Derivativos sinalizam força do Bitcoin pela primeira vez em 6 meses

Em sinal de confiança na retomada de preço do Bitcoin (BTC), as expectativas para a criptomoeda viraram para o lado positivo no mercado de derivativos após um longo período. Um dos dados que vem chamando a atenção de analistas é a diferença entre opções de venda (puts) e de compra (call) com vencimento de 180 dias

A métrica, que mede o custo das puts (que apostam em quedas) em relação às calls (apostas na alta), cruzou acima de zero pela primeira vez desde o início de 2021, de acordo com informações do provedor de dados de ativos digitais Amberdata.

Isso significa que posições apostando na alta passaram a ter um custo mais alto de manutenção para os traders na comparação com as que apostam na baixa, cenário que costuma acontecer quando há um “congestionamento” no lado mais positivo das posições.

O movimento aponta para maior otimismo com a criptomoeda, levando em conta que tanto instituições quanto investidores de varejo mais sofisticados usam opções para especular e se proteger contra mudanças futuras no preço do criptoativo.

“Essa é uma medida do sentimento e dos fluxos do mercado, porque captura o que as pessoas estão dispostas a pagar para obter um ganho assimétrico em subidas ou quedas de mercado”, disse a Deribit, a maior exchange de opções cripto por volume de negociação e valores e contratos em aberto.

Opções são contratos de derivativos que dão aos compradores o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender o ativo subjacente a um preço predefinido em uma data específica. Uma opção de compra dá o direito de comprar, enquanto a opção de venda dá o direito de vender um ativo por um determinado valor.

Quando a demanda por opções de compra aumentam, analistas entendem que investidores esperam um aumento de preço futuro, e querem garantir o direito de comprar o ativo por um preço mais baixo para embolsar lucro sem necessariamente se expor de imediato – ele só compra se quiser, e paga um prêmio ao vendedor do contrato para ter esse direito.

A demanda por calls de BTC aumentou na semana passada, quando o preço da criptomoeda superou sua média móvel de 200 dias pela primeira vez desde abril. A moeda digital encerrou a semana com um ganho de 21,9% – a maior alta percentual desde fevereiro de 2021.

“As calls [a] US$ 18.000/US$ 19.000 compradas quando o preço estava em US$ 17.000 foram os principais trades”, escreveu Gregoire Magadini, da Amberdata, em relatório divulgado no domingo (15).

“O fluxo de opções pode fornecer informações sobre os níveis técnicos de suporte e resistência observados pelos participantes do mercado. A esse respeito, observe as compras de US$ 22.000/US$ 24.000 [com vencimento] em fevereiro [quando o Bitcoin passou a ocupar ser negociado] no intervalo de US$ 19.000″, acrescentou Magadini.

O sentimento otimista também é evidente a partir do prêmio nos futuros de Bitcoin listados na Chicago Mercantile Exchange (CME), principal bolsa de derivativos dos EUA. Na manhã desta segunda-feira (16), contratos com vencimento em 28 de janeiro atingiram o maior valor em quatro meses, a US$ 21.535, enquanto no mercado à vista o preço subia para US$ 21.437, nível visto pela última vez no final de outubro.

A reviravolta positiva é consistente com a recente melhora do cenário macroeconômico e a retomada do risco nos mercados tradicionais. Além disso, o mercado cripto tende a ganhar espaço nos meses que antecedem o halving do Bitcoin, evento programado para reduzir o ritmo de expansão da oferta do ativo digital em 50% a cada quatro anos. O próximo está previsto para acontecer em março de 2024.