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Para começar, é preciso voltar um pouco no tempo. Todos se lembram que, em maio de 2008, as agências S&P e Fitch conferiram ao Brasil o grau de investimento (GI). De acordo com a classificação da S&P, o Brasil tem o décimo nível de grau de investimento. Isso quer dizer que ainda faltam nove níveis para o País atingir o tão sonhado grau máximo – o mesmo do EUA -, conhecido como triple A (AAA).
A partir da classificação de GI, o país tornou-se apto a receber melhor qualidade de investimentos, uma vez que deixou de ser “classificado” como especulativo. Segundo algumas cláusulas vigentes no mercado internacional, a grande maioria de fundos mútuos não pode investir em países que não tenham GI. Sendo assim, foi aberta ao País a possibilidade de ser o destino de novos fluxos de capitais.
“Conclui-se que o Brasil faz parte dos que seriam menos impactados pela crise” |
A conquista do GI também permite ao Brasil o acesso a fontes mais baratas de recursos, reduzindo o custo médio ponderado do capital. Ou seja, as captações das instituições aqui residentes podem ter acesso a financiamentos bem mais baratos do que antes. Para um País, isso é um diferencial.
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Contudo, a crise internacional deflagrada no segundo semestre de 2008 não deixou que o País usufruísse, naquele período, do tão almejado GI. No entanto, a partir do momento em que a maioria dos investidores concluiu que o País não seria tão atingido pela crise, a moeda nacional começou a se valorizar.
As razões para isso têm origem em alguns pontos:
- A decisão do País de antecipar pagamentos de dívidas internacionais, chegando, inclusive, a ser credor em moeda estrangeira, segundo critérios do Bacen;
- PIB com baixa exposição ao mercado internacional; a economia brasileira tem baixo grau de abertura – em torno de 13%.
- O Brasil mudou de cliente: o maior comprador dos nossos produtos atualmente é a China, que vai ter redução de crescimento, mas não tão forte quanto os EUA – nosso principal destino anteriormente. A China possui reservas fabulosas e deverá usar esse colchão para manter certo ritmo de crescimento, o que é bom para o Brasil.
- As empresas que apresentaram grandes prejuízos foram as que especularam no mercado de divisas; as demais, de certo modo, estão saudáveis.
- O sistema bancário está regulado e rumando para a consolidação;
- A concessão de crédito no Brasil é, historicamente, bem conduzida – reflexo da experiência de anos de hiperinflação.
- O mercado interno está aquecido em setores vitais para a economia: habitação e automóveis.
- Taxa de juros elevada para padrões internacionais de países com grau de investimento, o que o torna um porto receptor de recursos estrangeiros que buscam alternativas de inversões para as baixas taxas de juros pagas nos países centrais.
No Brasil, o efeito mais imediato foi a queda das cotações das ações em bolsas de valores. Ela foi provocada pela venda maciça de ações de especuladores estrangeiros, que se atropelaram para repatriar seus capitais, a fim de cobrir as perdas nos países de origem.
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Em consequência disso, ocorreu também a súbita e expressiva alta do dólar. Passado esse período ímpar de necessidade de liquidez, os investidores começaram a avaliar quem seria mais, ou menos, atingido pela crise. Pela movimentação dos capitais, conclui-se que o Brasil faz parte da parcela dos países que seriam menos impactados pela crise.
Marcelo Faro é economista e escreve mensalmente na InfoMoney, às terças-feiras.
marcelo.faro@infomoney.com.br
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