Mercado Livre (MELI34) desponta na Black Friday e analistas reforçam visão positiva; BBI saúda foco do Magalu (MGLU3) em rentabilidade

Evento atingiu seu ápice com resultados desiguais entre os players brasileiros de comércio eletrônico, apontam analistas

Lara Rizério

(Shutterstock)

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Os primeiros dados pós-Black Friday reforçam a visão positiva para o Mercado Livre (MELI34), cuja ação é negociada na Nasdaq e que possui BDRs (Brazilian Depositary Receipts, ou recibo de ações) negociados na B3, de acordo com os analistas do Morgan Stanley e do Bradesco BBI.

O evento Black Friday 2023 no Brasil (entre 23 e 24 de novembro) atingiu seu ápice com resultados desiguais entre os players brasileiros de comércio eletrônico, aponta o BBI. O Mercado Livre registrou vendas recordes sem sacrificar as margens, conforme divulgado pela empresa.

A companhia também ressaltou que as suas vendas entre quinta-feira de manhã e sexta-feira até às 17h (horário de Brasília) apresentaram um aumento de 80% no GMV (volume bruto de mercadorias) na base de comparação anual, com um resultado particularmente forte para eletrônicos – uma categoria chave para a temporada. No acumulado do mês, segundo o Morgan Stanley, o aumento geral foi de 39%.

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Por outro lado, dados do Neotrust, plataforma de dados e de inteligência sobre o e-commerce brasileiro, (que não inclui Mercado Livre) apresentou uma contração de 15,1% na base anual sobre uma base já baixa de 2022 (que teve uma queda de dois dígitos ante o ano anterior) para o período entre quinta e sexta-feira até às 23h59.

O Bradesco BBI, por sua vez, pondera que os diretores do Magazine Luiza (MGLU3) Eduardo Galanternick e Fabrício Garcia deram entrevistas dizendo que a Black Friday deste ano do Magalu teve a maior margem de contribuição de todos os tempos para o evento e que as vendas das lojas físicas cresceram dois dígitos na base anual.

“Foi a Black mais rentável da empresa em anos de evento, a melhor margem de contribuição para a data em relação aos outros períodos”, disse no fim da última semana ao Valor Galanternick, vice-presidente de negócios do Magalu. “Estamos numa trajetória de aumento de margem como nos propomos, e passada a Black Friday, teremos certeza de que cumpriremos o que foi planejado, que é termos melhores resultados, e isso nos dá mais segurança do rumo tomado”, afirmou.

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A empresa tem fortalecido desde 2021 a estratégia de buscar maior retorno sobre o capital investido e alocar recursos de forma mais racional, em parte, pelo ambiente de aumento do custo dos recursos no país, após alta da Selic.

O BBI acredita que os resultados dos eventos da Black Friday brasileira de 2023 reforçam as tendências de desempenho já existentes, com o impulso contínuo e mais forte do Mercado Livre em relação aos players locais, o que sustenta a  sua visão mais construtiva para a companhia com base em seu poder de lucros e bom “momentum”.

“No futuro, esperamos que o Mercado Livre continue em seu caminho de execução robusto, com ventos favoráveis competitivos em 2024”, avalia.

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O Morgan Stanley entende que o Mercado Livre investiu em publicidade incremental, descontos e logística sazonal para a temporada de férias deste ano, enquanto as divulgações da empresa falavam de um “objetivo de sustentar registros de crescimento sem sacrificar margens”.

O Mercado Livre fez 7,2 mil contratações temporárias de logística, o que se compara a uma contagem de funcionários no Brasil no final de 2022 (todas as funções) de 16,1 mil e uma contagem no final de 2021 de 12,4 mil.

“No Brasil, vemos o Mercado Livre continuando a divergir positivamente das tendências do setor”, aponta o Morgan. Segundo os analistas do banco, embora o desempenho superior do Mercado Livre no Brasil tenha sido uma tendência consistente no acumulado do ano, os analistas do banco americano veem a aceleração de novembro e o destaque em eletrônicos como pontos positivos incrementais e reiteram recomendação overweight (desempenho acima da média, equivalente à compra) para a ação do Mercado Livre negociada na Nasdaq.

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Sobre o Magalu especificamente, o BBI ressalta que as tendências de lucro por ação (LPA, ou EPS na sigla em inglês) dos últimos trimestres já apontaram para uma tendência negativa, com despesas de vendas maiores que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ex. IFRS no terceiro trimestre de 2023 (3T23), enquanto as margens dos “quarto trimestres” são sazonalmente mais pressionadas devido ao evento da Black Friday, o que de certa forma limita o poder real de ganhos da companhia por enquanto.

“De qualquer forma, saudamos a abordagem mais racional sobre o compromisso entre crescimento e rentabilidade, que pode trazer uma comparação saudável para todo o setor”, apontam os analistas do BBI. Mercado Livre é a top pick do e-commerce também para o BBI.

No fim da semana passada, ainda sem contar os dados do fim de semana, o Itaú BBA havia apontado que gigantes de e-commerce como Mercado Livre, Amazon e Shopee seguiam como líderes no evento da Black Friday, enquanto segmentos como beleza e varejo pet continuavam com a fraca demanda vista nos últimos meses. O monitoramento digital foi realizado entre 1 e 19 de novembro.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.