Petrobras muda planos após TCU, 5 balanços, 6 recomendações e Vale são destaques no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quinta-feira (16)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é muito movimentado, com destaque para o efeito da decisão do TCU sobre a venda de ativos da Petrobras, além de resultados e recomendações. Confira os destaques desta quinta-feira (16):

Petrobras (PETR3; PETR4)
O Tribunal de Contas da União (TCU) revogou nesta quarta, com ressalvas, uma medida cautelar que suspendia a venda de ativos da Petrobras, mas obrigou a maior parte dos processos, inclusive o da BR Distribuidora, a voltar à estaca zero.

Segundo o voto apresentado pelo relator José Múcio Monteiro, aprovado no plenário do tribunal, apenas dois processos de venda poderão ser retomados do estágio onde pararam. Trata-se dos projetos identificados pelos codinomes Ópera e Portfólio 1.

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Em dezembro, quando o TCU suspendeu as vendas de ativos da Petrobras, permitiu o prosseguimento dos desinvestimentos de cinco projetos com codinomes, posteriormente identificados pela Petrobras, em um fato relevante no mesmo mês.

Desses cinco projetos, apenas dois ainda não foram vendidos: direitos de concessão dos campos de Baúna e Tartaruga Verde e a participação em ativos em águas profundas no Golfo do México norte-americano. Os demais processos de venda, como o da BR Distribuidora, terão de ser reiniciados seguindo novas regras acertadas com o tribunal. Conforme destaca a Petrobras, a decisão do TCU permite vender Baúna, Tartaruga Verde e Saint Malo.

Assim, após a decisão do TCU, a estatal será obrigada a ajustar seu plano de negócios. A redução dos investimentos previstos no plano de negócios parece o caminho mais provável, segundo ex-diretores da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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A possibilidade de cortar investimentos, no caso de a decisão do TCU atrapalhar a venda de ativos, foi sinalizada pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, em entrevista esta semana. John Forman, da J Forman Consultoria, vê o corte nos investimentos como o mais provável, mas essa decisão trará como consequência um fluxo de caixa menor no médio prazo, já que a reduzirá o potencial de crescimento da produção.

De acordo com o Bradesco BBI, apesar de alguns atrasos, a Petrobras será capaz de prosseguir com o programa de desinvestimentos, os atrasos não devem ter impacto material na desalavancagem e aparentemente já estão refletidos no preço. Os analistas do banco seguem com recomendação outperform para os papéis, com preço-alvo de R$ 20,00. Já o Goldman Sachs destaca que há risco adicional para desinvestimentos da estatal após o TCU. 

Estácio (ESTC3)

A Estácio Participações teve lucro líquido de 124 milhões de reais no quarto trimestre, mais do que o dobro dos 53 milhões na base de comparação anual, em resultado apoiado em alta de receitas e queda nas despesas. A empresa teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 217 milhões de reais nos três últimos meses de 2016, mais que o dobro do resultado obtido no mesmo período de 2015.

A companhia de educação superior privada, que está se preparando para ser adquirida pela rival maior Kroton, teve alta de 8 por cento na receita líquida do período, para 797 milhões de reais. O aumento da receita veio apesar de quedas nas bases de alunos geradores de receita de ensino a distância (EAD) no quarto trimestre, que recuaram 2,2 (graduação) e 17,5 por cento (pós-graduação) no período. Apesar disso, o valor médio das mensalidades saltou 23,2 e 21,7 por cento, respectivamente.

No ensino presencial, a base de alunos geradora de receita subiu 0,8 por cento no quarto trimestre, segurada pela graduação, que teve avanço de 3,4 por cento, enquanto na pós-graduação houve queda de 27,3 por cento. O chamado tíquete médio de ensino presencial subiu 9,3 por cento, amparado em altas de 7 por cento na graduação e 24,3 por cento na pós-graduação. As despesas comerciais, gerais e administrativas tiveram queda de cerca de 44 por cento, a 151 milhões de reais.

Do total de alunos de ensino presencial da Estácio ao final de 2016, 329,4 mil, os estudantes vinculados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) corresponderam a 35,1 por cento da base, uma redução de 7,7 pontos percentuais sobre o mesmo período de 2015, mantendo a estratégia da companhia de reduzir sua dependência do programa federal. A Estácio encerrou dezembro com 508 mil alunos, crescimento de 2 por cento sobre o fim de 2015.

BR Malls (BRML3)

A administradora de shopping centers BR Malls teve prejuízo líquido de 147,7 milhões de reais no quarto trimestre, revertendo resultado positivo de 40,5 milhões obtido um ano antes. A companhia apurou geração de caixa negativa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda); em 542 milhões de reais no período ante 236 milhões positivos no quarto trimestre de 2015. Em termos ajustados, o Ebitda do quarto trimestre foi positivo em 296,5 milhões de reais, queda de 10,4 por cento na comparação com um ano antes.

