Grupo Soma (SOMA3) em forte queda na Bolsa, Guararapes (GUAR3) em disparada: as reações “extremas” aos balanços na sessão desta 5ª

Positivo e Allied saltaram, enquanto Neogrid caiu 13%; já Rede D'Or, Blau e OdontoPrev também tiveram baixa após resultados; veja as análises

Lara Rizério

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A temporada de resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23) está na sua reta final, período também em que ela fica mais intensa, com a divulgação de mais resultados, o que também leva a uma reação “extrema” das ações na Bolsa, conforme observado nesta quinta-feira (10) na Bolsa brasileira.

No segmento de varejo e consumo, por exemplo, o grande destaque negativo ficou para o Grupo Soma (SOMA3, R$ 9,98, -7,68%), enquanto Guararapes (GUAR3, R$ 7,00, +12,72%), dona da Riachuelo, viu as ações saltarem. De tecnologia, as ações de Positivo (POSI3, R$ 8,17, +5,15%) e Allied (ALLD3, R$ 7,06, +6,33%) subiram forte. Neogrid (NGRD3), por sua vez, teve forte desvalorização, com queda de 12,96% (R$ 1,41).

Já entre as empresas de saúde, enquanto Hapvida (HAPV3) saltou, Rede D’Or (RDOR3, R$ 32,27, +4,92%)  teve forte queda, assim como a Blau Farmacêutica (BLAU3, R$ 18,73, -4,44%). OdontoPrev (ODPV3, R$ 11,52, -8,43%) também teve forte baixa.

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No segmento de autopeças, o grande destaque ficou para Metal Leve (LEVE3, R$ 49,87, +8,55%).

Confira o que movimentou as maiores baixas e altas das empresas que divulgaram os resultados:

Grupo Soma (SOMA3)

O Grupo Soma registrou queda de 21,9% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado, saindo de R$ 130,8 milhões para R$ 102,1 milhões. Já o lucro líquido caiu 27,6%, a R$ 85,4 milhões.

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A empresa explica que o resultado foi impactado pelo maior volume de depreciação decorrente de maiores investimentos realizados nos últimos anos, assim como pelo incremento da taxa SELIC, contribuindo para uma pressão nas despesas financeiras da companhia.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 215,4 milhões, alta anual de 2,4%, compensando parcialmente a pressão de margem bruta no período, com maior eficiência em despesas, em especial na Hering, que vem avançando em rentabilidade e otimização de despesas operacionais.

Para o Itaú BBA, os resultados da Soma foram “suaves”. Apesar de mostrar números decentes de receita para Soma e Hering (em relação aos pares), a pressão da margem bruta decorrente da Soma excluindo Hering (-420 pontos-base na comparação anual) mais do que compensou as tendências saudáveis ​​da Hering.

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Alguma diluição de despesas gerais e administrativas não foi suficiente para compensar a pressão de margem bruta, com a empresa mostrando 0,5 ponto percentual de pressão de margem Ebitda. Assim, o banco destacou, em relatório antes da abertura do mercado, que já esperava uma reação negativa, dado que há uma grande exposição de investidores locais no papel. Porém, segue com recomendação equivalente à compra para os ativos.

A XP também seguiu com visão positiva para a ação e preço-alvo de R$ 14. Para os analistas do banco, o Grupo reportou resultados em linha com as suas estimativas no 2T, com um sólido desempenho de receita, mas margem bruta pressionada na operação “ex-Hering” devido às base de comparação e efeitos fiscais registrados no trimestre.

A receita líquida consolidada cresceu 7% no ano, impulsionada pela Farm Global (+20% A/A), Animale (+18%), Farm (+7%) e Hering (+3,5%), enquanto o digital (+22%) e o atacado (+9%) foram os destaques em termos de canais.

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“Interessante notar que i) o crescimento da Farm Global (+20%) permanece sólido, apesar dos ventos macro desfavoráveis para a operação; ii) a Hering superou a performance de outras varejistas de vestuário, que apresentaram queda nas vendas (Renner -6% e Guararapes -2,6%); e iii) a Animale se recuperou de forma sólida desde o último trimestre, depois da normalização da sua cadeia de suprimentos”, aponta.

