9 ações caem mais de 20% e só 4 papéis sobem mais de 5%: as maiores baixas e altas do Ibovespa em agosto

Grande destaque de ganhos ficou com a São Martinho, enquanto Petrobras PN também fechou mês em alta; Via e GPA caíram mais de 40%

Lara Rizério

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Em um mês de baixa para o Ibovespa, com o índice encerrando agosto com uma desvalorização de mais de 5% (com uma baixa de 1,53% no último dia do mês em meio a preocupações com o cenário fiscal), poucas ações tiveram destaque positivo, enquanto muitas tiveram baixas expressivas.

Apenas quatro ações do índice tiveram ganhos superiores a 5%. São elas: São Martinho (SMTO3, +7,95%), Vibra (VBBR3, +7,76%), Petrobras PN (PETR4, +6,37%) e Embraer (EMBR3, +5,29%).

Enquanto isso, nove ações caíram mais de 20%. São elas: GPA (PCAR3, -42,39%), Via (VIIA3, -41,20%), Soma (SOMA3, -33,36%), Méliuz (CASH3, -32,33%), Gol (GOLL4, -27%), Carrefour (CRFB3, -25,22%), Petz (PETZ3, -21,71%), Rede D’Or (RDOR3, -20,39%) e  Cielo (CIEL3, -20,01%).

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Abaixo, destacamos as 5 maiores baixas e as 5 maiores altas do Ibovespa no período. Confira:

Maiores baixas

GPA (PCAR3): queda de 42,39%

Os papéis do GPA registram a maior queda do mês por uma combinação do efeito cisão do Grupo Éxito (EXCO32) – com os acionistas da varejista brasileira também recebendo BDRs da empresa colombiana -, mas também por incertezas sobre a estruturação da companhia.

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Na sessão que marcou a cisão das operações da companhia, em 23 de agosto, os ativos caíram 19,39%, respondendo por boa parte do desempenho negativo no mês. Contudo, a queda se seguiu pelos pregões seguintes.

Enquanto a Genial Investimentos destacou a operação como positiva, com potencial para destravar valor para o GPA, nos pregões seguintes outras casas destacaram o ceticismo com a recuperação das operações da varejista.

Depois da separação das operações (e também após os resultados do 2T23), o BTG Pactual atualizou suas premissas e rebaixou a recomendação de compra para neutra na sexta da semana passada. O novo preço-alvo é de R$ 7 por ação para o final de 2024.

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Segundo os analistas, embora os esforços da gestão para reestruturar as operações e reformar as lojas (aumentando a produtividade), ainda veem os resultados recentes mostrando uma tendência fraca em suas operações brasileiras (principalmente em termos de rentabilidade), que esperam que continue nos próximos trimestres.

O BTG vê um ambiente mais desafiador para a empresa expandir a receita líquida e as margens no Brasil (abaixo dos níveis históricos), enquanto a alavancagem representa um risco adicional com as perspectivas de juros.

O Goldman Sachs também ajustou suas estimativas e preço-alvo após a cisão do Grupo Éxito, com novo target em 12 meses para PCAR3 de R$ 7,40, seguindo com recomendação neutra para os ativos.

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“Embora GPA permaneça altamente alavancada e seus ativos principais estejam em uma recuperação que acarreta riscos de execução, também vemos riscos positivos, como a venda potencial de ativos não essenciais com um prêmio em relação aos valores atuais de mercado, incluindo a participação restante de 13% que a PCAR mantém no Grupo Exito”, ponderou o Goldman.

Via (VIIA3): em baixa de 41,20%

Alta alavancagem combinada a um cenário macroeconômico complicado, finalizando o mês com a notícia de um possível (e já esperado) bilionário aumento de capital.

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Esses fatores levaram a mais um mês agitado e negativo para a Via, dona das Casas Bahia e Ponto, que viu seus papéis registrarem forte baixa no período.

No último dia 10, a companhia registrou um prejuízo de R$ 492 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), o que foi visto como decepcionante pelo mercado, que projetava perdas menores para o período (de R$ 432 milhões, segundo o consenso Refinitiv).

