Em meio à investigação do Cade dos preços da Petrobras, Bolsonaro culpa “roubalheira” de gestões passadas da estatal

“A empresa foi assaltada no passado e agora quem está pagando é você que bota combustível no seu carro”, disse o presidente

Mariana Zonta d'Ávila

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Em meio à forte alta dos preços de combustíveis no país, com aumento da ordem de 40% em 2021, levando até a uma investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o presidente Jair Bolsonaro aproveitou na última segunda-feira (17) para responsabilizar gestões passadas da Petrobras (PETR3; PETR4) pelos valores cobrados atualmente.

Em entrevista à rádio Viva FM, do Espírito Santo, Bolsonaro atribuiu a alta dos preços à “roubalheira” praticada na estatal nos governos anteriores. “A empresa foi assaltada no passado e agora quem está pagando é você que bota combustível no seu carro”, disse o presidente.

“Quando se fala em preço de combustível, eu posso falar com mais profundidade, mas superficialmente a Petrobras pagou R$ 100 bilhões em dívidas contraídas com obras que não foram realizadas, com roubalheira dentro da Petrobras. Só um delator da Petrobras devolveu R$ 100 milhões […] quem paga a dívida é você, que está nos ouvindo e bota combustível no seu carro, e falta pagar mais”, acrescentou.

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A afirmação aconteceu em meio a notícias que o Cade abriu investigação para apurar possíveis abusos da Petrobras em relação aos aumentos recentes dos preços de combustíveis. A autarquia abriu esses inquéritos na última quarta-feira (12).

O inquérito é público e tramita na Superintendência-Geral. O objetivo da apuração é saber se a Petrobras cometeu ou não abuso de posição dominante no mercado de petróleo no país.

“Não compete ao Cade fiscalizar preços de serviços e produtos praticados no mercado. Cabe à autarquia acompanhar o funcionamento dos mercados para prevenir e identificar eventuais práticas anticompetitivas”, afirmou o conselho, em nota ao InfoMoney.

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Na última quarta, dia em que entrou em vigor novo aumento dos combustíveis nas refinarias, Bolsonaro voltou a afirmar que não tem controle sobre a política de preços da Petrobras e sinalizou novamente que gostaria de privatizar a estatal.

Na semana passada, o preço do diesel nas refinarias teve aumento de 8%, enquanto a gasolina vendida às distribuidoras aumentou, em média, 4,85%.

“Alguém acha que eu sou o malvadão, que foi aumentado o preço da gasolina e do diesel ontem porque sou o malvadão? Primeiro que não tenho controle sobre isso. Se pudesse, ficaria livre da Petrobras”, disse ele, em entrevista ao Gazeta Brasil.

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Na ocasião, o presidente disse ainda que as medidas que estão sendo tomadas pela estatal petrolífera – cujo governo federal é o acionista majoritário – levam em conta fórmulas do passado, como a paridade internacional do preço dos combustíveis. Segundo ele, o preço do insumo encareceu no mundo todo.

Ao InfoMoney, a Petrobras informou que os preços praticados seguem a dinâmica de mercados de commodities em ambiente de livre competição e que estão em conformidade com a legislação aplicável. “A companhia é permanentemente monitorada por órgãos públicos de defesa da concorrência, de fiscalização de títulos de valores mobiliários e de proteção do consumidor”, destacou, em nota.

A estatal destaca também que o preço de venda da Petrobras para as distribuidoras é apenas uma parcela do preço de revenda percebido pelo consumidor nas bombas.

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“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato, para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.”

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