Bradesco BBI vê ações brasileiras baratas e projeta Ibovespa a 130 mil pontos em 2021; mais recomendações são destaque

Além da recomendação estratégica do BBI, outras casas revisaram suas projeções ou iniciaram cobertura para ações, como de Irani, Panvel e siderúrgicas

Lara Rizério

Ações em alta (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – As recomendações ganham destaque na sessão desta quarta-feira (2), tanto para as ações específicas do Ibovespa, quanto para o índice.

Em destaque, o Bradesco BBI apontou, em relatório de estratégia, que as ações do Brasil estão baratas por alguns motivos. De acordo com os estrategistas André Carvalho e Fernando Cardoso, a aceleração do PIB (com a retomada da atividade após a forte queda no primeiro semestre), as reformas econômicas e a vontade política de cumprir o teto de gastos devem comprimir os prêmios de risco, gerando potencial de alta para o benchmark da Bolsa brasileira.

A expectativa dos estrategistas é de que o Ibovespa atinja os 107 mil pontos no fim de 2020 – o que corresponde a uma valorização de 4,73% frente o fechamento da última terça-feira (1) – e 130 mil pontos ao fim de 2021, alta de 27,24% frente o patamar da véspera.

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De acordo com os estrategistas, o prêmio de risco diminuirá gradualmente, ainda que de forma um tanto tortuosa, devido às incertezas principalmente relacionadas à política e às contas fiscais brasileiras.

Além disso, as ações também devem se beneficiar com a melhora dos lucros. “Provavelmente será um caminho acidentado, com destaque para os riscos fiscais”, afirmam Carvalho e Cardoso.

Segundo os estrategistas, as discussões em andamento sobre os programas de transferência de renda são o principal risco fiscal neste momento.

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Em sua carteira estratégica, o Bradesco BBI adicionou NotreDame Intermédica (GNDI3), Itaú Unibanco (ITUB4), EcoRodovias (ECOR3), Iguatemi (IGTA3) e BR Distribuidora (BRDT3) ao seu portfólio Brasil, excluindo Hapvida (HAPV3), Banco do Brasil (BBAS3), Duratex (DTEX3), Energisa (ENGI11) e Gerdau (GGBR4).

Abaixo, seguem outras recomendações que estão movimentando o noticiário:

Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3)

As ações das siderúrgicas, que tiveram algumas das maiores altas do mês de agosto no Ibovespa, foram alvos de recomendações do UBS e do JPMorgan.

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O JPMorgan elevou a recomendação para as ações da Usiminas de neutro para overweight (exposição acima da média do mercado), também elevando o preço-alvo de R$ 9,50 para R$ 12,50 (potencial de valorização de 17% frente o fechamento da véspera), destacando o cenário mais otimista para os preços domésticos de aço.

Em combinação com a alta alavancagem operacional, a expectativa de Rodolfo Angele, Marcio Farid e Lucas Yang, analistas do banco, é de que a dinâmica de lucros supere as expectativas do mercado no segundo semestre de 2020. Eles reforçam ainda que a ação está negociando a um múltiplo de valor de mercado sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 4,7 vezes, abaixo da média histórica de 6,5 vezes.

O UBS, por sua vez, elevou o preço-alvo, mas cortou a recomendação das ações de CSN de neutra para venda, com o preço-alvo passando de R$ 7,50 para R$ 12 (downside de 21%), manteve a recomendação de venda para Gerdau, mas com o preço-alvo sendo elevado de R$ 10 para R$ 15, o que configura uma projeção de queda no mesmo patamar da CSN em termos percentuais. Para Usiminas, a recomendação neutra foi mantida, com o preço-alvo indo de R$ 4,50 para R$ 11, ou um potencial de valorização de 3% frente o fechamento da véspera.

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Conforme ressalta a equipe de analistas, as ações de siderúrgicas voltaram aos níveis anteriores à Covid-19, alimentadas pela i) fuga do investidor local para ações expostas ao dólar; 2) força do preço do minério de ferro; e 3) aumento de preços domésticos.

Os aços brasileiros, ressaltam os analistas, estão entre os mais caros globalmente, apesar da deterioração fundamentos de demanda. “A partir daqui, com o preço do minério de ferro pendendo para a queda após a forte alta, juntamente com a inflação de custo de frete, rebaixamos CSN e mantivemos venda em Gerdau, este último com a pressão ainda mais persistente no setor de construção”, avaliam. Já o neutro em Usiminas é justificado com estoques de automóveis baixos.

