco aquém da expectativa do mercado

Rikardy Tooge

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A Rumo (RAIL3), empresa de ferrovias da Cosan (CSAN3), reportou lucro líquido de R$ 167 milhões no segundo trimestre do ano, mais de cinco vezes do que o registrado em igual período de 2022. De acordo com a companhia, a alta expressiva na última linha do balanço foi resultado de um maior volume transportado e crescimento das margens.

Apesar do forte crescimento, o resultado veio abaixo do consenso Refinitiv, que estimava lucro líquido de R$ 379 milhões. Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 1,45 bilhão, crescimento de 29% no comparativo anual – a geração de caixa também veio um pouco aquém do consenso do research de Credit Suisse e XP, que indicavam R$ 1,5 bilhão.

Para Pedro Bruno, do research da XP, o resultado foi neutro. Além de um Ebitda ligeiramente abaixo da expectativa, a queda de 2% no volume reportado em julho foi outro de atenção.

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“O resultado da Rumo veio ligeiramente abaixo das expectativas. As tarifas na operação Norte cresceram, mas menos do que o esperado. A empresa também sofreu com R$ 40 milhões de gastos extraordinários relacionados aos incidentes de roubo e vandalismo do 1T23”, avalia Pedro Acioli, sócio e analista de commodities da Mantaro Capital.

A receita operacional líquida da Rumo cresceu 12,1% em relação ao segundo trimestre de 2022, para R$ 2,76 bilhões, com crescimento de 9,4% no volume transportado, alcançando 20,4 milhões de TKU (Toneladas por Quilômetro Útil).

Efeito ‘agro’

No balanço, a Rumo destaca uma demanda firme para o transporte de commodities agrícolas, bem como uma melhora gradual das condições de segurança na Baixada Santista (SP), trecho em que a empresa vem sofrendo com roubos e vandalismos. O volume transportado até o porto de Santos cresceu abaixo do mercado – enquanto o setor avançou 17,5%, a Rumo cresceu 7,5% e resultou numa queda de participação de mercado neste trecho.

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“A queda no market share reflete o maior nível de utilização dos terminais ferroviários operados pela Rumo, e um mercado de grãos bastante aquecido, que acabou direcionando a demanda excedente para terminais ferroviários de outras ferrovias e para terminais rodoviários”, afirmou a companhia.

Por outro lado, a companhia destacou as previsões de safra recorde de soja e milho no país, que devem manter aquecida a demanda por frete ao longo do ano. No segundo trimestre, o crescimento no volume transportado das principais commodities agrícolas: soja, açúcar e fertilizantes, foi de 27%, 26% e 19%, respectivamente.

Na estrutura de capital, a Rumo indicou aumento de 2% em seu endividamento bruto, para R$ 17,4 bilhões, por conta do vencimento de algumas dívidas. Já a alavancagem (indicador que mede a dívida líquida pelo Ebitda ajustado), recuou de 2,2 vezes no primeiro trimestre, para 2 vezes, em função do crescimento expressivo na geração de caixa no segundo trimestre.

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O endividamento líquido da companhia encerrou o semestre em R$ 9,6 bilhões, com custo médio de 102% o CDI e duration de 5,2 anos.

Guidance revisado

Também com a divulgação do resultado, a Rumo revisou suas diretrizes operacionais (“guidance“) para 2023. A empresa reduziu sua previsão de volume transportado, de um intervalo entre 80 e 83 bilhões de TKU, para algo entre 76 e 78 bilhões de TKU.

“A empresa reduziu em 6% seu guidance de volume para 2023. A expectativa original já parecia difícil de ser alcançada, exigindo desempenho recorde em todos os meses do 2º semestre”, acrescenta Acioli.

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Pedro Bruno, da XP, diz que a revisão do guidance não chega a ser um ponto de atenção. “A redução na expectativa de volumes já era esperada em função dos dados já reportados previamente do primeiro semestre. Acreditamos que o consenso de mercado ja tinha essa revisão mapeada”

No mesmo sentido, o Credit Suisse havia indicado na prévia do resultado que seria difícil para a Rumo cumprir o guidance, especialmente no indicador de volumes embarcados. “A empresa precisaria superar em 14% o volume embarcado no segundo semestre deste ano [em relação ao ano passado] para atingir o limite inferior do guidance [antigo]”, afirmou o banco, em relatório. Para os analista, o volume de 76,2 bilhões de TKU é visto como um número mais factível.

O Ebitda ajustado também foi levemente reduzido no guidance, de um intervalo entre R$ 5,4 bilhões e R$ 5,8 bilhões, para um valor entre R$ 5,4 bilhões e R$ 5,7 bilhões. A previsão de investimentos (capex) também foi reduzida em R$ 200 milhões, para um range entre R$ 3,6 a R$ 3,8 bilhões.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br