Junto com os resultados, em meio à mudança recente do time de executivos, a Via divulgou um fato relevante detalhando seu plano de transformação, com duas principais frentes estratégicas: alavancas operacionais e alavancas de estrutura de capital.

A XP apontou valorizar as iniciativas apresentadas no plano, uma vez que contêm alavancas claras e suas respectivas estimativas de ganhos, alcançando um potencial de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões de Ebitda adicional e R$ 4 bilhões de monetização de ativos.

Além disso, aponta a equipe de análise, a nova estratégia da Via focará nas categorias-chave e mais rentáveis, o que enxerga como positivo. “Entretanto, o mercado pode permanecer cético quanto a outro plano de reestruturação da companhia, em meio a um cenário macro ainda desafiador, embora ganhos iniciais do plano possam já ser vistos nos próximos resultados, o que pode ajudar a trazer mais conforto quanto sua execução”, avaliaram os analistas.

Enquanto isso, no curto prazo, o grupo de varejo informou no último dia do mês que contratou bancos para uma “potencial” oferta subsequente de ações para melhorar a estrutura de capital, em operação na qual pretende levantar pelo menos R$ 1 bilhão. 

“Uma diluição grande”, ressaltaram analistas do Citi em relatório a clientes, avaliando que o mercado já aguardava um aumento de capital após a empresa ter convocado assembleia para analisar um aumento do seu capital social em 1,4 bilhão de ações ordinárias, para até 3 bilhões de ações, o que já vinha afetando as ações. A reunião foi marcada para esta sexta-feira.

O Citi tem recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo de R$ 2,30, enquanto JPMorgan e Goldman Sachs, que também falaram sobre o follow-on, possuem recomendação equivalente à venda para o papel. 

Soma (SOMA3): queda de 33,36%

Apesar de analistas seguirem positivos, o mês negativo no geral para varejistas e o resultado pouco empolgante levaram as ações da Soma, dona de marcas como Farm e Hering, a registrarem forte queda em agosto.

A companhia divulgou seu resultado no dia 9 de agosto e, na sessão seguinte, os papéis caíram quase 8%. A empresa registrou queda de 21,9% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado, saindo de R$ 130,8 milhões para R$ 102,1 milhões. Já o lucro líquido caiu 27,6%, a R$ 85,4 milhões.

A varejista explica que o resultado foi impactado pelo maior volume de depreciação decorrente de maiores investimentos realizados nos últimos anos, assim como pelo incremento da taxa SELIC, contribuindo para uma pressão nas despesas financeiras da companhia.

Para o Itaú BBA, os resultados da Soma foram “suaves”. Apesar de mostrar números decentes de receita para Soma e Hering (em relação aos pares), a pressão da margem bruta decorrente da Soma excluindo Hering (-420 pontos-base na comparação anual) mais do que compensou as tendências saudáveis ​​da Hering.

Alguma diluição de despesas gerais e administrativas não foi suficiente para compensar a pressão de margem bruta, com a empresa mostrando 0,5 ponto percentual de pressão de margem Ebitda. Assim, já podia se prever uma reação negativa, dado que há uma grande exposição de investidores locais no papel. Porém, segue com recomendação equivalente à compra para os ativos.

A XP também seguiu com visão positiva para a ação e preço-alvo de R$ 14. Para os analistas do banco, o Grupo reportou resultados em linha com as suas estimativas no 2T, com um sólido desempenho de receita, mas margem bruta pressionada na operação “ex-Hering” devido às base de comparação e efeitos fiscais registrados no trimestre.

O Bank of America também destacou que a base de comparação mais difícil afetou os números da companhia, porém, reforça a recomendação de compra para as ações. Segundo os analistas, a demanda por vestuário, principalmente entre os grupos de renda média, deve se beneficiar da inflação mais baixa, da redução das taxas de juros e da desalavancagem do consumidor.

