CVC (CVCB3) vê rentabilidade melhorar no 3º tri, mas queima caixa; ação cai mais de 9% após duas fortes altas

De um lado, mudanças operacionais parecem estar trazendo resultados, mas situação de caixa da operadora ainda preocupa

Vitor Azevedo

(Roberto Tamer / Divulgação)

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A CVC Brasil (CVCB3) divulgou na última sexta-feira (3) seu resultado do terceiro trimestre de 2023, que foi, para analistas, razoável, com pontos positivos e negativos. Os papéis da companhia fecharam em queda de 9,23%, a R$ 2,95, mas depois de duas sessões de forte alta (nos primeiros dois pregões de novembro), com avanços acima de 8% em cada um dos pregões.

Do lado positivo, por exemplo, os times do JP Morgan e do Bradesco BBI destacaram o take rate, indicador de rentabilidade, da companhia de viagens, que ficou em 9,6%.

“A CVC Corp reportou resultados razoáveis para o terceiro trimestre de 2023, com uma queda nas reservas ano após ano, mas com melhorias significativas na take rate devido a iniciativas implementadas pela nova administração”, fala o time do JPMorgan, liderado por Joseph Giordano.

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“A companhia lançou iniciativas para  aumentar  seu  take rate (indicador  de  rentabilidade),  o  que  colocou  o indicador em linha com os níveis históricos, em 9,6%”, corrobora a equipe do banco brasileiro.

O take rate total da CVC entre julho e setembro deste ano mostrou uma alta de 1,6 ponto percentual no ano.

O JPMorgan diz que o número foi impulsionado por uma melhor composição de reservas, com uma maior participação do business to consumer (B2C) que também teve uma take rate cerca de 3,6 pontos percentuais melhor ano após ano em acordos com franqueados e aumento da taxa em produtos exclusivos.

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O foco em produtos com maior valor agregado trouxe um recuo das reservas, mas, ao mesmo tempo, a receita líquida saltou 11,3% no ano, para R$ 375,8 milhões.

“As  reservas  confirmadas  consolidadas  caíram 4,3% no comparativo anual e ficaram 1,3% abaixo do esperado pelo Bradesco BBI, já que a empresa está priorizando produtos com  maior  rentabilidade”, diz o banco brasileiro, mencionando ainda que o segmento business to consumer (B2C), de venda diretas para os clientes, foi destaque.

“A margem Ebitda expandiu 3,2 pontos percentuais, para 25,5%, graças à maior diluição de despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), bem como às economias relacionadas a iniciativas de controle de custos, como redimensionamento e revisões de contratos de terceiros”, completa o BBI.

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Recentemente, a empresa vem passando por uma série de reestruturações. Em maio deste ano, Leonel de Andrade, antigo diretor executivo (CEO, na sigla em inglês) da operadora renunciou em meio às mudanças. Fábio Godinho, pouco depois, assumiu o cargo – e continua a realizar uma série de mudanças.

“As iniciativas  da  nova  equipe  de  gestão  liderada  pelo  novo  CEO,  Fabio  Godinho, parecem estar no caminho certo para proporcionar uma melhor rentabilidade para a empresa”, fala o BBI.

Ela tem realizado desde 2021 um plano de corte de custos e buscado a integração de empresas que foram compradas durante a pandemia, com readequação de processos e fim de cargos duplicados.

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Também em 2021, os executivos traçaram um plano para tentar avançar no digital, onde a CVC tem pouca penetração. A implementação de processos como o CRM (gestão de relacionamento com cliente, na sigla em inglês), por exemplo, foi feita apenas um ano atrás.

“A superação dos resultados foi principalmente explicada por vendas líquidas mais altas e menores despesas operacionais recorrentes. As reservas caíram 4% em relação ao ano anterior, com menor business to business (executivo) e Argentina ofuscando o aumento de 10% no B2C em relação ao ano anterior”, fala o time do Citi.

Entre os destaques negativos para os analistas, por fim, fica a queima de caixa da CVC.

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O Bradesco BBI destaca que a companhia sofreu uma queima de caixa de R$ 400 milhões no terceiro trimestre, impactada principalmente pela deterioração da dinâmica do capital de giro, uma vez que reduziu drasticamente o  desconto  de  recebíveis,  diminuindo  o  resultado  financeiro  líquido.  Para o Citi, a queima de caixa foi considerável e levou a uma dívida líquida acima de R$ 600 milhões, o que não é bom, apesar da sazonalidade.

“Em  suma,  as iniciativas  da  nova  equipe  de  gestão  liderada  pelo  novo  CEO,  Fabio  Godinho, parecem estar no caminho certo para proporcionar uma melhor rentabilidade para a empresa. No entanto, ainda temos preocupações sobre a estrutura de capital”, conclui a equipe do BBI.

O BBI tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 3, enquanto o Citi tem a mesma recomendação, com preço-alvo um pouco maior, de R$ 3,20. Já o JPMorgan tem recomendação underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda, sem preço-alvo definido).

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