CNPI, CPA, CFA, CEI. Essas siglas são velhas conhecidas de muitos, mas podem impressionar os mais iniciantes no mercado.
O número de certificações possíveis para profissionais de investimento pode surpreender a primeira vista – entretanto, numa análise mais a fundo, a especificidade de cada um dos certificados mostra que não é necessário se preocupar em ter que acumular inúmeros certificados para trabalhar no mercado.
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No Brasil, há algumas certificações obrigatórias, que variam conforme o cargo do profissional. Os principais são o CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento), o CPA-10 (Certificação Profissional Anbima – 10), e o CPA-20 (Certificação Profissional Anbima – 20).
CNPI
O CNPI é considerado obrigatório pela CVM para função de Analista de Valores Mobiliários, e é oferecido através da Apimec. A certificação tem três tipos distintos: para analistas fundamentalistas (CNPI), para analistas técnicos (CNPI-T) e para analistas plenos.
“O candidato poderá se inscrever nos exames separadamente, em qualquer ordem. A partir da primeira inscrição, ele terá o prazo de um ano para concluir e ser aprovado nos dois exames”, explica a Apimec.
Assim, as provas são aplicadas em três fases – a primeira, chamada de CB (Conteúdo Brasileiro), é comum a todos, e tem 75 questões de múltipla escolha sobre temas como sistema financeiro nacional, mercado de capitais, mercado de renda fixa, mercado de derivativos, entre outros.
A segunda fase, para os fundamentalistas, tem 72 questões de múltipla escolha sobre análise e avaliação de ações, finanças corporativas e contabilidade financeira e análise de relatórios financeiros.
Por fim, a terceira fase – para analistas técnicos – também conta com 72 questões de múltipla escolha contendo as seguintes matérias: Princípios de Análise Técnica; Dow, Elliott e Fibonacci; Retas, Tendências e Médias móveis; Stop, Suporte e Resistência; Volume & Contratos em Aberto.
CPAs
Já o CPA-10 e CPA-20 são obrigatórios para funcionários de bancos que lidem diretamente com clientes. O CPA-10 é exigido para que o profissional venda produtos de investimento ao investidor comum, e também é direcionado a profissionais de cooperativas de crédito que devem ser certificados para desempenhar suas atividades.
O exame contém 50 questões de múltipla escolha.
O CPA-20, por sua vez, se destina a profissionais em contato com investidores qualificados – incluindo os gerentes que atendam os segmentos private, corporate e investidores institucionais. O exame contém 60 questões de múltipla escolha.
De acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), “caso a instituição seja aderente ao Código de Regulação e Melhores Práticas para Fundos de Investimentos, os profissionais que atuem em centrais de atendimento devem obrigatoriamente possuir o CPA-20”.
Autônomos
Além disso, a Certificação para Agente Autônomo é considerada obrigatória para o agente autônomo de investimento.
Segundo a CVM, esse agente “é a pessoa natural que obtém registro na Comissão de Valores Mobiliários – CVM, para exercer, sob a responsabilidade e como preposto de instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, a atividade de distribuição e mediação de valores mobiliários”.
O certificado é responsabilidade da Ancor (Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias).
Extras
Além das obrigatórias, há uma gama de certificações de diferenciação – ou distinção – que o profissional de investimento pode obter. Uma das principais é o CFA (Chartered Financial Analyst), um certificado global que vale como uma pós-graduação na área financeira.
“É o topo da pirâmide”, explica Toya Tamega, gerente de marketing da FK Partners, que oferece cursos preparatórios para o exame. Segundo ela, apenas 350 profissionais no Brasil possuem essa certificação.
O CIIA é outro certificado internacional voltado para profissionais do mercado financeiro e de capitais. Segundo a Apimec, que oferece o exame, “a obtenção do diploma CIIA confere ao profissional a certificação de um elevado padrão de conhecimento essencial para a atuação na área de investimentos”. O CNPI é um pré-requisito para a obtenção do CIIA.