Os analistas também apontam que a recuperação de exportação do minério de ferro é uma faca de dois gumes para a CSN. “Mesmo que a Vale fique a 10-20 milhões de toneladas abaixo de sua meta de elevação de produção de cerca de 50 milhões de toneladas para o segundo semestre, o aumento sequencial da oferta é suficiente para reduzir os preços do minério de ferro (…) Além disso, o aumento da demanda da Vale deve impulsionar o custo do frete”, afirmam.

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Os analistas elevaram as projeções para o setor de forma a incorporar o real muito mais fraco do que o esperado nos últimos meses, o que tem sustentado o preço do aço. “No entanto, isso já está precificado nas ações negociando agora perto dos níveis pré-COVID-19 e, com isso, avaliamos que há risco de queda a partir daqui com fundamentos significativamente piores do que no período pré-coronavírus”, avaliam.

Irani (RANI3)

O Credit Suisse iniciou a cobertura das ações da companhia de papel e celulose Irani com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 6,50, com potencial de alta de 40%.

O banco avalia que a Irani é uma ação defensiva com ganhos previsíveis, já que 80% dos volumes são enviados para clientes em setores que vivem ciclos de negócios, enquanto os preços da Irani acompanham a inflação.

Segundo relatório, a Irani também tem uma linha de projetos que pretende desenvolver nos próximos anos, focada em crescimento e cortes de custos. “Acreditamos que os projetos são positivos e ainda não estão precificados.”

O Credit espera que os projetos gerem uma expansão de 7% da margem Ebitda até 2025 (de 23% em 2020 para 30%), além de fazer o Ebitda crescer 73% no mesmo período. O banco destacou o valuation atrativo de 6,4 vezes o valor de mercado sobre o Ebitda (EV/Ebitda). Os concorrentes são avaliados em cerca de 7,6 vezes.

Carrefour Brasil (CRFB3)

O Credit Suisse destacou em relatório que o Carrefour Brasil é seu novo top pick no setor de varejo de alimentos. O banco atualizou as previsões para o papel, com revisão do Ebitda (em 7% e 9% para 2021 e 2022, respectivamente), e aumento do preço alvo para R$ 25 por ação, com potencial de alta de 24%. A recomendação foi elevada de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado).

Segundo o relatório, a empresa tem mostrado resultados consistentes, sustentados não apenas por forte demanda mas por ganhos de eficiência e mais assertividade na estratégia promocional. O banco conversou com o CFO Sebastien Durchon e com a Diretora de RI Natalia Lacava, que sinalizaram a continuidade de bons resultados nos próximos trimestres.

O Credit destacou a incorporação de 30 lojas Makro nos próximos 12 meses, o robusto crescimento das vendas e melhorias de eficiência, que ainda não estão precificados nas ações. Em sua visão, o perfil defensivo de varejista de alimentos coloca o Carrefour numa posição mais confortável após o fim do auxílio emergencial dado pelo governo brasileiro.

O lucro deve crescer 18% em 2020 e 9% em 2021. A ação deve operar a 16.2x P/E (preço sobre lucro) em 2021. Outras iniciativas favoráveis, segundo o banco, são melhorias em pagamentos e o desenvolvimento de uma plataforma de e-commerce de alimentos.

Panvel (PNVL3)

O Itaú BBA iniciou a cobertura de Panvel, com recomendação outperform e preço justo de R$ 34 para 2021 – um potencial de valorização de 28%. A companhia farmacêutica concluiu recentemente uma oferta de ações, levantando R$ 480 milhões para financiar seu plano de expansão de lojas. Nos níveis atuais, o banco vê a ação negociando a 36 vezes P/E (preço sobre lucro) em 2021, com desconto em relação à RD (RADL3).

O banco destacou que a empresa tem operado com ROIC (Retorno sobre Capital Investido) de 15%, em linha com a RD, impulsionada por um portfólio competitivo de vendas e Capex por loja baixo. O BBA ainda apontou que a empresa pretende abrir mais 370 lojas, a maioria no Sul do Brasil, até 2025.

O banco citou ainda a penetração de 20% de e-commerce e o índice de 61% nas buscas orgânicas no tráfego do site como fatores positivos.

Entre os riscos, eles apontam: “apesar do histórico excelente, a estratégia traz um risco relevante de canibalização”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.