Méliuz (CASH3): desvalorização de 32,33%

Os resultados do segundo trimestre não foram muito empolgantes também para o Méliuz.

A companhia registrou prejuízo de R$ 6,3 milhões no 2T23, perda 73% menor na base anual. Mesmo com a queda das perdas, o BBA apontou o resultado como ligeiramente negativo, ainda que mostrando sinais de progresso.

O volume de vendas brutas (GMV, na sigla em inglês) no Brasil caiu 11% na base anual e 3% na trimestral. O net take rate (taxa líquida de serviço) aumentou para 2,3% no 2T23 (acima de 2,1% no 2T22 e 2,2% no 1T23), uma vez que a empresa se concentrou em melhorar suas margens.

O crescimento no total de compradores acelerou para 53% no trimestre, de 18% no trimestre anterior – uma demonstração positiva. A receita líquida totalizou R$ 72 milhões no 2T23, 1% superior ao 2T22, mas 14% inferior ao trimestre anterior devido aos efeitos da sazonalidade. “Embora não tão rápido quanto o esperado, a empresa parece estar no caminho para se tornar lucrativa”, avaliam os analistas.

Mas, além disso, a exclusão do Méliuz foi confirmada na carteira do Ibovespa que vigora entre setembro e dezembro.

A cada quatro meses, a B3 reavalia o Ibovespa, permitindo que novas empresas entrem ou saiam do índice se não atenderem aos critérios estabelecidos.

Para compor a carteira do Ibovespa B3, as companhias listadas precisam cumprir alguns requisitos como ter sido negociadas em 95% dos pregões dos últimos 3 anos e ter movimentação equivalente a pelo menos 0,1% do volume financeiro do mercado à vista no mesmo período.

A exclusão ou inclusão de alguma empresa do índice acaba impactando as ações, uma vez muitos fundos seguem a composição da carteira do benchmark da Bolsa.

Gol (GOLL4): queda de 27%

Além da alta do dólar, uma emissão de bônus que deve gerar bastante diluição aos acionistas pressionou as ações da aérea Gol.

Em meados de agosto,a empresa anunciou a emissão de até 1,891 bilhão desses bônus ao preço de exercício de R$ 5,84 por ativo GOLL4. Os acionistas terão até o dia 26 de setembro para exercer os bônus de subscrição e eles podem ser convertidos em ações da GOL a R$ 5,84 por papel GOLL4 a qualquer momento até 02 de março de 2028. Para cada ação da GOLL4, o acionista terá direito ao exercício de 4,52 ações preferenciais.

O acionista controlador também está transferindo, sem custos, 991,951 milhões de bônus de subscrição para a GOL Equity Finance, que é referenciada nas ESSNs (exchangeable senior secured notes).

Os analistas do Bradesco BBI apontaram logo após o anúncio que não esperavam que os acionistas minoritários da GOL iriam aderir a este aumento de capital. A ação estava sendo negociada, até o fechamento da sessão antes do anúncio, a R$ 9,36 por ativo, 20% abaixo do custo caixa total de R$ 11,66 da GOLL4 para exercer o bônus de subscrição a R$ 5,84 por papel e depois convertê-lo em patrimônio por R$ 5,82 por ação.

Para a Genial, apesar de a operação ser realizada para viabilizar a operação de dívida permutável anunciada no início do ano, o efeito de diluição faz com que o processo seja negativo.

Cabe destacar ainda que, na sequência do anúncio, o Citi cortou a recomendação dos papéis  (ADRs, ou ativos da companhia negociados na Bolsa americana) da aérea de compra para neutro/alto risco.

Operacionalmente falando, avalia, a Gol parece estar no caminho certo, com forte geração de receita, melhorando o fluxo de caixa operacional e um cenário competitivo brasileiro benigno.

“Apesar desse cenário operacional positivo, a participação da operadora na ABRA, juntamente com a colombiana Avianca, e agora uma planejada e massiva emissão de bônus, parecem medidas drásticas que criam desafios importantes para os acionistas minoritários”, avaliaram. O preço-alvo dos ADRs passou de US$ 7,75 para US$ 4,20.

