Petrobras (PETR4): Quem são e o que esperar dos indicados para CEO e presidente do conselho da estatal

Indicações devem trazer alívio após dias de indefinição, sendo nomes considerados técnicos; novo indicado a CEO já defendeu política de preços da estatal

Lara Rizério

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Três dias depois de muitas especulações, o cenário passou a ser de maior definição para a sucessão na Petrobras  (PETR3;PETR4) após o impasse com a desistência de Adriano Pires e Rodolfo Landim para os cargos, respectivamente, de CEO e presidente do conselho de administração da estatal.

Na noite de quarta-feira (6), o Ministério das Minas e Energia (MME) enviou ofício com a indicação de José Mauro Ferreira Coelho e Márcio Andrade Weber para assumirem, respectivamente, o comando da estatal e seu conselho.

Os nomes são considerados uma vitória de Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, e abrem espaço para a manutenção da assembleia de acionistas, que precisa aprovar os nomes na próxima quarta-feira (13). Para analistas de mercado, as nomeações devem trazer alívio antes da reunião.

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O Itaú BBA acredita que ambos os indicados atendem aos requisitos estabelecidos no estatuto da Petrobras e aos critérios da lei das estatais, depois dos nomes anteriores serem colocados na berlinda com a alegação de possíveis conflitos de interesse. O Morgan Stanley aponta que a nomeação mostra que, até o momento, os mecanismos de governança e proteção da Petrobras estão funcionando. “Ainda assim, vemos essas nomeações como temporárias antes de um consequente ciclo eleitoral no Brasil no final do ano”, avalia o banco americano.

O Bradesco BBI avalia que ambos os nomes são indicações técnicas. “Acreditamos que até as eleições haverá pouco tempo para tentar implementar quaisquer mudanças na política de preços da Petrobras, e a abordagem deve ser muito semelhante às que estão sendo implementadas até agora”, ressaltam os analistas.

Os dois indicados são vistos como técnicos e com experiência no setor de petroleiro, em linha com as diretrizes de governança corporativa e com a lei das estatais.

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Perfis dos indicados

José Mauro Ferreira Coelho

José Mauro Ferreira Coelho, indicado ao cargo de CEO da Petrobras (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Indicado para o cargo de CEO, é formado em Química Industrial e possui especialização em Ciências dos Materiais pelo Instituto Nacional de Tecnologia. Tem mestrado em Engenharia dos Materiais e doutorado em Planejamento Energético. Entre 2020 e 2021 atuou como Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis no MME.

Desde 2020 atua como Presidente do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A (PPSA).

O BBA lembra que, há alguns meses, Coelho defendeu uma dinâmica de mercado aberto e competitivo, com outros players produzindo e importando combustíveis para abastecer o mercado interno, permitindo que a Petrobras se concentre no desenvolvimento do pré-sal enquanto faz desinvestimentos em outras empresas, especialmente em refinarias.

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Em outra ocasião, Coelho utilizou uma abordagem técnica para explicar os fundamentos que levam aos ajustes dos preços dos combustíveis no Brasil e defendeu a autonomia da Petrobras para definir e executar sua própria política de preços para evitar desabastecimento de combustível no mercado interno.

“Nós temos que ter os preços no mercado doméstico relacionados aos preços de paridade de importação. Porque se assim não fosse, nós não teríamos nenhum agente econômico com aptidão ou com vontade de trazer derivados para o mercado doméstico. E isso poderia levar ao desabastecimento para o país”, disse ele em outubro de 2021 ao canal público TV Brasil.

Para o Morgan, a indicação de Coelho foi uma surpresa, pois seu nome não havia sido mencionado entre mais de dez potenciais candidatos que circulavam na imprensa brasileira nos últimos dias. O banco destaca a sua atuação no exército brasileiro entre 1993 e 1995, o que poderia lhe dar uma vantagem na comunicação com diferentes áreas do governo. “Embora ele não tenha experiência em administrar uma grande empresa, seu conhecimento no setor deve tornar mais clara sua nomeação sob as regras da Petrobras, acreditamos”, apontam os analistas.

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Márcio Andrade Weber

Indicado a chairman, é engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras.

Ingressou na empresa em 1976 onde trabalhou por 16 anos, tendo sido um dos pioneiros no desenvolvimento da Bacia de Campos. Foi membro da Diretoria de Serviços da Petrobras Internacional (Braspetro) e diretor da Petroserv, desenvolvendo a participação da companhia nas atividades de E&P (Exploração e Produção), navegação de apoio e sondas de perfuração para águas profundas.

Weber é membro do conselho da Petrobras atualmente o que, na visão do Morgan, pode facilitar a transição. Por outro lado, o banco ressalta que recentemente ele foi da Petroserv, que é prestadora de serviços da Petrobras, o que poderia ter impedido sua indicação ao Conselho, “mas foi liberado pelos comitês competentes”.

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Desafios no radar

Petrobras

Apesar de projetarem uma reação positiva do mercado, o BBA avalia que a empresa pode continuar enfrentando desafios recorrentes para garantir a convergência de preços para paridade internacional no contexto dos altos preços do petróleo. Os analistas, contudo, seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações PN da estatal, com preço-alvo de R$ 38 (ou potencial de valorização de 17,5% frente o fechamento da véspera). O Bradesco BBI também tem recomendação outperform para PETR4, com preço-alvo de R$ 50, ou um potencial de valorização de 55%.

O Morgan Stanley, por sua vez, segue com recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, ou equivalente à neutra), com preço-alvo de US$ 14 para os ADRs (American Depositary Receipt, na prática, as ações da companhia negociadas na Bolsa americana) PBR (equivalente aos ordinários), ou uma queda de 5,3% em relação ao fechamento de quarta-feira.

“Permanecemos à margem das ações, evitando riscos políticos. A política de precificação de combustíveis da Petrobras está em destaque no Brasil, e não vemos uma maneira fácil de a empresa alterar os preços dos combustíveis para níveis de paridade enquanto o petróleo permanece em níveis altos, considerando os índices de inflação e a proximidade do ciclo eleitoral no país nos próximos meses”, avaliam.

Assim, reiteram preferirem “navegar no setor” por meio de empresas como a PetroRecôncavo (RECV3) e a 3R Petroleum (RRRP3), que acreditam “fornecer uma ‘história mais limpa’ com um valuation pouco exigente”.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.