Posto Ipiranga não enfrenta problema de abastecimento, diz presidente da rede, controlada pela Ultrapar (UGPA3)

Com diferença de preços internos e externos, mercado tem comprado mais da Petrobras (PETR4), criando gargalo de entrega

Augusto Diniz

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A dona da rede Posto Ipiranga negou que esteja passando por problema de abastecimento. Isso acontece depois que a Petrobras (PETR4) esclareceu que segue normalmente com o fornecimento de diesel ao mercado. A questão foi abordada nesta quinta-feira (10) durante teleconferência com analistas da Ultrapar (UGPA3), que controla a rede.

“A Ipiranga não tem problema de disponibilidade de produto. Não tem problema de suprimentos de seus clientes regulares. Não vejo nenhuma indicação (de problema) que a gente possa ter com relação a suprimentos”, enfatizou Leonardo Linden, presidente da rede de postos Ipiranga.

“A gente precisa entender que nesse cenário de suprimento do Brasil, o mercado spot (à vista) é muito mais exposto aos preços internacionais”, ressaltou.

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Linden se refere ao fato de que a compra de combustíveis da Petrobras, com os preços não mais alinhados internacionalmente e mais baixos, coloca pressão no produto importado (negociado no mercado spot), fazendo com que muitos optem em adquirir da estatal, sobrecarregando o abastecimento.

No segundo trimestre, a Ultrapar registrou baixa de 48% no lucro líquido. A empresa anunciou também dividendos. Ao final da sessão desta quinta-feira (10), após o balanço, as ações da Ultrapar fecharam com queda de 3,49%, cotadas a R$ 18,50, tendo variado entre R$ 17,97 e R$ 19,12.

Posto Ipiranga: executivo vê necessidade de ajuste

O executivo da rede Posto Ipiranga vê com isso uma necessidade de “resposta de precificação”, porque “ficará difícil se trabalhar o segmento” com essa defasagem.

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“O Brasil vem se acomodando a esse modelo. A estratégia (da Ipiranga) segue de participar (do mercado spot), mas ele está mais exposto aos preços internacionais”, explicou.

“A Petrobras continua sendo supridor principal da Ipiranga em qualquer circunstância. É o parceiro que dá o suprimento que a gente precisa. Mas tem uma deficiência (de combustível) que precisa ser importada e precisa continuar importando – vamos seguir fazendo isso, mas de forma competitiva”, ressaltou.

Ele acredita que “a precificação do mercado brasileiro vai se ajustar a um modelo em que se tem uma composição de preço Petrobras e preço importado”.

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Queda do combustível prejudicou

No 2T23, a Ultrapar teve queda de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 41% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

A empresa atribui o forte recuo principalmente em função de margens pressionadas pelas reduções de custos dos combustíveis ao longo do trimestre, com consequente perda de estoque e por um pior ambiente comercial, por conta de maior oferta de produto importado e maior produção local. Em relação ao 1T23, a redução do Ebitda foi de 17%.

“Temos uma expectativa melhor para o terceiro trimestre. O segundo trimestre foi bastante desafiador. A gente já viu um julho marginalmente melhor do que junho ainda que em um processo de recuperação”, disse o presidente da Ipiranga a analistas de mercado.

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Leonardo Linden disse ainda que vê nesse trimestre o preço do combustível indo “no caminho contrário” do 2T23, assim como a recuperação de volume.

Ultrapar: Foco nos seus negócios

Marcos Lutz, CEO da Ultrapar, comentou que a empresa segue olhando o mercado para futuras aquisições, mas afirma que o foco tem sido para os segmentos que já atuam.

“Nossa estratégia é acelerar os três negócios do portfólio (Ipiranga, Ultracago e Ultragaz), mas não descartando uma oportunidade boa, de maior volume, em breve. Mas não tem nada hoje mapeado”, disse.

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“A gente busca focar dentro de casa, aumentar o nível de análise, ter exposição ao que está acontecendo no mercado. Mas 2023 é ainda o ano de fortalecer nosso balanço, fortalecer nossas operações. Temos tido algumas discussões sobre o momento volátil que a Ipiranga está. A Ipiranga tem avançado muito no processo de turnaround”, finalizou.

Analistas apontam preocupação com o combustível

Para o Bradesco BBI, os números do 2T23 vieram “ligeiramente” abaixo do esperado e ressaltou a margem mais fraca da Ipiranga, impulsionada pelos cortes nos preços dos combustíveis.

A Ultragaz foi mais uma vez o destaque no trimestre, acrescendo o banco.

O Itaú BBA considerou os resultados esperados. Para os analistas, é muito provável que o cenário na Ultrapar permaneça nos segundo semestre, mas com melhora da cadeia de combustíveis.

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