Cemig (CMIG4) e Eneva (ENEV3) são rebaixadas pelo BBI, Copel (CPLE6) é elevada; BBA sobe preço-alvo de Equatorial (EQTL3)

Após uma década de risco de racionamento de eletricidade, analistas agora debatem o potencial excesso de oferta de energia no curto prazo

Felipe Moreira

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O Bradesco BBI publicou uma atualização sobre sua visão do setor elétrico brasileiro, que aponta para um excesso de oferta de geração de energia equivalente a 10%-12% da demanda até 2027. Os analistas do banco cortaram a recomendação de Cemig (CMIG4) e Eneva (ENEV3) de compra (ou outperform, desempenho acima da média do mercado) para neutro, enquanto Copel (CPLE6) foi elevada para outperform.

Após uma década de risco de racionamento de eletricidade devido à hidrologia fraca, no início deste ano a equipe de research do BBI começou a debater o potencial excesso de oferta no curto prazo com base em: “(i) o excesso de construção nos últimos anos de energia eólica, energia solar em escala de utilidade pública e, mais recentemente, distribuição de GD ‘geração solar no telhado’ (renováveis ​​totalizam 20% da oferta em 2023), impulsionada por subsídios muito generosos que tornam a energia eólica/solar atraente, apesar de Brasil não precisar de tais adições de capacidade; (ii) novas térmicas inflexíveis que, apesar de caras, não entram no cálculo do preço; (iii) fraco crescimento da demanda; e (iv) recuperação das chuvas levando os reservatórios consolidados a 52% da capacidade total contra 27% em 2021”.

Segundo tradings consultadas pelo BBI, o preço da eletricidade para 2023 caiu para aproximadamente R$ 100 o megawatt/hora (MWh) e analistas já enxergam sinais de fraqueza nos preços para 2024.

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Assim, o banco optou por reduzir sua previsão de preços para R$ 100-130/MWh em 2023-24, mantendo os preços de longo prazo inalterados em R$ 150. As geradoras mais expostas são Eletrobras (ELET3;ELET6), mas o turnaround pós-privatização compensa esse problema, e AES Brasil (AESB3), uma vez que estas têm as maiores quantidades de capacidade não contratada.

O excesso de oferta também afeta a geração térmica da Eneva (ENEV3), pois o despacho de suas unidades geradoras de Parnaíba pode ficar baixo por mais tempo.

“As empresas que se saem melhor nesse cenário são as concessionárias integradas Energisa (ENGI11), CPFL (CPFE3), Neoenergia (NEOE3), Equatorial (EQTL3) e Copel. Antecipando o excesso de oferta, no 2T22 a geradora Auren (AURE3; recomendação de compra) ficou praticamente totalmente contratada até 2025, enquanto a Engie (EGIE3 tem um terço do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado proveniente de suas unidades resilientes de transmissão/gasoduto”.

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Cemig (CMIG4)

O Bradesco BBI rebaixou Cemig de compra para neutro e reduziu preço-alvo de R$ 15 para R$ 14, devido a mudanças no guidance de balanço energético da companhia no 3T22 que reduziram a quantidade de energia renovável comprada nos próximos anos, mas aumentaram as compras de suprimento convencional.

Ao preço atual, analistas do BBI enxergam a Cemig negociando a uma taxa de retorno (TIR) real alavancada de 11,5%, quase em linha com a Auren (outperform).

Com relação à privatização, Bradesco BBI não conta com isso para a Cemig e espera que o governo de Minas Gerais primeiro venda a Codemig e depois as concessionárias Copasa e Gasmig, esta última beneficiaria a Cemig (dona de 100% da Gasmig), mas uma discussão efetiva pode ser adiada até 2024.

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Eneva (ENEV3)

A Eneva (ENEV3) também foi rebaixada para neutra, com preço-alvo de R$ 15, pelo Bradesco BBI.” A Eneva tem provavelmente um dos melhores históricos em agregar valor aos acionistas e é de fato um player não apenas no setor elétrico do Brasil, mas no setor de energia em geral”, diz relatório.

Segundo o documento, o rebaixamento reflete, principalmente, a visão do banco de que os movimentos de crescimento/novas fusões e aquisições provavelmente podem demorar um pouco mais, já que um ambiente de alta taxa de juros prevalece no Brasil, além de a Eneva ter uma Dívida líquida/Ebitda de aproximadamente de 4,2 vezes no final de 2023.

Copel (CPLE6)

O BBI elevou Copel para outperform e preço-alvo de R$ 11,00, após o governo do estado do Paraná apresentar proposta para vender a elétrica paranaense, seguida pela votação da lei necessária na legislatura estadual em questão de dias.

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O próximo passo antes da privatização de fato é a aprovação do modelo de desinvestimento do estado e do preço mínimo pelo tribunal de contas do estado (TCE), o que pode ser feito para privatizar efetivamente a Copel até outubro de 2023.

No preço atual, segundo analistas, risco/recompensa parece bastante atraente: como uma empresa privada, o valor justo atual da Copel seria de cerca de R$ 10,50 (potencial de alta de 36%). Por outro lado, como estatal, está avaliada em R$ 6,70 (14% de potencial de queda) por analistas do BBI.

Eletrobras (ELET3)

Segundo relatório, a Eletrobras tem de longe a maior quantidade de capacidade não contatada, com 30% em 2023 e 53% em 2024, tornando-a uma das geradoras de energia mais expostas a preços mais baixos. No entanto, após revisar preço-alvo, o valor justo para final de 2023 para PNB/ON de R$ 67,00, implicam em alta robusta de 48%/57%.

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Embora o fluxo de notícias de preço de curto prazo possa não ajudar, analistas enxergam vários outros pontos positivos para a tese de investimento da companhia, incluindo: (i) Ebitda ajustado de 2023-2024 deve crescer 33% ao ano; (ii) recuperação mais rápida que o esperado, pois a administração da Eletrobras espera atingir os níveis de despesas operacionais da empresa privada até o final de 2023; (iii) negociações para pagar o empréstimo compulsório com algum haircut; e (iv) negociações para quitar a dívida da distribuidora do Amazonas podem avançar em 2023.

Equatorial (EQTL3): top pick do Itaú BBA

O Itaú BBA destacou que a Equatorial (EQTL3) é sua principal escolha no setor de utilidade pública, mantendo recomendação outperform (desempenho acima da média e equivalente à compra), devido à sua avaliação muito atraente e gatilhos positivos de curto prazo, como possíveis transações de fusões e aquisições no negócio de distribuição de energia.

O preço-alvo passou de R$ 28,50 para R$ 37,10, o que representa um potencial de valorização de 40,6% frente ao preço de fechamento de sexta-feira (9) de R$ 26,38. “As principais razões para o aumento foram a criação de valor com a aquisição da Celg, a renovação do modelo e os resultados reportados acima do esperado”, explica o banco, em relatório.

Na opinião do BBA, a Equatorial tem feito um excelente trabalho revertendo concessões de distribuidoras de energia ineficientes. O cenário base assume que as distribuidoras da Equatorial continuem superando o nível regulatório, mas em menor grau no longo prazo.

Analistas esperam que a alavancagem atinja um pico de 3,7 vezes no primeiro trimestre de 2023, devido à aquisição da Celg, mas depois caia para 2,7 vezes em 2024 e 2,6 vezes em 2025. “A Equatorial não tem problemas de liquidez devido à sua forte posição de caixa de R$ 7,8 bilhões e calendário de amortização dívida confortável”, acrescentam.

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