Já a rentabilidade foi o destaque negativo, com a margem bruta consolidada caindo 1,8 ponto percentual (p.p.) ano a ano, impactada por Soma ex-Hering (-4,2 p.p) por conta da base de comparação difícil, aumento de impostos (DIFAL e PIS/Cofins) e menores subvenções.

O Bank of America também destaca que a base de comparação mais difícil afetou os números da companhia, porém, reforça a recomendação de compra para as ações.

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Segundo os analistas, a demanda por vestuário, principalmente entre os grupos de renda média, deve se beneficiar da inflação mais baixa, da redução das taxas de juros e da desalavancagem do consumidor.

“No entanto, vemos algum risco do comércio eletrônico transfronteiriço com vantagens fiscais, principalmente para a marca Hering, mais popular. As marcas aspiracionalmente posicionadas da Soma podem se mostrar mais isoladas. No entanto, acreditamos que a Soma continua bem posicionada em seu portfólio e vemos várias fontes de oportunidades mais abertas”, avalia.

Guararapes (GUAR3

A dona da Riachuelo registrou um prejuízo liquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o lucro de R$ 26,3 milhões do mesmo período de 2022.

Para o BBA, a Guararapes divulgou resultados fracos tanto no braço de varejo quanto no financeiro. Uma base de comparação difícil e uma maior atividade promocional impactaram negativamente a lucratividade do segmento de varejo, que veio pressionada em 1,3 ponto percentual em base anual (mas 1,6 ponto acima das estimativas do banco).

A divisão de varejo continua impactada pelo cenário macroeconômico ainda desafiador, o que resultou em uma rentabilidade fraca por mais um trimestre. “Por outro lado, a empresa compartilhou alguns indicadores encorajadores em relação às vendas no varejo de junho e à melhoria dos índices de inadimplência, um ponto que monitoraremos de perto nos próximos meses. Por fim, esperamos que os investidores foquem na sustentabilidade das tendências de melhora nos próximos meses”, avalia.

Por ora, o BBA mantém visão neutra (desempenho em linha com a média do mercado) no papel, com preço-alvo de R$ 8 ao fim de 2023.

A XP, por sua vez, aponta que os resultados foram fracos, mas acima das suas estimativas, com a receita líquida pressionada por base de comparação com o 2T22, mas com economias de despesas gerais e administrativas na operação de mercadorias e também na Midway. “Mantemos nossa recomendação Neutra e preço-alvo de R$ 6,50/ação”, destacou após o balanço.

A receita líquida ficou estável (-1% frente o 2T22), com queda na operação de mercadorias (-2,6%) devido a bases de comparação difíceis, ventos contrários relacionados ao clima/temperatura e demanda fraca por produtos de Casa e Eletrônicos frente aos desafios macroeconômicos.

Eles foram parcialmente compensados por uma melhor dinâmica na Midway (+4%), que foi impulsionada pelo ajustes na precificação dos seus produtos, crescimento de receita com juros e melhores resultados do Midway Mall (+34%), principalmente pelo início da cobrança de estacionamento implementado desde o início do ano.

Positivo (POSI3)

Apesar da disparada das ações, analistas de mercado viram os resultados da Positivo como neutros.

A companhia reportou Ebitda de R$ 96,7 milhões para o 2T23, (de R$ 84,8 milhões no 1T23 e R$ 185,4 milhões no 2T22), com margens expandindo 0,70 p.p. no trimestre, para 12,8%, e tendências de receita amplamente semelhantes às do 1T23 – ou seja, contribuição ainda discreta dos segmentos corporativos e de instituições públicas.

Já em uma nota positiva, aponta o Bradesco BBI, a empresa reforçou sua projeção de receita bruta de R$ 5,5 a 6,5 bilhões para 2023, sugerindo que a dinâmica deve acelerar no segundo semestre, com a materialização esperada de alguns projetos que a empresa já possui em carteira. Por fim, a empresa também anunciou um programa de recompra de até 5,5 milhões de ações ordinárias (3,8% do total de ações) em 18 meses, o que deve fornecer algum suporte para as ações.

