Os investidores monitoram com ansiedade quaisquer sinalizações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da equipe de transição, em um ambiente de incerteza fiscal que tem impactado o mercado. Enquanto isso, as ações de estatais sofrem particularmente com as indicações de intervenção em suas políticas a partir do ano que vem – notoriamente a Petrobras (PETR3;PETR4).
Cabe ressaltar, contudo, que esta é a terceira vez que Lula assumirá um mandato presidencial, desta vez a partir de 2023: sua primeira eleição foi em 2002 e seu primeiro mandato foi entre 2003 a 2006, sendo reeleito e governando o Brasil de 2007 a 2010. Nos dois períodos, o Ibovespa registrou ganhos, conforme destaca estudo da TC Economatica e, ainda que rentabilidade passada não garanta rentabilidade futura, dá algumas indicações de como pode ser o novo governo do petista para a Bolsa.
O levantamento da casa também traz os números da Bolsa durante os governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Os retornos acumulados foram ajustados por proventos e eventos corporativos e calculados para os períodos entre as eleições (desde outubro do ano da eleição até setembro do último ano do mandato, exceto para os governos Dilma II e Temer, que consideram o impeachment). Por isso, os governos Dilma II e Temer são menores.
Com esses períodos definidos, o objetivo também é capturar a reação do mercado desde a eleição do novo presidente. Para a análise, foram utilizadas apenas ações integrantes do índice Ibovespa no final de cada período, buscando captar os movimentos das ações com maior liquidez. Assim, considerou-se as 5 ações com maiores retornos e as 5 com menores retornos sendo que, para empresas que possuíam mais de uma ação, considerou-se aquela mais líquida.
Entre 1 de outubro de 2002 e 30 de setembro de 2006, considerado o Lula I pelo levantamento, o Ibovespa saltou 323%. A maior alta foi da siderúrgica Usiminas USIM5 (1.823%), seguida de CCR CCRO3 (1.458%), CSN CSNA3 (1.276%), Metalúrgica Gerdau GOAU4 (1.027%) e Gerdau GGBR4 (764%). Assim, as siderúrgicas foram o grande destaque no primeiro governo Lula.
Do lado das quedas, apenas duas ações do Ibovespa tiveram retornos negativos no período: Light LIGT3 (-26%) e Oi OIBR4 (-5%).
Já no Lula II, que abrange o período entre 1 de outubro de 2006 e 30 de setembro de 2010, os ganhos foram menores, com o Ibovespa subindo 90% no período. Curiosamente a MMX, hoje em situação bastante complicada, subiu 263%, seguida de Souza Cruz (245%), que fechou capital em 2015. Transmissão Paulista TRPL4 (244%), CSN (241%) e Ultrapar UGPA3 (198%) aparecem na sequência.
As maiores quedas, por sua vez, ficaram com as aéreas Gol GOLL4 (-63%), e TAM (-40%), esta última tendo se despedido da Bolsa brasileira em 2012. Embraer EMBR3 (-39%), a então Telemar (-31%) e Cosan CSAN3 (-24%) aparecem na sequência entre as maiores perdas.
No geral, levando em conta desde Fernando Henrique Cardoso até o atual governo de Jair Bolsonaro, o topo do ranking é da Usiminas no governo Lula I, sendo seguida por Magazine Luiza MGLU3 (1.470%) no governo Temer, por CCR (1.458%) e CSN (1.276%) no Lula I, pela Embraer (1.229%) no FHC II, pela PetroRio, hoje PRIO PRIO3 (1.229%) no Bolsonaro e pela Metalúrgica Gerdau (1.027%) no Lula I, todas com mais de 1.000% de valorização.
Já do lado perdedor, a maior queda de valor foi da Inepar INEP4 (-95%) no governo FHC II. Perdendo mais de 90% de valor ainda aparecem o IRB Brasil IRBR3 (-94%) no governo Bolsonaro, a Rossi [ativo=ROSID3] (-93%) no Dilma I, a Am Inox BR (-93%) no FHC I e a Net (-92%) no FHC II.
Confira abaixo os desempenhos do Ibovespa e das ações de destaque nos outros governos:
FHC I
O Banespa (529%) foi a ação com maior valorização nos primeiros quatro anos de governo do FHC, com o top 5 ainda contando com Itaú Unibanco ITUB4 (123%), Ambev (120%) com o ticker AMBV4, Souza Cruz (83%) e Telefônica Brasil, então VIVT4 (78%). O Ibovespa subiu 22% no período.
As maiores perdedoras foram Am Inox BR (-93%), Sharp (-85%), Klabin KLBN4 (-83%), Unipar UNIP6 (-73%) e Braskem BRKM5 (-69%).
FHC II
No segundo mandato de FHC, as vencedoras tiveram melhor desempenho, com o Ibovespa subindo 31% no período. Entre os destaques de ganhos, Embraer subiu 1.229%, seguida de Fibria (886%), esta última adquirida pela Suzano SUZB3 em 2018. Aracruz (718%), Petrobras PETR3 (640%) e Gerdau (551%) completam o quadro das cinco melhores.
As maiores quedas no período foram de Inepar (-95%), Net (-92%), Embratel (-81%), Vivo (-62%) e Light (-56%).
Governo Dilma I
No Dilma I as maiores altas foram das ações da Yduqs YDUQ3 (311%), em um período em que as educacionais foram destaque com os programas de financiamento estudantil, sendo seguidas por Cielo CIEL3 (276%), Ambev ABEV3 (167%), BRF BRFS3 (142%) e Embraer (121%). Isso em um período em que o Ibovespa registrou queda de 22%.
Já as maiores quedas foram de três construtoras: Rossi (-93%), PDG PDGR3 (-88%) e Gafisa GFSA3 (-74%). Completando as cinco maiores baixas, estão Usiminas (-71%) e Oi (-70%).
Governo Dilma II
Já durante o período de 1 ano e 8 meses do segundo mandato de Dilma, o Ibovespa subiu 10%, sendo que as maiores altas foram de RaiaDrogasil, agora RD RADL3 (193%), Equatorial EQTL3 (122%), Lojas Renner LREN3 (90%), B3 B3SA3 (80%) e Lojas Americanas (73%), sendo que a última ainda negociava com o ticker LAME4.
As maiores perdedoras desse período foram Metalúrgica Gerdau (-73%), Pão de Açúcar PCAR3 (-51%), Usiminas (-45%), Embraer (-40%) e Cesp CESP6 (-34%).
Governo Temer
Durante o governo de Michel Temer, período em que o Ibovespa subiu 36%, as maiores ganhadoras de valor foram Magazine Luiza MGLU3 (1.470%), Bradespar BRAP4 (292%), Vale VALE3 (275%), Fibria (240%) e Braskem BRKM5 (168%).
Já as maiores perdedoras de valor foram Eletrobras ON ELET3 (-32%), Ultrapar (-46%), BRF (-59%), Cielo (-50%) e CCR (-49%).
Governo Bolsonaro
Por fim, no governo mais recente, de Jair Bolsonaro, as maiores ganhadoras de valor foram PetroRio, atual PRIO (1.140%), Positivo POSI3 (550%), BTG (409%), Banco Pan BPAN4 (362%) e Copel CPLE6 (353%). Nesse período, o Ibovespa acumulou alta de 39%.
Já as maiores quedas no período foram de IRB Brasil (-94%), envolvida em diversas polêmicas desde o início de 2020, CVC (-84%), Cogna COGN3 (-74%), Cielo (-46%) e Braskem (-46%).
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