O que esperar para o IRB (IRBR3) após a capitalização? Citi mantém venda, enquanto JPMorgan eleva recomendação para neutra

Citi reduziu o preço-alvo dos ativos de R$ 1,60 para R$ 1,10, enquanto JP elevou recomendação destacando que valor do ativo está mais razoável

Lara Rizério

IRB (Foto: Divulgação)

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Após o novo aumento de capital que levou a uma forte queda dos ativos, analistas de mercado se debruçam sobre as perspectivas para as ações do IRB (IRBR3). Depois da capitalização, o Citi manteve recomendação de venda para os papéis, enquanto que o JPMorgan elevou a recomendação para os ativos para neutra.

O Citi atualizou o seu modelo para o ressegurador, incluindo a capitalização de R$ 1,2 bilhão por R$ 1 por ação (os analistas do banco tinham projeção de R$ 1 bilhão por R$ 2,50 no modelo prévio) realizada na quinta-feira, a venda do edifício sede para o Sebrae-RJ por R$ 85 milhões e o acordo extrajudicial com os donos do Casashopping em que receberá R$ 100 milhões – todos anunciados na semana passada. Os novos ativos da companhia estreiam nesta segunda-feira (5).

Dada a melhora da posição de caixa da companhia, os resultados financeiros tiveram leve alta, levando a previsão de lucro líquido para 2023 de R$ 332 milhões para R$ 361 milhões.

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Dito isso, não houve outras mudanças em relação às operações, avalia o banco. Após incorporarem o valor total das três operações e a diluição massiva das ações, os analistas mantiveram a recomendação de venda para os ativos e reduziram o preço-alvo de R$ 1,60 para R$ 1,10, ou queda de 10% ante o fechamento de R$ 1,22 de sexta-feira, quando as ações caíram 12,86% na sequência do follow-on.

O JPMorgan, por sua vez, elevou a recomendação para as ações do IRB de underweight (exposição abaixo da média do mercado) para neutra. Os analistas apontam que, após uma queda substancial de mais de 70% ante alta de cerca de 6% do Ibovespa em 2022, agora os analistas veem o IRB negociando a múltiplos mais consistentes com o que acreditam ser a rentabilidade do negócio.

“Notavelmente, depois de inserir a oferta em nossos modelos, vemos a ação a 0,9 vez o patrimônio tangível mais VPL (Valor Presente Líquido) de créditos fiscais, mais consistente com a nossa visão de um esperado ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] de longo prazo entre 14% e 18%”, avaliam os analistas.

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Eles também esperam que o follow-on de R$ 1,2 bilhão, além de R$ 185 milhões em receitas recebidas do CasaShopping e da venda da sede impulsionem o índice de solvência para cerca de 145% e o de liquidez regulatória para superávit de R$ 650 milhões.

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Os analistas do JP também veem melhor momentum operacional com a normalização das perdas rurais. O IRB, apontam, foi anormalmente impactado na primeira metade do ano por graves perdas rurais no Brasil, que veem como menos recorrentes.

“Em particular, um exercício assumindo a sinistralidade rural em média histórica colocaria o IRB próximo de imprimir lucros na primeira metade do ano. Olhando para o futuro, já vemos tendências melhores para desempenho rural das seguradoras durante maio e junho, que esperamos que sejam refletidos nos resultados das resseguradoras no 3T22”, avaliam os analistas.

Supondo que não seja grande a saída de recursos no curto prazo, o aumento de capital já somaria cerca de R$ 50 milhões
em ganhos por trimestre para o IRB nos resultados financeiros, avalia o JP. “Isso deve ajudar a antecipar o curva de retorno e adicionar sentimento positivo ao papel, especialmente considerando sua grande base de investidores de varejo”, apontam os analistas.

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Sem ter um preço-alvo específico, eles veem como faixa de valor justo entre R$ 1,00 e R$ 1,40 por ação (entre queda de 18% e alta de 15% frente o fechamento de sexta-feira). Na área de seguros, mantêm preferência por Porto (PSSA3), com um múltiplo de 8,4 vezes o preço sobre lucro P/L) esperado para 2023 e BB Seguridade (BBSE3), com um P/L de 8,4 vezes, ante 13 vezes do IRB.

Na sexta-feira, Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, destacou que o nível de incerteza para o IRB após a capitalização ainda é elevado e o cenário turbulento deverá permanecer por mais alguns trimestres.

“A principal dúvida é se realmente o valor captado na oferta deverá resolver a situação ou veremos uma nova chamada de capital em um futuro não muito distante, caso a companhia continue queimando caixa, ficando novamente abaixo dos requisitos regulatórios mínimos exigidos pela SUSEP”, aponta o analista. A Eleven ajustou o seu preço alvo para R$ 1,40 considerando a quantidade de ações em circulação após a oferta, mantendo a recomendação neutra para IRBR3.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.