MRV (MRVE3) anuncia oferta de ações para captar até R$ 1 bilhão: o que a construtora pode fazer com o capital?

Construtora diz que usará recursos para melhorar estrutura de capital, na atividade de incorporação no Brasil; analistas destacam redução de alavancagem

Equipe InfoMoney

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Após ter afirmado no início da semana que estudava um follow on, a MRV&Co (MRVE3) anunciou nesta quinta-feira (6) que protocolou pedido de oferta pública primária de ações, com lote inicial de 58.640.000 papéis, que espera precificar em 13 de julho.

A oferta pode ser acrescida em até 33,3% para atender a eventual excesso de demanda.

Considerando a cotação de fechamento das ações da construtora na véspera, de R$ 12,79, a operação totaliza R$ 1 bilhão se considerada a venda também dos papéis adicionais.

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A MRV&Co disse que a pretende utilizar a totalidade dos recursos líquidos da oferta para melhorar a estrutura de capital da companhia, exclusivamente na atividade de incorporação no Brasil.

BTG Pactual, Bradesco BBI, Itaú BBA e Santander Brasil são os coordenadores do follow-on.

O Goldman Sachs destaca que a intenção da empresa, segundo diversas fontes de notícias, é ter um foco no aumento da participação no Minha Casa, Minha Vida após as recentes aprovações do governo para aprimorar o programa.

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“Calculamos que esse potencial aumento de capital, tudo mais constante, poderia ajudar a reduzir a alavancagem da MRV de cerca de 94% no 1T23 para entre 66% (considerando oferta + emissão de ações) para 72% (considerando oferta)”, aponta,

Os analistas do banco observam que esta tem sido uma questão fundamental para a MRV, uma vez que atingiu níveis recordes de alavancagem recentemente impulsionados pela queima de caixa na construtora brasileira e na incorporadora multifamiliar nos Estados Unidos.

O JPMorgan vê oferta subsequente como positiva para a MRV, uma vez que irá suprimir preocupações com seu alto nível de alavancagem e melhorar sua estrutura de capital, sendo positivo para os lucros e o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do próximo ano.

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Segundo os cálculos do banco, assumindo que a empresa será capaz de emitir cerca de 78,2 milhões de ações (base + adicional) e levantar cerca de R$ 1 bi, a relação dívida líquida sobre patrimônio deve cair para 60% versus 82% no 1T23. Do ponto de vista do ROE, para 2024 aumentaria em 0,3 ponto percentual (a 11,4%) devido a melhores resultados financeiros (melhoria de 16%).

O banco afirma não estar claro se o controlador Rubens Menin participará da oferta, mas assumindo a oferta base (58,6 milhões de ações), a fatia dele seria diluída em cerca de 4% se não participasse da operação, passando a ter uma participação de cerca de 32%. Nesse cenário, o free float (em circulação no mercado) aumentaria para 67%, dos 63% atuais.

As visões das duas casas para as ações são distintas. O Goldman Sachs tem recomendação de venda para MRV, com preço-alvo de R$ 7, ou 45% abaixo do fechamento da véspera, enquanto JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra). Às 14h30 (horário de Brasília) desta quinta, os ativos MRVE3 operavam estáveis, a R$ 12,79.

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(com Reuters)