O banco destaca que a empresa reiterou seu guidance de receita para o ano, sugerindo que o dinamismo dos resultados deve acelerar no 2S23, não trazendo revisões relevantes para as projeções de resultados neste momento.

Para a XP, a Positivo reportou dinâmica operacional neutra no segundo trimestre, considerando uma base de comparação forte. A receita líquida ficou em linha com as expectativas, entregando uma queda de -54% ano a ano, mas um aumento de +7% frente o 1T23, devido à diminuição nas vendas comerciais e à ausência de receita proveniente de urnas eletrônicas.

A margem Ebitda foi de 12,8%, +0,8 ponto acima das estimativas da casa e +0,8 ponto frente o 1T23.

“A empresa reiterou seu guidance de receita bruta para 2023 na faixa de R$ 5,5 bilhões a R$ 6,5 bilhões, mas mencionou que estará próximo do limite inferior da faixa, devido a atrasos nas aquisições do governo e ao adiamento de projetos de servidores. A relação dívida líquida/Ebitda dos últimos doze meses aumentou para 1,7 vez (em comparação com 1,5 vez no primeiro trimestre de 2023)”, aponta a XP, que tem recomendação de compra para a ação e preço-alvo para o final de 2023 de R$ 16.

Allied (ALLD3)

Mesmo com a alta, analistas viram os números como neutros. A companhia  teve lucro líquido contábil de R$ 16,8 milhões no segundo trimestre de 2023, 29,9% menor frente igual período de 2022. Já o lucro ajustado totalizou R$ 18,1 milhões, queda de 24,9%.

A Allied reportou resultados mistos referente ao 2T23, apontou a XP. A receita líquida da empresa ficou em R$ 1,527 bilhão, um aumento de 20% ano a ano e 7% acima das suas expectativas, impulsionado principalmente por uma receita de R$ 592 milhões em vendas de distribuição internacional, que compensou o fraco desempenho da operação brasileira.

O Ebitda ajustado foi de R$ 70,6 milhões, um aumento de +1,2% frente o 2T22, mas a margem Ebitda diminuiu -0,9 ponto frente o 2T22, refletindo a maior participação da operação de distribuição internacional, que tem margens mais baixas (margem bruta de 2,2%) e margens ainda pressionadas no segmento de distribuição brasileiro.

Por outro lado, a Allied revisou novamente seu guidance para 2023 da receita bruta na operação internacional para R$ 1,6- R$ 2,0 bilhões (de R$ 1,0-1,2 bilhão). A relação dívida líquida/Ebitda dos últimos doze meses reduziu para 0,9 vez (em comparação com 1,8 vez no 4T22), refletindo a gestão eficiente de caixa da empresa, aponta a XP, que mantém recomendação neutra e preço-alvo para o final de 2023 de R$ 7,5 por ação para a ALLD3.

“Os resultados do 2T23 da Allied superaram as expectativas em geral, embora em termos absolutos, a magnitude da batida não tenha sido significativa para Ebitda e lucro líquido”, avaliaram os analistas do BBA.

Um declínio acentuado de receita anual na distribuição brasileira, operações em lojas físicas e em operações digitais foi compensado por receitas acima da expectativa na operação de distribuição internacional.

“Dado que o Ebitda foi acima do esperado muito pelo controle de despesas mais rígido do que o esperado, caracterizaríamos a qualidade como baixa”, apontou.

Rede D’Or (RDOR3), OdontoPrev (ODPV3) e Blau Farmacêutica (BLAU3)

Entre as empresas ligadas ao setor de saúde, o BBA destacou que os resultados da Rede D’Or trouxeram uma surpresa positiva do lado de seguros, com a sinistralidade caindo 2,3 pontos porcentuais em base trimestral, superando suas expectativas.

