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As mudanças no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), com maior teto, mais subsídios, diminuição de taxas de juros e meta de atendimento de 2 milhões de famílias, mexeram com o mercado de incorporação e construção, especialmente para as empresas listadas na Bolsa.
Além disso, com maior controle e redução de custos das obras – que haviam disparado no ano passado, estourando orçamentos e impactando margens –, os novos empreendimentos em construção e a serem lançados surgem em um ambiente mais propício às companhias.
Com esse cenário, é esperado, inclusive, que empresas, que antes não atuavam no segmento de habitação de baixa renda, passem a operar e a concorrer com players tradicionais – que, pelo seu lado, buscam se capitalizar, como, por exemplo, com ofertas de ações (follow-ons).
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Construtoras apostam no Minha Casa Minha Vida
Ricardo Gontijo, CEO da Direcional (DIRR3), afirmou a analistas nesta temporada de resultados que o aperto com o financiamento imobiliário pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que vive restrição de funding pelos bancos, impulsiona players para o agora vantajoso MCMV.
“É natural que eventuais empresas que não tinham competitividade dentro do programa Minha Casa Minha Vida passem a desenvolver produtos para atuar nele”, disse.
Principal mercado imobiliário do país, São Paulo deve ser o palco de maior concorrência dentro do programa. Há quem já vislumbre, inclusive, aumento de custo de mão de obra na cidade por conta desse cenário.
Miguel Mickelberg, CFO da Cyrela (CYRE3), demonstrou essa preocupação. “É claro que o Pode Entrar (programa habitacional da prefeitura de São Paulo) e o aumento de volume do Minha Casa Minha Vida são fatores que podem piorar (o quadro de mão de obra)”, afirmou.
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A Cury (CURY3), que atua no MCMV, citou na apresentação de resultados do segundo trimestre que busca acelerar a aquisição de terrenos por conta da competição no programa. Inclusive a empresa estuda ampliar a participação em faixas de menor renda do MCMV.
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Mudança de contexto
Por sua vez, Rodrigo Osmo, CEO da Tenda (TEND3), pontuou que “o contexto mudou de janeiro para cá” e ele pode priorizar atuar em São Paulo no MCMV, em detrimento do programa Pode Entrar (programa habitacional da prefeitura de SP), que tem números tímidos de unidades em relação ao federal.
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A MRV (MRVE3), maior operador do MCMV, já faz as contas para alcançar 40 mil unidades vendidas por ano e melhorar a sua margem bruta, que andou em baixa em meio à elevada queima de caixa realizada nos últimos tempos pela companhia.
Rafael Menin, CEO da MRV, comentou a analistas que o programa pode “destravar” a companhia. Executivos da MRV e da Direcional, empresas que têm alta capilaridade no país do MCVM, comentaram ainda que não enxergam dificuldade em focar em praças mais rentáveis, com a perspectiva de maior concorrência nos grandes centros.
Reforçando o caixa
O CEO da Direcional chegou a comentar que os recursos do follow-on realizado em julho pela companhia, serão direcionados justamente para acelerar o crescimento nas praças onde a Direcional vê perspectiva de ganho de market share.
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Mas não foi a única que pensou em reforçar o caixa – ou diminuir o endividamento para melhorar a estrutura de capital – em função do novo momento do mercado imobiliário. No mesmo mês, a MRV levantou R$ 1 bilhão com seu follow-on.
Semana passada, foi a vez da Tenda anunciar a intenção de realizar uma oferta pública no valor aproximado de R$ 200 milhões, com previsão de lote adicional de até R$ 50 milhões.
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Controle melhor de orçamentos
O equilíbrio dos custos de insumos e de matéria-prima também tem ajudado a animar o mercado. “Os projetos lançados mais recentemente têm expectativa de INCC (Índice Nacional de Custo de Construção) muito abaixo da que tinha oito meses atrás”, pontou Gontijo.
Luiz Mauricio, CFO da Tenda, vê o cenário externo de pressão de custos de materiais “acomodado” atualmente, dando “um conforto grande de aderência de orçamentos (de projetos) daqui para a frente”.
Alto padrão tem cautela
Enquanto isso, executivos da Cyrela (CYRE3), que atua mais no segmento de médio e alto padrão, mostram cautela com relação ao mercado imobiliário.
“A gente não espera melhora nenhuma (com a queda da taxa Selic). Obviamente se os bancos em algum momento abaixarem as taxas (de juros) para os clientes, isso vai melhorar. Mas não sei se é no curto prazo”, afirmou Raphael Horn, CEO da companhia.
A Moura Dubeux (MDNE3), por exemplo, não pretende atuar no programa MCMV, mas vai se manter no segmento acima do teto do programa, na faixa de R$ 350 mil a R$ 500 mil.
A companhia não vê maior concorrência por banco de terrenos no Nordeste, região que atua, e acrescenta que isso não é motivo de preocupação.
Com a desaceleração do INCC, a Moura Dubeux espera que diminua a necessidade de mudanças nos orçamentos de obra, afirmou a administração a analistas para comentar os resultados do 2º trimestre.
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