Em sua maioria, os certificados de distinção são relevantes dependendo do cargo e do objetivo profissional.
O CFP, por exemplo, interessa a profissionais que querem trabalhar na área de private de algumas instituições, enquanto o CEI se destina a profissionais com ambições de operar no varejo de alta renda – um pouco abaixo do investidor especializado, mas ainda com um valor acima do varejo comum.
O CEI (Certificação para Especialistas de Investimentos) é outra opção para assessorar os clientes sobre decisões de investimento – considerando o perfil do investidor em suas recomendações.
O CGA (Certificação de Gestores Anbid), por sua vez, é voltado para o profissional que realiza gestão remunerada de recursos de terceiros, com poder de decisão sobre os investimentos. Apesar de não ser obrigatório pela CVM, o CGA é obrigatório por autorregulação.
Por fim, o CGRPPS (Certificação de Gestores de Regime Próprio de Previdência Social) é uma certificação voltada para profissionais dos que atuam nos Institutos de Previdência dos estados e dos municípios.
É importante mencionar que alguns dos exames têm pré-requisitos. O CFP, por exemplo, exige o mínimo de três anos de experiência profissional em atividades relacionadas ao processo de planejamento financeiro pessoal. Já o CEI tem como pré-requisito o CPA-10 ou CPA-20.
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Cursos e mercado
Em meio a tantos certificados, os profissionais encontram maneiras de se preparar para as certificações. A FK Partners, por exemplo, já teve em torno de 3 mil alunos desde sua criação, em 2004. Segundo Tamega, a demanda voltou a aumentar na metade de 2009, depois de uma baixa durante o pico da crise.
Apesar de o principal produto da FK Partners na área financeira ser o preparatório do CFA – já que é a única instituição no País a oferecer o curso – a empresa planeja abrir um curso online de preparação para o CNPI, que tem uma agenda de provas bastante flexível.
Algumas instituições, como o Banco do Brasil – o maior gestor de fundos do País -, oferecem esses cursos internamente, para estimular os funcionários a buscar uma melhora profissional.
Na contratação, o banco não exige formação acadêmica específica ou certificado do mercado – entretanto, o CPA-10 e o CPA-20 são obrigatórios para profissionais de investimento que lidem com clientes, conforme o cargo ocupado.
De acordo com José Caetano de Andrade Minchillo, da diretoria de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, caso o funcionário ainda não tenha as certificações e queira se candidatar a uma vaga com esse pré-requisito, a Universidade Corporativa do banco oferece cursos internos de preparação, desenvolvidos internamente.
“O banco estimula que as pessoas que atendem o pré-requisito tirem a certificação – ou através do banco, ou reembolsamos o custo do certificado”, afirma Caetano. O banco já treinou 2.036 funcionários para o CPA-10, e outros 1.229 para o CPA-20.
Além disso, o BB conta com 10 certificações internas, que somam pontos no sistema de carreiras do banco, apesar de não obrigatórias.
“O banco leva em conta um profissional que detém várias certificações além da obrigatória – incluindo graduação, pós-graduação, certificados externos e internos, de língua estrangeira. Estimulamos essa formação, e tudo é considerado no sistema”, conclui Caetano.
Confira o custo de algumas das certificações:
Responsável | Certificado | Custo |
---|---|---|
Andima/Anbid | CPA-10 | R$ 160 |
CPA-20 | R$ 300 | |
CGA | R$ 800 | |
CEI | R$ 500 | |
Apimec | CNPI | R$ 495* |
CGRPPS | R$ 160 | |
IBCPF | CPF | R$ 700** |
CFA Institute | CFA | US$ 1.110*** |
*Valor sem desconto para membros da Apimec, para os três módulos
** Valor de 22/11/2009
*** Pagamento até fevereiro de 2010, para prova de junho
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