Natura (NTCO3) reverte lucro, tem prejuízo de R$ 559,8 milhões no 3º tri e descontinua projeções

Companhia viu receita de maioria das suas marcas recuar e teve resultado financeiro se deteriorando na base anual

Vitor Azevedo

Loja da Natura (Divulgação)

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A Natura (NTCO3) teve um prejuízo líquido de R$ 559,8 milhões no terceiro trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 272,9 milhões do mesmo período do ano passado. O número foi maior do que o prejuízo do consenso Refinitiv , que previa um prejuízo R$ 174,2 milhões.

Em parte, a performance acompanha o faturamento da companhia – a receita líquida caiu 5,7% na base anual, de R$ 9,5 bilhões para R$ 9 bilhões.

A Natura da América Latina e a Aesop foram as únicas marcas da companhia que viram seus faturamentos avançar. O da primeira registrou alta de 11% no ano, indo para R$ 5,7 bilhões, e o da segunda, de 21,5%, para R$ 602,6 milhões.

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A Avon viu seu faturamento recuar 4,1% na mesma região e 19,8% na Avon Internacional, com a receita caindo, ao total, 8,1%, para R$ 1,6 bilhão. Mas o pior desempenho entre as marcas foi da The Body Shop, que teve seu faturamento recuando 19,5% no ano, indo para R$ 976 milhões.

“O tráfego de lojas continua mostrando sinais de recuperação, porém de forma mais devagar do que a prevista, dada que a confiança do consumidor foi impactada pela inflação e pelo alto custo de vida”, explica a Natura no documento publicado na noite desta quarta-feira (9). Apesar desta melhora, ela ainda não ocorre em um ritmo suficiente para compensar as mudanças do canal TBS At-Home e os altos níveis de estoque mantidos pelos nossos parceiros franqueados durante o ano”.

A Natura viu ainda sua margem bruta cair 120 pontos-base na comparação ano a ano, para 64,1%, com maior custo dos produtos vendidos (CPV). O lucro bruto caiu 7,4%, para R$  5,7 bilhões.

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“Apesar de alguns preços de commodities apresentarem recentemente uma tendência deflacionária, a Natura &Co compra insumos de valor agregado. Os preços dos insumos estão correlacionados aos preços das commodities, mas essa dinâmica tem sido mais do que compensada pelo aumento dos preços de energia e da inflação como um todo”, diz a empresa de cosméticos.

Ao mesmo tempo, as despesas operacionais da holding recuaram 5,9%, para R$ 5,5 bilhões. Destaque para os recuos dos gastos administrativos, com pessoal, etc, que recuaram 10,9%, para R$ 1,4 bilhão.

Esses menores gastos permitiram que a Natura mantivesse sua margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), estável na comparação ano a ano, em 8,6%. O Ebitda ajustado da Natura, porém, recuou junto da receita, caindo 5,7%, para R$ 772,5 milhões.

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Por fim, a companhia registrou um prejuízo financeiro de R$ 564 milhões no terceiro trimestre, alta de 92,5% na base anual. A Natura explica que a alta se deu por conta das perdas com taxas de juros, que subtraíram R$ 95,9 milhões do balanço (alta de 88% no ano) e pelos gastos com variação cambial, com destaque para a libra esterlina, o peso argentina e a lira tuca.

A Natura fechou setembro com uma dívida líquida de R$ 5,17 bilhões, ante R$ 4,4 bilhões no mesmo mês de 2021.

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Natura descontinua projeções

A companhia também informou que decidiu descontinuar o seu guidance (projeções) para receita líquida consolidada, margem Ebitda consolidada, índice de endividamento líquido consolidado, além de projeções para Avon Internacional, margem Ebitda recorrente, programa de investimentos e, por fim, expectativas de captura de sinergias resultantes das combinações de negócios com a Avon Products.

A retirada do guidance ocorre no contexto da nova gestão, de cinco meses, sob o comando de Fabio Barbosa.

Naquela ocasião, aponta a empresa, foi anunciada uma reorganização da estrutura da Natura &Co, com o objetivo de aumentar as reponsabilidades de suas unidades de negócios e uma estrutura mais simples da holding. As mudanças, recomendadas pelo Comitê de Transição, continuam sendo implementadas pela administração, afirmou.

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Adicionalmente, também anunciou que avalia rever seus modelos de operação e/ou sua presença nos mercados de baixo desempenho, bem como está acelerando o ritmo da integração das marcas Natura e Avon na região da América Latina.

Mais recentemente, também foi divulgado estudo acerca de um potencial IPO ou spin-off (separação do grupo) da sua marca e unidade de negócios de luxo e bem-estar, Aesop.

“Tendo em vista a continuidade da reestruturação organizacional da companhia e as recentes atualizações sobre possíveis alterações em suas linhas de negócio, a companhia decidiu descontinuar as projeções”, reforçou.

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