Petrobras (PETR4) presta esclarecimentos após notícia sobre plano de negócios; analistas veem fator de risco no curto prazo

Para analistas, se o plano realmente contabilizar capex acima de US$ 100 bilhões, as ações podem sofrer, já que o mercado projetava valor menor

Lara Rizério

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - MAY 12: A person walks by The Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) headquarters on May 12, 2023 in Rio de Janeiro, Brazil. Brazilian President Lula Da Silva said on Thursday that his administration is working to reduce the price of gas in Petrobras and that the government will keep its stake at the company. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)

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A Petrobras (PETR3;PETR4) prestou esclarecimentos ao mercado em relação a uma notícia do jornal O Globo sobre o novo Plano de Negócios da companhia para os anos de 2024-2028. Segundo a publicação, que citou fontes, o novo plano será superior a US$ 100 bilhões, maior que atual, de US$ 78 bilhões para o período 2023/2027.

Já a estatal afirmou que o seu Plano Estratégico 2024-2028 (PE 2024-28) está em construção, e ainda seguirá para aprovação da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração da companhia.

A notícia chegou no momento em que o conselho da Petrobras vem discutindo sobre mudanças nas regras que envolvem indicações políticas e sobre definições para o novo plano de investimentos, especialmente investimentos em energias renováveis.

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O jornal apontou que haveria desavenças na estatal envolvendo os planos para a petroleira voltar a investir em energia de fontes renováveis e as mudanças propostas no estatuto da empresa, que podem reduzir as exigências para a indicação de cargos na companhia previstas na Lei das Estatais e abrir espaço para nomeações políticas, de acordo com os próprios conselheiros que discordam.

Já de acordo com o destacado pela companhia em comunicado, os elementos estratégicos do PE 2024-28 “visam preparar a Petrobras para um futuro mais sustentável, na busca por uma transição energética justa e segura no país, conciliando o foco atual em óleo e gás com a busca pela diversificação de nosso portfólio em negócios de baixo carbono”.

“A companhia reitera que eventual alteração no seu capex [investimento] seguirá os elementos estratégicos aprovados pelo seu Conselho de Administração, em observância às práticas de governança vigentes, ao compromisso com a geração de valor e à sustentabilidade financeira de longo prazo da Petrobras e deverá, dentro da governança estabelecida na companhia, passar pelos processos de aprovação aplicáveis”, apontou.

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Ao comentar a notícia de O Globo da véspera, o Bradesco BBI apontou que, se o plano realmente contabilizar investimentos superiores a US$ 100 bilhões, as ações podem sofrer, já que o mercado projetava cerca de US$ 90 bilhões.

O Goldman Sachs também apontou esperar até então um investimento da ordem de US$ 90 bilhões. “Como tal, embora permaneçamos positivos sobre o dividend yield [dividendo sobre o preço da ação] a de dois dígitos olhando a atual fórmula de dividendos em 2024 e potencial aumento de dividendos extraordinários, vemos o anúncio do plano estratégico como um risco potencial a curto prazo a ser
monitorados pelos investidores”, avaliam.

A atual política de dividendos da companhia é de destinação de 45% de seu fluxo de caixa livre ao pagamento de proventos.  O fluxo de caixa livre é a diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos, que foram ajustados em julho deste ano para considerar, além das aquisições de imobilizados e intangíveis, também as aquisições de participações societárias.

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O Goldman segue com recomendação de compra para as ações da Petrobras, ainda vendo o valuation como pouco esticado.

As ações da Petrobras têm registrado queda nesta semana, também seguindo a baixa do petróleo com as preocupações sobre a demanda.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.