Confira as 5 maiores baixas do Ibovespa em agosto:

Empresa Ticker  Preço Variação percentual
GPA PCAR3 R$ 4,94 -42,39%
Via VIIA3 R$ 1,27 -41,20%
Grupo Soma SOMA3 R$ 7,49 -33,36%
Méliuz CASH3 R$ 6,72 -32,33%
Gol GOLL4 R$ 7,03 -27%

Maiores altas

São Martinho (SMTO3): avanço de 7,95%

Elevação dos preços de combustíveis deixando o etanol mais competitivo e o cenário de alta que se desenhou nas últimas semanas para os valores do açúcar impulsionaram a alta da São Martinho no mês.

Na semana passada, cabe ressaltar, o Bradesco BBI elevou a recomendação para São Martinho para equivalente à compra.

O banco destaca o El Niño como um catalisador para as ações. Historicamente, o fenômeno climático provoca seca nos países asiáticos, o que resulta numa redução entre 6% a 8% na produção global de açúcar em comparação com a colheita anterior. Isto provoca aumento entre 50-60% nos preços internacionais, aponta a Ágora.

O Brasil é responsável por cerca de 40% do total das exportações de açúcar; com o aumento dos preços internacionais, as exportações tornam-se mais atrativas, como aconteceu em 2015/16, colocando assim uma pressão altista sobre os preços internos. Além disso, a Índia provavelmente proibirá as exportações de açúcar a partir de Outubro de 2023 para evitar a inflação alimentar no país, contribuindo para o esperado aumento dos preços.

A Guide também apontou a São Martinho como uma das empresas mais beneficiadas com a alta do açúcar.

A redução da produção de açúcar pela Índia não é novidade. Os preços do açúcar estão em alta, principalmente a partir do 2S22 quando uma combinação de safra ruim na Índia e migração pra etanol ganhou força. “Acreditamos que os preços do açúcar devem continuar elevado por pelo menos mais alguns meses (enquanto não houver sinais claros de aumento da produção), favorecendo os produtores de açúcar na bolsa”, apontou.

Vibra (VBBR3): alta de 7,76%

Entre as poucas altas do Ibovespa no período, o destaque ficou para as ações da Vibra, que também repercutiu o resultado do segundo trimestre.

A companhia teve lucro líquido de R$ 133 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), queda de 81,2% ante o mesmo período do ano passado.

O Credit Suisse apontou que a Vibra teve um Ebitda de R$ 910 milhões (R$ 101/m³) ajudado por ganhos na venda de ativos (R$ 58 milhões) e ganhos fiscais (R$ 120 milhões). Quando ajustado por esses dois itens, o Ebitda ajustado foi de R$ 732 milhões e ficou em linha com suas estimativas (-2,6% versus a projeção do Credit).

O lucro líquido superou o Credit em 17% devido aos dois ganhos extraordinários. A margem de R$ 81/m³ (em linha com o Credit, de R$ 82/m³) foi afetada novamente por perda de estoques (pelo quarto trimestre consecutivo) devido à queda nos preços dos combustíveis.

A Vibra estima que as margens ficariam em torno de R$ 130/m³ se ajustadas pelas perdas de estoque e hedge.

“Olhando para o futuro, acreditamos que a dinâmica da margem provavelmente será substancialmente melhor, pois não esperamos mais perdas de estoque de magnitude semelhante à dos últimos trimestres. Além disso, embora os altos níveis de estoque provavelmente tenham ocorrido no 3Q23, a dinâmica de preços mudou significativamente desde então, com a Petrobras com preços abaixo da paridade”, avaliou na ocasião.

A Levante Corp ressaltou que um destaque positivo foi a redução nas despesas, que totalizaram R$ 681 milhões, representando uma diminuição de 6,8% comparado ao 1T23. “Essa movimentação indica o foco da companhia na gestão de dispêndios do seu core business, objetivando aumentar a eficiência operacional. Com isso, o lucro operacional atingiu R$ 910 milhões, um aumento expressivo de 32,3% em relação ao primeiro trimestre de 2023”, destacou a casa de análise.

