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O resultado da Petrobras (PETR3;PETR4) no segundo trimestre surpreendeu positivamente os analistas que acompanham o papel. Mas não foi o lucro pujante de R$ 54,33 bilhões no período, bem acima do esperado, ou o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 98,26 bilhões que chamaram mais atenção. Para as casas de análise, a grande estrela desta temporada da petrolífera foram os dividendos anunciados ontem à tarde, antes da divulgação do balanço.
O Credit Suisse avalia que os resultados foram bastante fortes, com lucro e Ebitda bem acima do projetado pela casa. Porém, afirma que os dividendos a serem distribuídos pela petrolífera roubaram a cena mais uma vez. O dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) dessa leva de proventos, que será paga em dois tranches, em agosto e setembro, é de 21% para ações preferenciais e de 19% para as ordinárias.
“Acreditamos que, mais para frente, a Petrobras vai continuar a gerar mais valor tanto para a sociedade quanto para acionistas do que nos últimos anos”, escreveram Regis Cardoso e Marcelo Gumiero. Com os atuais preços do petróleo, o Credit Suisse estima que a Petrobras consiga gerar fluxo de caixa do acionista (FCFE, na sigla em inglês) de US$ 9 bilhões a US$ 10 bilhões por trimestre. “Acreditamos que todo esse fluxo de caixa livre vai ser distribuído aos acionistas como dividendos”, afirmam os analistas.
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Segundo o Credit, como acionista majoritário, o governo brasileiro é o principal beneficiado com os dividendos da Petrobras. Além de ter recebido R$ 50 bilhões em proventos pelo acumulado do primeiro semestre, a União ganhou, no período, R$ 147 bilhões em impostos. “Para se ter uma ideia do tamanho disso, as entradas com dividendos da Petrobras em 2022 até agora já são mais do que suficientes para compensar os gastos do governo com a PEC dos Auxílios, de R$ 41 bilhões”, escreveu a equipe de análise.
Cardoso e Gumiero concluem que, apesar do troca-troca de comando, a Petrobras está no caminho certo. Os ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) da Petrobras são o top pick do Credit Suisse no setor, são avaliados como outperform e tem preço-alvo de US$ 18.
Para João Daronco, analista da Suno Research, a companhia continua com uma situação financeira bastante confortável, com dívida líquida/Ebitda de 0,6x e robusta posição de caixa. “Não seria surpresa se tivéssemos outros pagamentos gordos de dividendos mais à frente”, afirma.
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O Ebitda recorrente da Petrobras ficou 6% das estimativas do Itaú BBA, que destacou o lucro operacional da parte de exploração (upstream) e produção e também de refino (6% e 11% acima das projeções da casa, respectivamente). No upstream, a produção de petróleo caiu 5% no trimestre e o preço médio do barril ficou em US$ 106,9, um desconto de de US$ 6,9 em relação à cotação de referência do Brent. Os custos de extração subiram 15%, afetado negativamente por uma valorização do real no período. Já o segmento de refino e distribuição (downstream) foi beneficiado margens fortes no período.
“O excepcional pagamento de dividendos foi uma surpresa, até para nossas projeções mais altas, de R$ 4,40 por ação”, escreveram os analistas. O BBA também destacou o fluxo de caixa livre da companhia, de R$ 63,2 bilhões. A casa tem avaliação outperform para PETR4 e preço-alvo de R$ 43.
O Bradesco BBI também destacou o desempenho da parte de exploração e gás da companhia, assim como a geração de fluxo de caixa para o acionista. “Ainda que tenha anunciado dividendos acima da geração do fluxo de caixa no segundo trimestre de 2022, o pagamento é bastante compatível com o balanço”, escreveu a equipe de análise da casa. Apesar de descrever o balanço como resultado de “outro trimestre excepcional”, os analistas do BBI acreditam que o preço das ações da petrolífera deve acompanhar as perspectivas para as eleições. Isso deve ocorrer principalmente depois de 12 de agosto, quando os papéis se tornam “ex-dividendos“.
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O BBI apresentou seu preço-alvo para PETR4 ao final de 2023, de R$ 53 e de US$ 20 para os ADRs da companhia. Os analistas explicam que a cotação pode ser ainda maior, chegando a R$ 93, no caso de uma privatização. Por outro lado, o ativo poderia cair para R$ 14 com problemas de administração e perda de controle das contas públicas.
“Enquanto existe uma chance da Petrobras sair privatizada das eleições, outro resultado nas urnas poderia acarretar em uma Petrobras como a de 2014, sobrecarregada de investimentos e com balanço patrimonial esticado”, explicam os analistas.
O BBI elaborou um índice de “medo e cobiça” para a companhia, que vai utilizar a partir de agora até depois das eleições. “No momento vemos Petrobras negociando dentro da zona do medo, mostrando que o mercado acredita que haverá uma política mais intervencionista na empresa após as eleições presidenciais de 2022”, explicam os analistas.
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O Morgan Stanley acredita que o ruído político pode diminuir no curto prazo com o governo recebendo mais de US$ 6 bilhões em dividendos e com a redução no preço da gasolina. “Batalhamos para encontrar aspectos negativos nas divulgações da Petrobras, mas acreditamos que o segundo trimestre de 2022 marca o pico e também os gatilhos mais importantes para a ação”, escreveram os analistas.
A equipe de análise acredita que os dividendos excepcionais refletem um adiantamento do segundo semestre e não aumentam a expectativa do Morgan sobre o total de proventos pagos no ano. A avaliação da casa para o ADR da Petrobras é equal weight, com preço-alvo de US$ 14.”Com a proximidade das eleições no Brasil, sentimentos sobre a macroeconomia e e expectativas para a política energética do próximo governo podem ser mais importante para a performance da ação do que os fundamentos da empresa”, justificam os analistas.
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