Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e mais: o que esperar para os resultados das educacionais no 2º trimestre?

Analistas esperam que empresas continuarão a mostrar crescimento de receita, enquanto foco segue em redução de custos e despesas

Lara Rizério

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A temporada de resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23) para as empresas de educação, setor com forte desempenho na Bolsa este ano, começa nesta quarta-feira (9), com os números da Cogna (COGN3).

O Itaú BBA destaca que, entre os resultados das educacionais, a Ânima (ANIM3) deve apresentar contração na rentabilidade, enquanto a Cruzeiro do Sul (CSED3) deve ter lucratividade ajudada pela performance do segmento digital.

Já o Bradesco BBI espera resultados neutros no 2T23 para as empresas de educação, exceto para Yduqs (YDUQ3), que deve novamente reportar números fortes.

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“Mantemos nossa visão positiva para o setor de educação com base em: (i) alta exposição a uma redução esperada nas taxas de juros; (ii) nossa visão de que a tendência negativa nas mensalidades provavelmente acabou; (iii) menor perspectiva de inflação, sendo bom para o setor considerando a dificuldade de repasse da inflação para os preços, o que significa menores riscos para crescimento de receitas e margens; (iv) potenciais ventos favoráveis dos programas FIES e Mais Médicos; (v) não há grandes riscos relacionados a incentivos fiscais ou juros sobre capital próprio e (vi) avaliações ainda atrativas”, apontam os analistas.

Na mesma linha, a XP projeta que as empresas de educação entreguem resultados de neutros a positivos no 2T23. A casa destaca que “os segundos trimestres” das empresas de ensino superior geralmente apresentam menos surpresas, dado que não há uma grande temporada de captações.

Para esta temporada de resultados, a XP acredita que as empresas continuarão a mostrar crescimento de receita anual, devido a (i) um forte ciclo de captações no 1T23, (ii) taxas de evasão controladas e (iii) melhores dinâmicas de precificação.

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“Também vemos as empresas ainda trabalhando na redução de custos e despesas, bem como em iniciativas para melhorar a conversão de caixa, compensando parte da pressão sofrida pelas empresas altamente alavancadas. Embora não esperemos grandes surpresas nesta temporada de resultados, vemos a Yduqs como o possível destaque positivo”, avalia.

Confira os destaques dos resultados:

Ânima (ANIM3)

O Itaú BBA espera que o crescimento da linha principal da Ânima desacelere no trimestre, principalmente como resultado da contração da base de alunos no segmento Ânima Core e crescimento mais forte em cursos de ticket (preço) menor.

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O banco projeta crescimento anual de um dígito baixo na receita líquida consolidada, para R$ 933 milhões. Em relação à lucratividade, espera que a empresa apresente outra contração da margem bruta no trimestre, embora provavelmente parcialmente compensada pelos resultados iniciais das iniciativas de otimização de despesas gerais e administrativas implementadas recentemente. “Projetamos uma contração da margem Ebitda (rentabilidade operacional) ajustada de 0,4 pontos porcentuais (p.p.) em um ano, para 29,5%.

O Bradesco BBI projeta resultados ligeiramente fracos no 2T23, devido à desaceleração no crescimento da receita. A margem Ebitda deve manter o ganho de 1 ponto percentual no 1T23, na comparação anual.

A receita líquida deve crescer apenas 2,4% no comparativo anual, contra o crescimento de 5,8% no 1T23, avalia o BBI. O desempenho pode ser atribuído a uma maior deterioração no segmento presencial (queda 6% no comparativo anual) e desaceleração no Inspiralli (aumento de 13% ante 19% no 1T23no comparativo anual). A margem Ebitda deve cair 0,6 ponto em base anual, para 29,3% devido à margem bruta, mas incluindo as despesas com aluguel (ex. IFRS 16), a margem deve melhorar 1 ponto, para 21,3%.