A empresa teve queda de 3,9 por cento na receita líquida, a 388,6 milhões de reais, enquanto as despesas gerais e administrativas subiram 3,4 por cento, avançando meio ponto percentual enquanto percentual da receita bruta. O indicador de rentabilidade dos shoppings, “Noi”, ou lucro operacional, caiu 6,2 por cento no quarto trimestre, para 360,7 milhões de reais, e a margem caiu 1,8 ponto percentual, a 90,8 por cento. Porém, por metro quadrado, o Noi dos três últimos meses do ano passado foi o maior desde pelo menos o terceiro trimestre de 2013.

A companhia citou no balanço efeitos gerados “pela maior crise do varejo brasileiro” no ano passado, pressionado pela inadimplência, vacância de lojistas e descontos em valores de alugueis de espaços em seus empreendimentos. O indicador de inadimplência líquida no quarto trimestre foi de 5,5 por cento, acima dos 1,9 por cento do mesmo período de 2015. Para 2017, a empresa acredita que poderá ficar entre os grupos do setor “mais beneficiados” pela esperada melhoria da atividade econômica do país.

A BR Malls afirmou ainda no balanço que “oportunadamente, vamos retomar a nossa trajetória de crescimento, através de aquisições, revitalizações e expansões”. Na semana passada, a rival Multiplan divulgou queda de 38 por cento no lucro líquido do quarto trimestre.

Par Corretora (PARC3)

A Par Corretora, que mudou de marca e agora se chama Wiz, informou receita bruta anual de R$450,9 milhões, um aumento de 14,9% em relação ao ano de 2015. O lucro líquido da Companhia atingiu R$ 148,2 milhões em 2016, crescendo 13,9% na comparação com ano anterior.

SLC (SLCE3)

O lucro líquido do último trimestre de 2016 da SLC Agrícola subiu cerca de três vezes quando comparado ao mesmo período de 2015, a R$ 114,048 milhões. No ano, contudo, o lucro líquido caiu 87,1% e somou R$ 15,641 milhões.

A receita líquida do quarto trimestre foi de R$ 629,639 milhões, 7,9% maior que em 2015. No ano, a receita ficou em R$ 1,660 bilhão, 5,8% a menos que a registrada em 2015. O Ebitda subiu 5,3% no trimestre, a R$ 159,95 milhões. 

Segundo o BTG Pactual, 2016 foi um ano anormalmente difícil, mas boas iniciativas asseguraram uma forte geração de fluxo de caixa e a expectativa é por um ano de 2017 muito mais forte. 

QGEP (QGEP3)

A Queiroz Galvão Exploração e Produção encerrou o ano passado com um lucro líquido de R$ 152,89 milhões, alta de 63% em relação ao resultado de 2015. A receita líquida  caiu 3,9% na mesma base de comparação, para R$ 476 milhões. 

Construtoras

 O Itaú BBA cortou a recomendação de Gafisa (GFSA3), Cyrela (CYRE3)  e EZTec (EZTC3) e elevou da Direcional (DIRR3). “Ainda vemos o setor como uma opção cíclica interessante para atuar na potencial recuperação macro do Brasil, mas uma recuperação significativa do ROE já está precificada em algumas destas ações”, destacaram os analistas do Itaú BBA Enrico Trotta, Alex Ferraz e Pablo Ordóñez. 

O banco rebaixa Cyrela e EZTec para market perform. A Cyrela e EZTec foram top picks entre as construtoras residenciais brasileiras por um tempo e, ainda que haja
potencial de alta se as reduções de capital acontecerem mais rápido do que o esperado, “os múltiplos já incorporam expectativas de aumento significativo de ROE (13% e 19%, respectivamente) após o rali deste ano”, afirmam. 

Já a Gafisa foi rebaixada de market perform para underperform: “vemos como menos atraente após spin-off da Tenda em função da alavancagem da empresa e esperado volume diário médio”. 

Por fim, a Direcional foi elevada de market perform para outperform: “oferece agora o melhor risco/retorno no espaço, já que é negociada com um desconto considerável em relação aos pares do segmento de baixa renda e pode capturar as tendências positivas subjacentes do programa Minha Casa Minha Vida”. 

Rumo (RUMO3)

A Rumo teve a cobertura iniciada pelo UBS com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 11,80. 

Taesa (TAEE11)

A Taesa foi rebaixada de neutra para underweight pelo JPMorgan, com preço-alvo de R$ 23,00. 

Telecomunicações

As ações de companhias de telecomunicações, como TIM (TIMP3) e Vivo (VIVT4), devem ter reação positiva à decisão do STF em relação a ICMS, PIS e Cofins, segundo relatório assinado pelos analistas Susana Salaru e Vitor Tomita, do Itaú BBA. 

“Não acreditamos que esse assunto estava no radar dos investidores. O STF decidiu que PIS e Cofins, calculados como percentual da receita bruta, devem considerar a receita bruta após as deduções de ICMS. “Vemos isso como positivo para as empresas de telecomunicações, que pagam alto ICMS, mas o impacto para as empresas de tecnologia e Atento provavelmente será limitado”. 

