Magazine Luiza (MGLU3) tem prejuízo ajustado de R$ 79 mi no 4º tri, lucra R$ 114 mi em 2021; marketplace mais uma vez é destaque

Em entrevista ao InfoMoney, executivos apontaram cenário macro mais difícil, mas reiteraram otimismo com estratégia no 3P e diversificação com aquisições

Lara Rizério

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Com o marketplace (3P) mais uma vez como destaque positivo, enquanto as lojas físicas seguem com movimento mais fraco, o Magazine Luiza (MGLU3) registrou um prejuízo líquido ajustado (não considerando créditos tributários e outros efeitos não recorrentes) de R$ 79 milhões no quarto trimestre de 2021. Isso é comparável ao lucro ajustado de R$ 22,6 milhões no terceiro trimestre e resultado positivo de R$ 232 milhões no quarto trimestre de 2020. O dado foi pior do que o esperado. A expectativa, segundo o consenso Refinitiv, era de um prejuízo líquido ajustado de R$ 16,5 milhões. Em 2021, a cifra foi positiva em R$ 114,2 milhões, ante R$ 377,8 milhões em 2020, uma queda de 69,8%.

Já em critérios contábeis, a companhia registrou um lucro de R$ 93 milhões nos últimos três meses do ano, número influenciado por créditos tributários extraordinários. O dado representou uma queda de 57,6% na base anual, ante expectativa do consenso Refinitiv de um lucro de R$ 52,93 milhões. No ano, o resultado foi positivo em R$ 591 milhões, avanço de 50,8% na base anual.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 243,5 milhões no quarto trimestre de 2021, queda de 53,5% na base de comparação anual. No ano, o Ebitda ajustado foi de R$ 1,477 bilhão, queda de 1,9% frente 2020.

A receita líquida totalizou R$ 9,4 bilhões no quarto trimestre, baixa de 6,6% na comparação anual. Em 2021, contudo, o avanço foi de 20,9%, a R$ 35,278 bilhões. A projeção Refinitiv era de um número de R$ 9,804 bilhões.

A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ajustada foi de 2,6% no quarto trimestre, baixa de 2,6 pontos percentuais; em 2021, a margem foi de 4,2%, queda de um ponto percentual.

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Em 2021, a margem bruta ajustada foi de 25,2%, uma redução de 0,6 ponto quando comparada a 25,8% em 2020. A companhia destaca que essa variação é reflexo da maior participação do e-commerce nas vendas totais, que passou de 65,6% em 2020 para 71,5% em 2021, e parcialmente do aumento da inflação no custo das mercadorias vendidas ao longo do segundo semestre. No 4T21, a margem bruta foi de 25,3%, um aumento de 0,6 ponto em relação ao 4T20, devido ao crescimento da receita de serviços.

No trimestre, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 4% na comparação anual, para R$ 15,545 bilhões, como reflexo mais uma vez do avanço de 60% do marketplace (totalizando R$ 4,13 bilhões), enquanto o 1P teve leve alta de 1%, para R$ 7,006 bilhões. No ano, as vendas brutas de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) no online subiram 17%, para R$ 11,137 bilhões. Contudo, houve queda de 18,4% das vendas totais nas lojas físicas; no critério vendas nas mesmas lojas, a queda foi de 22,8%.

O Magalu ressalta que as vendas totais dobraram em dois anos, a R$ 55,6 bilhões em 2021; na comparação com 2020, a alta foi de 30%.

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O e-commerce triplicou frente 2019, com R$ 40 bilhões em vendas online e 200 milhões de itens vendidos. Versus 2020, o crescimento foi de 40%. As vendas online já representam 71% das vendas totais do Magalu.

As vendas do marketplace quadruplicaram em dois anos e chegaram a R$ 13 bilhões em 2021. Comparado a 2020, o crescimento foi de 69%. Já nas lojas físicas, no critério de vendas totais, houve crescimento de 5,8% na base anual.

Em fevereiro deste ano, pela primeira vez, as vendas do marketplace do Magalu superaram o faturamento das lojas físicas, destacou a companhia em release de resultados.

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Outros destaques

O percentual das despesas operacionais ajustadas em relação à receita líquida foi de 21% em 2021, com um aumento de 0,4 ponto comparado a 2020. Essa variação ocorreu, principalmente, pela menor diluição das despesas nas lojas físicas, e parcialmente pelo aumento das despesas de marketing no e-commerce ao longo do segundo semestre.