Petrobras (PETR4): em alta de 6,37%

Após uma primeira quinzena de tensão sobre a Petrobras, o cenário na segunda metade do mês virou para o positivo para a companhia.

Isso porque, no último dia 15, a estatal anunciou um aumento de 16,3% nos preços médios da gasolina vendida às distribuidoras e em 25,8% os do diesel, diante de uma defasagem em relação ao mercado internacional após a alta da cotação do petróleo, dirimindo assim os riscos ao abastecimento e aliviando o mercado, que mostrava preocupação com a retenção do aumento dos combustíveis.

A magnitude do reajuste, por sinal, surpreendeu muitos do mercado, como o Morgan Stanley, que esperava reajustes mais frequentes e de menor intensidade para acompanhar a paridade internacional. Um dos pontos de atenção, apontou o banco, envolviam a reação do governo à decisão da estatal mas, sem maiores declarações sobre o tema, um outro risco foi dirimido.

Assim, quatro grandes bancos elevaram a recomendação para as ações de neutra para compra após o reajuste. São eles: Bradesco BBI, BTG Pactual, Bank of America e UBS BB passaram a ter uma visão mais positiva para os ativos.

Ainda que um ou outro ponto da tese se destaque como mais ou menos importante para os analistas, ela está baseada nos três pilares, que foram reforçadas nas últimas semanas: i) Política de dividendos; ii) Política de preços de combustíveis e iii) Investimentos e disciplina de capital.

Embraer (EMBR3): valorização de 5,29%

As ações da Embraer também figuraram entre as poucas altas expressivas do mês. No fim de agosto, a fabricante de jatos anunciou que obteve a certificação de tipo da CAAC (Administração de Aviação Civil da China) para sua aeronave comercial E195-E2, o maior da família E-Jet, o que permite que as companhias aéreas do país operem jatos da companhia – um possível impulsionador para novos pedidos.

O JPMorgan destaca que o E190-E2 obteve sua certificação na China em novembro de 2022, enquanto a Airbus ainda não recebeu a certificação da CAAC para seu jato narrow-body A220, que acomoda até 135 passageiros (em comparação com o E195-E2, que acomoda até 146 passageiros), o que é favorável para a Embraer em termos de concorrência.

Para os analistas do banco, o anúncio é positivo, pois coloca a Embraer um passo mais perto de obter pedidos firmes de um mercado de aviação em rápido crescimento, apoiando o preenchimento da sua carteira de pedidos (backlog) de aviação comercial da empresa.

Segundo o relatório, a previsão de mercado mais recente da Embraer indica uma demanda por 2.270 novas aeronaves no segmento de até 150 assentos na China e na região da Ásia-Pacífico até 2042, impulsionada pelo desenvolvimento econômico e pela maior conectividade de rede em direção a centros regionais e cidades secundárias.

Nesta semana, também ganhou destaque a notícia da Bloomberg de que a Embraer superou a fabricante de aviões norte-americana Cessna, pertencente ao grupo Textron Company e se consolidou como a preferida nos Estados Unidos no segmento de jatos de pequeno porte. Por 15 anos, o jato executivo Cessna Citation Excel ocupou a posição principal no mercado norte-americano; contudo, em 2023, o Phenom 300 da empresa joseense assumiu o posto de modelo mais popular no país.

A agência de notícias também destacou que a Embraer avalia estabelecer múltiplas linhas de montagem na Índia para fabricar seus jatos de fuselagem estreita e alcance médio E2 e a aeronave de transporte militar C-390 Millennium, na tentativa de conquistar pedidos em um dos mercados de aviação que mais crescem no mundo.

Para isso, a fabricante de aviões brasileira está em negociações iniciais com potenciais parceiros no país, disse o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, em entrevista à Bloomberg em Nova Délhi.

