Fed volta a subir taxa de juros americana em 0,25 p.p e projeta mais uma alta para este ano

Os juros nos Estados Unidos passam para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano

Equipe InfoMoney

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O Federal Reserve deu sequência ao ciclo de aperto monetário e elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual (p.p.) após reunião desta quarta-feira (22), para um intervalo de 4,75% a 5% ao ano. A decisão foi unânime.

“Indicadores recentes apontam crescimento modesto do gasto e da produção. Os ganhos de empregos aumentaram nos últimos meses e estão ocorrendo em um ritmo robusto; a taxa de desemprego manteve-se baixa. A inflação continua elevada”, diz o comunicado que acompanha a decisão.

Na reunião do último mês de fevereiro, a autoridade monetária já havia reduzido o compasso de alta dos Fed funds, fazendo um primeiro ajuste de 25 pontos base.

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Em dezembro de 2022, o ajuste foi de 50 pontos base e, antes disso, foram quatro altas consecutivas de 75 pontos.

O Fed chegou à segunda reunião de política monetária do ano com um desafio duplo: seguir subindo os juros para derrubar a inflação nos Estados Unidos ou pausar o aperto monetário, considerando um cenário ainda de incertezas no setor bancário depois da quebra de dois bancos (Silicon Valley Bank e Signature) e de socorro a um terceiro (First Republic Bank).

“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação. A extensão desses efeitos é incerta. O Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, disse o Fed, no comunicado.

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A decisão de hoje veio em linha com a expectativa da maioria do mercado. No monitor dos juros do CME Group, a elevação em 25 pontos-base era esperada por 86,4% dos analistas.

No início deste mês, ao prestar depoimento ao Senado americano, o presidente do Fed, Jerome Powell, deixou as portas abertas para uma aceleração da subida de juros nos EUA, sob a justificativa de um mercado de trabalho ainda bastante aquecido e de um custo de vida elevado no país. Depois de sua fala, as expectativas de uma alta de até 0,5 ponto chegaram a bater a casa dos 70%.

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“O Comitê antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, voltou a dizer o Fed, com a decisão de hoje.

Nesse trecho, chama atenção a alteração de linguagem, já que o Fed não fala mais diretamente em aumentos contínuos nas taxas, mas sim em políticas adicionais que poderão ser necessárias.

Fed prevê mais uma alta residual em 2023

Junto com a decisão da autoridade monetária, o Fed também divulgou as projeções dos membros do colegiado para a economia. Agora, eles acreditam que a taxa de juros deve terminar o ano em 5,1%, o que implicaria em mais uma alta residual até o final de 2023.

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A projeção é a mesma do último mês de dezembro, antes dos índices de inflação e trabalho que foram divulgados este ano. Mas também precede a crise que se instaurou entre os bancos regionais dos EUA, obrigando o Fed a criar um programa emergencial.

Dos 18 formuladores de política monetária que participaram das projeções, sete acreditam que os juros devem parar de subir em um patamar mais alto que o atual. Um dos membros, contudo, indicou que nenhuma alta adicional da taxa seria necessária.

Para o final de 2024, a média de projeções do Fed indica juros em 4,3%, sinalizando que cortes na taxa devem ocorrer só a partir do ano que vem.

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Com os juros mais altos, a média das projeções do Fed apontam que a taxa de desemprego, atualmente em 3,6%, chegue a 4,5% ao final deste ano e 4,6% em 2024.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), os formuladores de política monetária revisaram para baixo o crescimento da economia americana em 2023 e 2024, para 0,4% e 1,2%, respectivamente (ante 0,5% e 1,6%).

Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, destacou que havia muita incerteza sobre como o Fed trataria o assunto da quebra dos bancos nos EUA.

“No fim, a decisão veio relativamente em linha com o que esperávamos. O Fed seguiu subindo os juros, mas amenizou o tom, reconhecendo que a falência dos bancos pode desacelerar a demanda da economia, apesar de garantir a resiliência do sistema bancário. Ainda assim, a preocupação primária ficou com a inflação, que ainda fica distante da meta do BC americano”, apontou.

Segundo o economista, outro sinal de que o Fed diminuiu um pouco o tom foi na publicação de suas projeções. A mediana para o Fed Funds de 2023 se manteve estável com relação à publicação de dezembro, mesmo com Powell, nas falas anteriores, vislumbrando a possibilidade de piora. Para os próximos passos, o Fed mudou o guidance para algum endurecimento a mais, indicando que se aproxima do final de ciclo, percepção que havia sumido nas semanas que antecederam o evento com o SVB.

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