CEO da Petrobras (PETR4) diz que não houve pressão do governo por reajuste de combustíveis

Medida foi bem recebida pelos investidores, mas deve incomodar governo, que prometeu manter os preços acessíveis na bomba, e traz novos temores de inflação

Reuters

Jean Paul Prates (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

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SÃO PAULO (Reuters) – A Petrobras (PETR3;PETR4) não foi pressionada pelo governo federal a se abster de aumentar os preços locais dos combustíveis, disse o CEO da companhia, depois que a estatal anunciou um forte aumento nos preços da gasolina e do diesel para acompanhar um pico global “abrupto”.

A medida foi bem recebida pelos investidores, mas deve incomodar o governo, que prometeu manter os preços acessíveis na bomba, e traz novos temores de inflação no momento em que o Banco Central começou a reduzir as taxas de juros.

A Petrobras vinha operando com preços defasados em relação aos internacionais há semanas e, até o aumento de preços anunciado na terça-feira, os mercados especulavam sobre interferência do governo.

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O reajuste de preço, que eleva os preços médios da gasolina e do diesel em 16,3% e 25,8%, respectivamente, é o primeiro da gigante do petróleo desde que uma nova política de preços foi implementada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio.

Reajuste é “justo” e política de preços está sendo eficiente, diz presidente da Petrobras (PETR4)

O presidente assumiu o cargo em janeiro, prometendo mudar a estratégia da empresa para priorizar os consumidores em detrimento dos elevados retornos aos investidores.

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O presidente-executivo da Petrobras, Jean Paul Prates, disse em entrevista à GloboNews na noite de terça-feira que não sofreu nenhuma pressão de Lula para evitar o reajuste de preços.

“É importantíssimo dizer isso: em momento algum o presidente Lula nos instou, ou influenciou, ou sugeriu fazer qualquer movimentação de preço — para cima, para baixo”, disse Prates. “Quando o presidente Lula me chamou, foi um mandato de confiança absoluta, no sentido de ‘olha, você sabe o que fazer lá, vai lá e faça’.”

Prates disse que as semanas que a Petrobras passou sem aumentar os preços foram para evitar repassar a volatilidade internacional aos clientes, como pretendia a nova política.

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No entanto, como os preços globais do petróleo se consolidaram em níveis mais altos após sete semanas de ganhos, a Petrobras teve que elevar os preços locais para evitar perder dinheiro, acrescentou o executivo.

“A política de preços está sendo eficiente, já ajudou muito a combater a volatilidade.”

“A gente fez um ajuste justo. Acho que passou no teste a política, porque muitas pessoas eram céticas em relação a ‘enquanto está baixando está tudo bem, mas quando subir, será que a Petrobras vai fazer o ajuste necessário, será que ela vai perder dinheiro, será que ela vai deixar dinheiro na mesa?'”.

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