A decisão “é virtualmente neutra para Totvs, Linx e Atento”. Até a decisão do STF desta quarta-feira, “não havia nenhuma dedução de ICMS, de modo que a decisão
provavelmente será particularmente positivo para teles”.

O benefício potencial para Telefônica Brasil: R$ 3,40 por ação, ou cerca de 7% do atual preço justo de R$ 50,50 por ação no final de 2017. O benefício potencial para a TIM foi de  R$ 0,70 por ação, ou cerca de 6,5% do atual preço justo de R$ 10,50 por ação no final de 2017. “Enquanto a mudança no cálculo do PIS/Cofins deve ter
impacto positivo na geração de fluxo de caixa das empresas de telecomunicações, é provável que tenha um impacto negativo nas contas do governo”.

Bradesco (BBDC3; BBDC4)
A Justiça Federal em Brasília rejeitou o pedido de absolvição sumária apresentado pelo presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e agendou para o dia 20 de abril o início das audiências de instrução e julgamento dele e de mais nove pessoas, incluindo executivos do banco, em uma ação penal na qual são acusados de envolvimento em esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) – investigado na Operação Zelotes.

Os executivos do Bradesco são suspeitos de negociar com um grupo que comprava decisões no Carf, espécie de tribunal que avalia débitos de grandes contribuintes com a Receita Federal. As investigações da Polícia Federal mostraram que o grupo investigado por corromper integrantes do Carf conversou com executivos do banco a respeito de um “contrato” para anular um débito de R$ 3 bilhões com a Receita Federal.

Após receber manifestações da defesas dos réus, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, rejeitou as alegações e marcou o início do julgamento.

No despacho, do dia 10 de março, o magistrado afirmou que a denúncia especifica, em vários tópicos, crimes de corrupção praticados no âmbito do processo administrativo fiscal, crimes de corrupção praticados no âmbito de pedido de compensação de créditos decorrente de PIS e Cofins incidentes sobre juros de capital próprio e crimes de corrupção praticados no âmbito de revisão tributária relativa aos últimos 5 anos.

Vale (VALE3; VALE5)
A mineradora Vale espera receber até o fim de março 733 milhões de dólares da japonesa Mitsui pela venda de participação na mina de carvão de Moatize e no Corredor Logístico de Nacala, em Moçambique, segundo fato relevante divulgado nesta quarta-feira.

O valor integra cifra de cerca de 770 milhões de dólares que a Vale espera receber após a conclusão a venda da fatia para a Mitsui. A mineradora informou ainda que espera receber até 2,7 bilhões de dólares após a conclusão do “project finance” do empreendimento.

O negócio havia sido anunciado no fim de 2014, com detalhes financeiros divulgados em setembro de 2016, mas a mineradora ainda não havia informado um cronograma para a conclusão do acordo e seus desembolsos.

Em outra notícia, a mineradora reportou um vazamento em um duto de rejeitos de mineração da mina de Fábrica, em Ouro Preto (MG), mas a empresa disse que o problema, identificado na segunda-feira, foi contido “de imediato”.

A Vale afirmou em comunicado que o incidente “foi de baixa magnitude, totalmente isolado, não colocando em risco nenhuma das estruturas existentes no local”. O vazamento desta semana ocorreu na mesma região produtora de minério de ferro atingida pelo desastre da Samarco, joint venture da Vale com a anglo-australiana BHP.

Por fim, a mineradora negou matéria do jornal O Globo que diz que empresa estaria em negociações com acionistas minoritários – a Capital Group – sobre termos para uma troca de ações, conforme estabelecido por um novo acordo entre controladores.

Braskem (BRKM5)

A Braskem assinou contrato para aquisição de etanol hidratado das usinas Conquista do Pontal (UCP) e Agro Energia Santa Luzia (USL), tendo a Odebrecht Agroindustrial Participações e a Rio Claro Agroindustrial como garantidoras,
segundo comunicado da petroquímica à CVM.

UCP, USL, Odebrecht Agro Par e Rio Claro são controladas indiretamente pela Odebrecht, controladora indireta da Braskem. O contrato prevê adiantamento de R$ 150 milhões, garantido por contrato de penhor da lavoura da cana de açúcar e seus
produtos e subprodutos, em valor líquido de mercado superior ao valor do adiantamento, diz comunicado.

BM&FBovespa (BVMF3) e Cetip (CTIP3)

A fusão entre BM&FBovespa e Cetip é o único ato de concentração da pauta de julgamentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da próxima semana. A informação está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 16. A conselheira Cristiane Alkmin é a relatora do caso. A sessão está marcada para quarta-feira, dia 22, com início às 10h. Nesse dia, o tribunal do Cade ainda vai analisar um requerimento.

A deliberação sobre o ato entre Bolsa e Cetip ocorrerá 270 dias depois de sua notificação ao Cade e, como a Coluna do Broad informou, a expectativa é de aprovação, que deve vir com alguns remédios, como a abertura de serviços para terceiros, de forma que a operação não crie novas barreiras à chegada de concorrentes no Brasil.

AES Tietê (TIET11)

A AES Tietê aprovou a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.