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“As despesas financeiras devem continuar altas, caindo apenas 4% no trimestre, levando a um resultado negativo. Esperamos que a dívida líquida aumente aproximadamente 6% devido a um fluxo de caixa negativo e pagamento de dividendos”, avalia.

A XP também espera que a empresa apresente resultados ligeiramente negativos no 2T23. A receita líquida pode apresentar um leve aumento anual como resultado das captações do 1T23, embora o Ânima Core possa apresentar uma redução da receita trimestre a trimestre. A margem EBITDA ajustada pode ser afetada negativamente pela menor alavancagem operacional, embora seja compensada por menores despesas em relação à receita. Projetamos um prejuízo líquido ajustado de R$51M, pressionado por despesas financeiras líquidas (69% do EBITDA ajustado no 2T23E).

Cogna (COGN3)

O Itaú BBA projeta que, dentro da Cogna, a Kroton (braço de segmento universitário do grupo) entregue mais um trimestre de crescimento da receita líquida, seguindo o desempenho positivo na captação do primeiro trimestre e uma taxa de evasão controlada.

“Quanto à rentabilidade, devemos continuar com a tendência positiva dos últimos trimestres, impulsionada por uma maior alavancagem operacional devido ao crescimento mais forte no segmento de baixa presencialidade”, avalia.

O banco espera que a Cogna apresente crescimento de receita de dois dígitos em relação ao ano anterior, para R$ 1,325 bilhão, impulsionada pelo desempenho positivo da Vasta e da Saber – esta última impulsionada pela melhor sazonalidade do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

A lucratividade melhorada da Kroton provavelmente será ofuscada por margens mais fracas para Saber, levando a companhia a reportar uma margem Ebitda recorrente anual estável de 30,8%.

O BBI espera resultados neutros a ligeiramente positivos no 2T23 devido a um impacto positivo das vendas de sistemas de ensino da Vasta para o setor público (não incorporado em nossa prévia). A receita líquida deve crescer 15% no comparativo anual, acelerando de 13% no 1T23.

Esta aceleração foi impulsionada estritamente pela Vasta (23% no ano, 6% no mesmo período no 1T23), devido ao menor reconhecimento de ACV (valor anual de contrato) no 1T23. O crescimento de receita da Kroton e Saber deve desacelerar em relação ao 1T23 (queda 4 pontos para 11% e de 5 pontos para 26%, respectivamente).

Na Kroton, espera que a margem Ebitda fique estável no comparativo anual em 39% (versus crescimento 2,5pp no 1T23) com a melhora na margem bruta e provisões para devedores duvidosos sendo compensadas por maiores despesas com vendas e marketing.

A XP projeta que a Cogna apresente resultados ligeiramente positivos no 2T23, em linha com a sazonalidade trimestral. “Esperamos que a receita da Kroton cresça 11% ano a ano, impulsionada por números positivos de captações em cursos de alta e baixa presencialidade no 1T23, enquanto a margem Ebitda ajustada pode apresentar alguma melhora na base anual devido à diluição de custos com docentes”, destaca.

A casa espera que a Vasta apresente um aumento de 17% da receita de subscrição frente o 2T22, em linha com o seu guidance. A Saber pode apresentar um Ebitda ajustado sazonalmente negativo. Já o lucro líquido deve continuar sendo pressionado pelas despesas financeiras líquidas (57% do Ebitda ajustado no 2T23).

Cruzeiro do Sul ([ativo=CSDE3])

O BBA projeta que a Cruzeiro do Sul apresente tendências de receita semelhantes às observadas no primeiro trimestre e projete receita líquida consolidada de R$ 600 milhões no segundo trimestre. Na rentabilidade, deve continuar a ver ganhos de eficiência com as iniciativas de otimização de custos e despesas implementadas nos últimos trimestres.

No entanto, isso pode ser parcialmente compensado pelos maiores gastos com provisão para devedores duvidosos (PDD) causados pela deterioração do ambiente macroeconômico e pela maior participação de alunos de educação digital na base de alunos. No total, estima uma margem Ebitda ajustada de 30,2%.

