Grupo Mateus (GMAT3): com menor competição, ação ganha espaço na preferência de analistas no atacarejo

Regiões Norte e Nordeste, onde companhia atua, têm maior potencial de alta frente a Sudeste, onde concorrentes disputam espaço

Vitor Azevedo

Grupo Mateus (Divulgação: Grupo Mateus)

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A inflação alta e o poder de compra das famílias reduzido nos últimos anos fez o atacarejo se tornar o queridinho frente a outros modelos do varejo de alimentos. Mas esse foco, para alguns especialistas, se tornou também um problema. A competição aumentou para nomes como o Assaí (ASAI3) e o Atacadão, do Carrefour  (CRFB3), e o Grupo Mateus (GMAT3), que atua mais sozinho nas regiões Norte e Nordeste, vem se destacando.

É o caso da XP Investimentos, que tem no grupo sua top pick no setor, com preço-alvo definido em R$ 11, potencial de alta de 41,9% frente ao fechamento de ontem.

“O Grupo Mateus chamou a atenção na temporada de resultados do  primeiro trimestre, com o indicador de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e expansão de margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] se destacando contra outras varejistas alimentares”, diz o time da corretora, liderado por Danniela Eiger.

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A receita líquida da rede entre janeiro e março saltou 28,2% no ano, chegando a R$ 5,86 bilhões. O Ebitda pulou 31,6%, para R$ 345 milhões, e o lucro líquido, 20,3%, para R$ 240 milhões. A margem Ebitda avançou 0,5 ponto percentual, para 5,9%.

No Assaí e no Atacadão, para fins de comparação, as margens recuaram – no primeiro saindo de 6,6% para 6,3% e no segundo de 6,7% para 4,3%.

O JPMorgan, em grande parte, atribuiu esse recuo à competição.

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De março de 2022 para março deste ano, o Carrefour aumentou o número de unidades do Atacadão de 252 para 346. O Assaí foi um pouco mais modesto, tirando 32 novas lojas do papel, chegando a 217. O processo de abertura, no entanto, ainda continua, com os dois grupos ainda realizando conversões neste ano após aquisições – o primeiro do Grupo BIG e do Makro e o segundo, do Extra.

De acordo com a pesquisa NIQ Ebit, foram mais de 400 novas lojas de atacarejo abertas em 2022, com o maior número ficando, principalmente, para o Sudeste.

“O mercado tornou-se mais competitivo no ano passado, com vários players abrindo uma quantidade considerável de lojas de atacarejo no período, colocando uma pressão extra na margem bruta, que se soma à menor alavancagem operacional”, fala o JPMorgan. “Há riscos significativos de queda das expectativas de consenso. Dados da Nielsen mostram que as vendas mesmas lojas do atacarejo para abril já estão em terreno negativo em São Paulo e no Rio de Janeiro, principais mercados do Brasil”, complementa.

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Fora o recuo das vendas em mesmas lojas, com consumidores se dividindo entre as unidades, a competição também causa impacto no faturamento pelo lado das promoções, com os atacarejos tentando tornar suas unidades mais atrativas do que as dos concorrentes.

Nordeste tem dados animadores

Ainda de acordo com a pesquisa NIQ Ebit, os atacarejos do Nordeste, por outro lado, tiveram crescimento de 7,6% nas vendas mesmas lojas no primeiro trimestre e de 5,4% em abril. O levantamento, contudo, não trouxe números da região Norte.

“Diante do aumento do risco de concorrência no setor, analisamos de perto o potencial dos formatos do varejo alimentar nas regiões Norte e Nordeste para mapear os riscos para o Grupo Mateus. Em nossa opinião, parece haver bastante espaço para a empresa continuar expandindo, especialmente com sua estratégia de focar na capilaridade e entrar em cidades ‘não óbvias’ em termos de tamanho”, diz a equipe da XP.

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A XP menciona também que o Bolsa Família, que incrementou a renda dos beneficiários a partir de março, tem maior importância nessas regiões, que apresentam ainda inflações mais suaves. Os dois fatores devem fortalecer o poder de compra ao longo de 2023.

O Itaú BBA também tem o Grupo Mateus como seu favorito no setor de atacarejo, com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 10, com potencial de alta de 29%.

“Entre as empresas do nosso universo de abrangência, o Grupo Mateus parece ser o melhor posicionado. Com mais oportunidades de abertura de lojas no Nordeste e uma ambiente competitivo comparativamente mais suave do que Carrefour e Assaí, é o nosso varejo de alimentos favorito”, fala o time do banco brasileiro, liderado por Thiago Macruz.

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O banco destaca que em certas regiões, principalmente o estado de São Paulo, apresentam atualmente alta densidade de atacarejos, indicando aumento da concorrência nessas áreas.

“Nossa análise mostra que em São Paulo 94% das lojas das 20 maiores empresas estão a 10 km de uma outra loja dos 20 maiores (ante 85% no Sudeste excluindo SP e 76% no Nordeste excluindo Bahia)”, contextualizam.

O Bradesco BBI, como contraponto, espera os próximos resultados para ficar otimista com os papéis do Grupo Mateus.

“Na contramão de Carrefour e Assai, mostrou resultados nos últimos dois trimestres que nos levaram a revisar para cima nossas estimativas, com vendas mesmas lojas acelerando enquanto todos os players nacionais desaceleraram”, debate. “Nossa pergunta chave no caso é se eles conseguirão manter um sólido crescimento de vendas mesmas lojas, expansão da margem Ebitda e melhoria do capital de giro por mais dois trimestres, já que a base de comparação fica mais difícil. Por enquanto, preferimos aguardar melhora consistente do Ebitda, das necessidades de margem e de capital de giro antes de ficarmos otimistas”.

O grupo do BBI, que tem Felipe Cassimiro à sua frente, está neutro para a GMAT3, com preço-alvo em R$ 8, potencial de alta de 3,2%.

De acordo com compilação da Refinitiv, de 6 casas que cobrem a ação do Grupo Mateus, 5 recomendam compra 1 tem recomendação neutra. Para o Carrefour, de 14 que cobrem os ativos, 6 recomendam compra e 8 recomendam manutenção; já para ASAI3, de 14 casas que cobrem as ações, 11 recomendam compra e 3 têm recomendação de manutenção.

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