No 4T21, as despesas operacionais ajustadas representaram 22,7%, com um aumento de 3,2 pontos em relação ao 4T20, devido à desaceleração mais acentuada nas vendas das lojas físicas no período.

Já a conta digital do Magalu, o MagaluPay, alcançou a marca de 4,8 milhões de contas abertas em dezembro de 2021, representando um aumento de 788 mil novas contas no trimestre. O volume total de transações processadas (TPV) na subadquirência, conta digital e empréstimos para sellers atingiu R$ 16,5 bilhões em 2021, crescendo 163,7% no período.

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Otimismo no longo prazo com estratégia do 3P

Em entrevista ao InfoMoney, Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios, e Vanessa Rossini, gerente de relações com investidores, apontaram que, apesar das dificuldades registradas em 2021 com inflação mais alta e restrições de renda do consumidor, o Magalu conseguiu ter resultados bastante expressivos no que era mais importante para a companhia.

“Desde 2019 estamos num novo ciclo estratégico, com o maior motor de crescimento no longo prazo para a empresa sendo o marketplace”, ressalta Galanternick, sendo que o grande propulsor tem sido a parte logística, com mais de 80% dos pedidos do segmento no Magalu Entregas. Também houve a expansão de sellers na plataforma, trazendo locais pelo Parceiro Magalu, usando a loja para a captação. O executivo avalia que ainda tem espaço para melhora da logística.

“Do outro lado, houve o objetivo de diversificar categorias, baseado nas aquisições. Quando vemos, com o fechamento do ano, que 45% do GMV anualizado, considerando KabuM!, já está vindo dessas novas categorias, fica demonstrado que a estratégia de aquisições está dando resultado”, aponta o executivo. Um pouco menos da metade das vendas online do Magalu já provém de novas categorias como moda e esporte, casa e decoração, beleza e cuidados pessoais.

Galanternick destaca que, por conta de juros mais altos e inflação, as lojas físicas sofreram mais, assim como 1P, categoria com maior composição de bens duráveis. Neste caso, o executivo avalia que ajustes são necessários para seguir o princípio de crescimento com sustentabilidade, reiterando que a empresa “não vai rasgar dinheiro para manter o crescimento”. “Numa visão de longo prazo, estamos criando as bases para garantir o crescimento sustentável”, avalia.

“No longo prazo, estamos otimistas, com as pessoas cada vez mais comprando no online e exigindo bons serviços. O Magazine Luiza deixou de ser uma loja de eletroeletrônicos para ser uma loja que vende de tudo. Estamos muito bem posicionados”, avalia. Para o executivo, cabe apontar que o crescimento mais fraco do 1P também veio por conta da base mais forte registrada em 2020 e em 2021; na comparação com 2019, o crescimento do 1P foi de 122%.

Com uma maior diversificação das categorias, a varejista entende que vem crescendo com equilíbrio.

A companhia fechou o ano com a maior posição de caixa total da sua história, R$ 12,3 bilhões, montante este que deve suportar os investimentos na digitalização do varejo brasileiro. Perguntado sobre possíveis novas aquisições, Galanternick destaca que a varejista está em processo de integrar as diversas compras que fizeram nos últimos anos, inclusive com algumas já impactando os negócios positivamente.

Dentre elas, a a Netshoes, que registrou o maior lucro anual da sua história – R$ 135 milhões em 2021. O GMV foi de R$ 4 bilhões, um quarto desse total vindo dos cerca de 8 mil sellers do marketplace. No ano, entre outros produtos de seu catálogo de mais de 250 mil itens, a varejista de artigos esportivos vendeu 10 milhões de pares de calçados esportivos e 1 milhão de camisas de times de futebol para seus mais de 7 milhões de clientes.

Já o KaBuM!, plataforma de produtos para gamers comprada em julho, gerou R$ 4 bilhões em GMV e um lucro de mais de R$ 300 milhões em 2021. O crescimento das vendas foi de 32% na comparação com 2020 e de mais de 200% nos dois últimos anos.

Sobre as expectativas para 2022, em meio a um cenário de inflação mais alta e revisões para baixo do PIB, Galanternick voltou a reafirmar que é preciso lidar com o ambiente macro mais desafiador, “mas sem perder de vista o que precisa construir para o futuro”, com a manutenção da estratégia de diversificação de produtos e sellers, além de melhora da logística. Já no curto prazo, pontuou que há uma expectativa positiva olhando para o segundo semestre do ano, por conta da Copa do Mundo, normalmente um evento importante pelo impacto na venda de televisores.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.