Dito isso, a parte de serviços hospitalares ficou praticamente em linha com as suas estimativas, com um crescimento de receita mais moderado e uma rentabilidade operacional (margem Ebitda) um pouco abaixo do que projetava. O banco tem indicação “neutra” para RDOR3, com preço-alvo de R$ 37 ao final de 2023.

A XP ressaltou que os resultados podem ser lidos de forma positiva, mas vê a maior parte dele como já precificado.

“No negócio de hospitais, destacam-se a plena recuperação da taxa de utilização e a expansão de 0,5 p.p. da margem Ebitda . No negócio de seguros, os destaques foram o forte crescimento da receita, impulsionado pelos aumentos de preços, combinado com uma redução sequencial na sinistralidade”, apontou.

A alavancagem ajustada (incluindo provisões técnicas, arrendamentos e obrigações de aquisições) foi de 3,3 vezes o Ebitda e os analistas esperam que continue diminuindo nos próximos trimestres, auxiliado por melhorias nas receitas e margens de ambas as unidades de negócios.

Já na Blau, a companhia reportou receita líquida estável em relação ao ano anterior e estritamente em linha com a estimativa do BBA.

O desempenho da receita foi impulsionado principalmente pelo segmento de varejo, que apresentou crescimento de 8% em um ano. Em relação à lucratividade, a empresa teve forte contração da rentabilidade operacional (margem Ebitda) como resultado da desalavancagem operacional no trimestre devido a maiores despesas com vendas e despesas gerais e administrativas. “Mantemos nossa indicação de ‘compra’ para BLAU3, com preço-alvo de R$ 30 ao fim de 2023”, destacou o BBA.

Para a XP, os resultados foram ligeiramente negativos no 2T23, com lucro líquido de R$ 70 milhões. As receitas ficaram estáveis em relação ao ano anterior, mesmo com alguma contribuição do aumento de capacidade e novos produtos.

A margem Ebitda diminuiu 7,2 pontos na base anual, prejudicada pelo consumo de estoques de custo mais alto, alocação de custos da Hemarus e maiores despesas administrativas em relação às receitas.

“Pelo lado positivo, notamos que a empresa mantém uma posição de caixa líquido, auxiliando no lucro líquido. Embora considerando o valuation das ações atraente, não esperamos que as ações tenham um desempenho positivo até que haja um cenário mais claro para a expansão da receita e da margem”, avalia.

Já para a OdontoPrev, a receita foi em linha com a estimativa do BBA, impulsionada pelo desempenho positivo de adições líquidas aliada a um ticket médio saudável.

Quanto à rentabilidade, a sinistralidade ficou amplamente em linha com o que projetava, mas as despesas de vendas, gerais e administrativas foram piores do que o esperado, impulsionado também pelo aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD). A rentabilidade operacional ajustada (margem Ebitda) foi de 27,9%, 2,1 pontos abaixo do que esperava. “Mantemos nossa indicação ‘neutra’ para ODPV3, com preço-alvo de R$ 14 ao final de 2023”, destacou.

Mahle Metal Leve (LEVE3)

A MAHLE Metal Leve (LEVE3), empresa de autopeças, registrou um um lucro líquido de R$ 193,1 milhões em seu balanço referente ao segundo trimestre de 2023. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o número foi de R$ 114,9 milhões, houve uma elevação de 68,1%.

A empresa reportou Ebitda de R$ 254 milhões no 2T23, 15% acima do que o Bradesco BBI projetava.

Entre os principais destaques, estiveram: 1) as receitas da Mahle Metal Leve no segmento aftermarket (peças de reposição) doméstico cresceram 23% no ano mais do que compensando as receitas OEM (de (Fabricante Original do Equipamento) domésticas, que caíram 3% ano a ano; 2) a empresa apresentou uma forte margem bruta de 30,3% (+4,9 pontos ano a ano) devido ao melhor mix e também um delay bem-sucedido no repasse dos preços mais baixos de matérias-primas; 3) sua alavancagem financeira de 0,2 vez deve continuar permitindo um alto pagamento de dividendos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.