IRB (IRBR3): avanço de 4,47%

O IRB passou por sessões de forte volatilidade, mas conseguiu fechar agosto em alta. Os resultados do segundo trimestre  do ressegurador também foram um catalisador para os ativos.

Após a divulgação dos números, no último dia 14, os analistas do Citi elevaram a recomendação de venda para neutro, apontando que a empresa começou a dar os primeiros passos na melhoria da rentabilidade, pois os contratos antigos estão pesando cada vez menos na sinistralidade.

A companhia fechou o segundo trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 20,1 milhões, revertendo prejuízo líquido R$ 373,3 milhões apurado no mesmo período do ano anterior.

“Como resultado, os níveis de suficiência de capital também começaram a melhorar e devem ser menos preocupantes daqui para frente”, avaliam os analistas.

Isso é combinado a uma mensagem mais positiva da administração em relação ao crescimento e lucratividade no médio prazo.

Assim, apontam, embora sejam cautelosos com o otimismo, não veem motivos suficientes para vender neste momento.

Os analistas também aumentaram o preço-alvo para a ação de R$ 25 para R$ 40, com base em perspectivas mais otimistas. “Nossas novas estimativas de lucro líquido recorrente para 2023 e 2024 são de R$ 91 milhões e R$ 246 milhões, respectivamente, contra -R$ 62 milhões e R$ 269 milhões anteriormente”, aponta o banco.

As mudanças no lucro líquido são principalmente derivadas de melhores números reportados no 1S23,  menor índice de sinistralidade esperada e índice de retrocessão para 2023 e 2024, alguma eficiência nos custos de aquisição, bem como melhores resultados financeiros para 2023, pontuam. O custo de capital também foi reduzido de 14,9% para 13,8%.

Enquanto o Citi se mostra menos pessimista com o IRB, alguns analistas reforçaram recomendação de venda após o balanço. 

A Genial Investimentos elevou o preço-alvo de R$ 28,20 para R$ 35, mas seguiu recomendando venda, apontando que ainda tem muitas dúvidas da trajetória e da rentabilidade normalizada da resseguradora que são insumos para a avaliação da resseguradora.

O BTG Pactual tem a mesma recomendação, ainda que com target de R$ 40 para os ativos. O banco reiterou a recomendação após o Investor Day da companhia, realizado nesta semana no Rio de Janeiro.

“O evento mostrou como o IRB avalia e subscreve riscos, determina preços para seus produtos, traça estratégias de diversificação de portfólio, gerencia provisões e capital, e aloca recursos. Ficamos impressionados com a presença de numerosos executivos jovens mas experientes, inspirados pelo entusiasmo contagiante do seu CEO. Esta energia coletiva significa uma dedicação revigorada para colocar o IRB de volta nos trilhos”, apontou.

Assim, o banco destacou que evento mostrou que o IRB está caminhando na direção certa. Contudo, apontou não esperar que a recuperação seja tão rápida como a recuperação dos preços das ações deste ano (+75% no acumulado do ano).

“O IRB ainda está encolhendo, o que é ruim para os números de subscrição (principalmente diluição de custos) e porque prejudica sua capacidade de gerar, reinvestir prêmios e produzir resultados financeiros. E com a queda da Selic, não prevemos recuperação rápida na linha de resultados financeiros. O balanço patrimonial melhorou, em termos de capital e provisões técnicas, graças aos lucros e à referida retração. Mas, e apesar da queda de quase 10% desde o nosso rebaixamento, no dia 23 de julho, para venda, o valuation permanece pouco atraente, levando-nos a reiterar nossa recomendação”, apontou.

Confira as 5 maiores altas do Ibovespa em agosto:

Empresa Ticker  Preço Variação percentual
São Martinho SMTO3 R$ 36,13 +7,95%
Vibra VBBR3 R$ 18,46 +7,76%
Petrobras PN PETR4 R$ 31,94 +6,37%
Embraer EMBR3 R$ 19,49 +5,29%
IRB IRBR3 R$ 42,96 +4,47%

(com Reuters, Estadão Conteúdo e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.