Lula pede mudanças em plano da Petrobras (PETR4), com maior foco na indústria nacional, dizem fontes

"Jean Paul, eu preciso de conteúdo local", teria dito o presidente, ao reclamar da contratação de fornecedores estrangeiros

Reuters

Lula e Jean Paul Prates (Foto: Ricardo Stuckert)

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HOUSTON/BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO, 17 de janeiro (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desaprovou alguns pontos de uma apresentação do CEO da Petrobras (PETR3; PETR4), Jean Paul Prates, sobre uma prévia do novo plano de investimentos da companhia, pedindo maior foco no que pode impactar a economia brasileira, segundo cinco fontes com conhecimento do assunto.

Em uma apresentação de Prates a portas fechadas em 9 de novembro, Lula reclamou que o esboço do primeiro orçamento quinquenal da Petrobras sob seu governo trazia números insuficientes para a indústria naval, em momento em que o governo petista busca reavivar o setor que é grande gerador de empregos, além de prazos muito longos para o segmento de fertilizantes.

“Jean Paul, eu preciso de conteúdo local”, teria dito o presidente, ao reclamar da contratação de fornecedores estrangeiros em detrimento de projetos que poderiam promover a criação de postos de trabalho no Brasil antes do fim de seu mandato, em 2026.

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Entre outros desapontamentos relacionados à proposta do plano em elaboração para ser divulgado ao final do mês, Lula defendeu que a Petrobras retome antes obras do setor de fertilizantes, produto que o Brasil tem ampla dependência de importações, embora seja uma potência agrícola.

Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato a pedido de comentário. A Petrobras afirmou que o plano ainda está em elaboração e reiterou que seguirá os elementos estratégicos aprovados pelo seu conselho de administração, em observância às práticas de governança vigentes e ao compromisso com a geração de valor para a empresa.

Lula cobrou, por exemplo, que a Petrobras aumente de quatro para 25 o número de embarcações a serem contratadas no Brasil dentro do plano da subsidiária Transpetro, de acordo com as fontes.

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A prévia do plano de negócios incluiu orçamento da companhia para construir plataformas em Cingapura e pagar até 1,3 milhão de dólares por dia para afretar plataformas de petróleo de empresas estrangeiras. Lula defendeu que o mesmo montante seja usado para promover a indústria nacional, segundo uma das fontes.

“O Lula não gostou muito do que viu no plano. Acha que tem que ter mais conteúdo nacional, quer geração de renda, e renda por aqui. É claro que o Jean Paul entendeu o recado e vai de alguma forma atender”, disse uma segunda pessoa próxima com conhecimento do assunto.

Uma terceira fonte disse que a Petrobras tentará incluir o pedido do presidente sobre maior participação da indústria naval do país no plano. “Essa é uma encomenda em prol do desenvolvimento do país”, declarou.

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Na última terça-feira, o presidente da Transpetro, subsidiária de transportes e logística da Petrobras, Sérgio Bacci, teve reunião com Lula para discutir o tema. Procurada, a subsidiária da estatal não comentou o que foi discutido.

FERTILIZANTES

Outro ponto de desentendimento foi a postergação, no plano de negócios, da conclusão de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados em Mato Grosso do Sul, a UFN 3.

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A obra, que parou em 2014 com 83% de construção concluída, seria retomada apenas a partir de 2026, com conclusão prevista para 2028.

Lula cobrou a retomada da obra no ano que vem para conclusão em 2026, seu último ano de governo, segundo uma das fontes.

Uma visita de autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à UFN 3, que marcaria a retomada de planos para a fábrica, foi desmarcada no início deste mês, antes da apresentação do plano preliminar de investimentos a Lula.

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Por estatuto, o plano da Petrobras precisa ser aprovado pelo acionista controlador, na figura do ministro de Minas e Energia. Nesta sexta-feira, o ministro cobrou uma redução de preços de combustíveis pela Petrobras.

Além de Lula, Prates e Silveira, estavam na reunião o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Lula defendeu ainda puxar para a fase de execução projetos que seriam incluídos apenas como análise preliminar, sem orçamento garantido.

Conforme reportagem da Reuters na semana passada, o plano estratégico da Petrobras deverá passar a incluir a publicação de investimentos em análise, além dos projetos firmes, o que elevaria o total para um montante em cinco anos de cerca de 100 bilhões de dólares, segundo uma fonte a par das discussões.

Sem os projetos em análise, os investimentos no plano ficariam em cerca de 86 bilhões de dólares, segundo esta fonte.

Lula convocou Prates, que nesta semana esteve em Oslo, na Noruega, para retornar a Brasília na semana que vem para discutir ajustes no plano, em dia ainda a ser definido.

Segundo uma outra fonte, a nova reunião de Lula com o executivo da Petrobras indica que é possível que sejam esperadas mudanças em relação ao que foi apresentado preliminarmente.

Essa pessoa acrescentou ainda que, uma vez que o plano já deveria estar quase pronto para ser divulgado, pode-se dizer que está “apertado” para ser finalizado ainda em novembro.

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