A XP espera que a companhia apresente resultados neutros no 2T23. A receita líquida pode ser impulsionada por (i) números positivos de captações no 1T23 em ambos os segmentos presencial e digital, (ii) menores taxas de evasão e (iii) tickets médios estáveis na base anual.

A margem Ebitda ajustada pode aumentar ano a ano graças a uma maior representatividade do segmento digital, com a diluição de custos sendo parcialmente compensada por uma PDD mais alta. “Estimamos que o lucro líquido seja de R$ 39 milhões, ainda pressionado pelas despesas financeiras líquidas que consomem quase metade do Ebitda ajustado do período”, ressalta.

Ser (SEER3)

O Itaú BBA espera que a Ser apresente tendências de receita semelhantes às observadas no primeiro trimestre e projete receita líquida consolidada de R$ 507 milhões no segundo trimestre.

Em relação à rentabilidade, embora deva ver sinais iniciais de diluição do custo de aluguel após as iniciativas de otimização implementadas em maio, isso pode ser ofuscado por maiores despesas com PDD. Ao todo, projetamos um Ebitda ajustado de R$ 111 milhões para o trimestre, o que resulta em uma margem estável em relação ao ano anterior.

A XP espera que a Ser apresente resultados ligeiramente positivos no 2T23, ainda em linha sazonalmente com os resultados do 1T23.

“Projetamos que a receita aumente 5,4% na base anual, especialmente impulsionada por um sólido ciclo de captação no 1T23, com um leve impacto devido às métricas de evasão e reconhecimento de receita no digital”, avalia.

O Ebitda ajustado pode ficar estável frente 2T22, dado que menores custos caixa em relação à receita são compensados por maiores provisões. “Projetamos um lucro líquido ajustado de R$ 18 milhões, ainda pressionado pelas despesas financeiras líquidas (59% do Ebitda ajustado no 2T23)”, ressalta.

Yduqs (YDUQ3)

O Itaú BBA espera que a receita da Yduqs seja impulsionada pelo forte crescimento na unidade de negócios digital, seguindo a orientação da empresa para um crescimento de 10% a 20% no ano.

O banco projeta receita líquida total de R$ 1,260 bilhão no segundo trimestre, alta de 11% em um ano. O forte crescimento no segmento digital pode levar a mais um trimestre de sólida expansão de margem nessa vertical, ajudando também no consolidado. Assim, espera Ebitda ajustado consolidado de R$ 390 milhões, alta de 16% em base anual, dentro do guidance (projeção) fornecido pela empresa no release de resultados do primeiro trimestre (crescimento do Ebitda de 10%- 20% em um ano).

O BBI também espera resultados positivos no 2T23 devido ao sólido crescimento do Ebitda de 20% no comparativo anual (topo da orientação de 10-20%), com forte expansão da margem Ebitda de 2,8 p.p. A receita líquida deve crescer 10% no mesmo período, impulsionada pelo segmento Premium (21%) e EAD (19%), parcialmente compensada pela queda no presencial (-2%).

Apesar de um impacto menor do DIS (Diluição Solidária) em relação ao 1T23 (devido a menores aportes), espera que o crescimento da receita mantenha o ritmo do 1T23 devido à melhora do ticket médio. A margem Ebitda do segmento presencial deve melhorar 2,8 p.p. no comparativo anual para 32,5%, favorecida por: (i) margem bruta (melhor mix e tickets), (ii) provisões para devedores duvidosos e (iii) despesas com vendas, parcialmente compensadas por maiores despesas gerais e administrativas.

A XP espera que a Yduqs tenha aumento da receita líquida devido ao forte resultado do 1T23. A margem Ebitda ajustada pode aumentar com uma diluição de custos e uma menor participação das atividades presenciais ano a ano – que apresentam margens operacionais mais baixas – no mix consolidado. O lucro líquido, em R$ 46 milhões, ainda deve ser impactado pelas altas despesas financeiras líquidas (45% do Ebitda ajustado no 2T23).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.