ETF brasileiro EWZ sobe mais de 4% e ADRs da Petrobras (PETR4) saltam na NYSE após 1º turno apertado entre Lula e Bolsonaro

Analistas e gestores esperam mais acenos para o centro; estatais estaduais também estão no radar dos mercados

Lara Rizério

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Os ativos de empresas brasileiras negociadas no exterior reagem positivamente ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, que teve números mais apertados do que o apontado nas últimas pesquisas de opinião.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) passaram ao segundo turno com uma diferença de votação pouco acima de 5 pontos percentuais. Com 99,99% das urnas apuradas, Lula tinha 48,43% dos votos válidos e Bolsonaro tinha 43,20%. Além disso, algumas surpresas em Estados importantes devem ter efeitos no mercado acionário a partir desta segunda-feira (3), na avaliação de gestores e analistas ouvidos pelo InfoMoney, o que já se reflete nos ativos negociados no pré-market na Bolsa de Nova York.

Às 08h33 (horário de Brasília) desta segunda, o o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundo de gestão passiva) atrelado à Bolsa brasileira subia 4,62% na NYSE, a 31 pontos, após uma alta de 2,28% no pregão regular de sexta-feira (30). Os ADRs (recibo de ações, na prática, ativos negociados das empresas brasileiras na NYSE) ordinários da Petrobras (PETR3) subiam 6,81%, a US$ 13,18, enquanto os PBR-A, relativos aos preferenciais PETR4 subiam 6,23% no mesmo horário, a US$ 11,77.

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Cabe ressaltar que o mês de setembro foi de queda de cerca de 10% para os ativos da Petrobras, com os investidores repercutindo, além do desempenho das commodities, as falas de candidatos sobre a política de preços da companhia.  Lula, durante toda a campanha, tem dado declarações de que é contrário à política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional. Os ativos da estatal também repercutem a alta de cerca de 4% do petróleo, tanto dos contratos WTI e brent, com os investidores à espera da reunião da Opep+ nesta semana.

De acordo com análise da XP, o resultado das eleições mostra uma eleição muito mais apertada do que era esperado inicialmente. “Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor de centro e ainda indeciso. Para os preços de ativos brasileiros, vemos esse cenário de uma eleição mais próxima possa ser recebido positivamente pelos investidores”, avalia a XP.

Na mesma linha, Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas, destacou para o InfoMoney que “a primeira grande conclusão que se tira desses números é de que Lula, chegando ao segundo turno com uma margem mais apertada, precisará se direcionar mais ao centro do que imaginava. Lula ainda é o favorito, pois conquistou 48% dos votos, mas precisará suar a camisa”.

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Leia também: Como o mercado deve reagir ao resultado mais apertado que o previsto no 1º turno da eleição?

Além disso, aponta a XP, as eleições do Congresso nacional também indicam uma força relevante dos partidos de Centro e de Direita. Isso indica que o próximo presidente, seja ele Lula ou Bolsonaro, terá que seguir negociando com a Câmara e o Senado nas pautas mais importantes.

“Porém, vale lembrar que o cenário global e externo segue desafiador, o que pode também seguir pesando nos ativos brasileiros nas próximas semanas, durante o 2º turno. Nos últimos dias, notícias sobre possíveis dificuldades em alguns bancos europeus foram o destaque”, ressaltam os analistas.

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Na visão da XP, o pleito segue em aberto para o 2º turno, e o mercado deve acompanhar de perto as próximas evoluções dos candidatos e suas propostas. Isso pode vir a elevar um pouco a volatilidade do mercado, que segue em um patamar baixo em relação ao histórico durante períodos eleitorais, afirma.

Os papéis e setores que tendem a ser mais sensíveis às eleições são as estatais, como Petrobras e Banco do Brasil (BBAS3), e setores domésticos como educação, imobiliário e varejistas.

Além disso, papéis ligados às eleições estaduais também podem ter bom desempenho por conta da eleição de candidatos da direita, como Sabesp (SBSP3), com o forte resultado do candidato Tarcísio de Freitas no 1º turno. Na sexta, as ações da empresa já haviam subido 6,89% com a expectativa pelo pleito. Com as negociações iniciando no pré-market mais tarde do que as da Petrobras, às 08h25 os ADRs SBS subiam 6,48%, a US$ 9,70.

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Entre outros papéis de estatais estaduais a serem acompanhados de perto pelos investidores, estão os da Cemig (CMIG4) com a reeleição do governador de Minas Gerais Romeu Zema, do Novo, e Banrisul (BRSR6) com o 2º turno no Rio Grande do Sul entre Onyx Lorenzoni, do PL, e o ex-governador Eduardo Leite, do PSDB.

Na mesma linha, os analistas do Credit Suisse destacaram esperar uma reação positiva da Sabesp, pois Freitas é considerado favorável ao mercado levando em conta a possibilidade pró-privatização, assim como os números para ele terem vindo  melhores do que o esperado.

No caso da Copasa (CSMG3) e outras estatais em Minas, a reação deve ser ligeiramente positiva com a confirmação do atual status quo pró-privatização e abordagem pró-mercado, mas não uma surpresa.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.