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O Banco Central decidiu nesta quarta-feira (1) fazer um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 12,25% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê reduções equivalentes nas próximas reuniões.
“Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.
“A decisão e o comunicado do Copom vieram em linha com nossas expectativas. Com poucas novidades no texto, o BC reforçou a percepção de uma atividade que lentamente desacelera e a noção de um processo cada vez mais consolidado de desinflação, ainda que as medidas de inflação subjacente sigam pressionadas”, aponta Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, sobre a reunião.
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O Copom também voltou a falar sobre a importância de perseguir as metas fiscais, sem entrar na discussão recente sobre a possibilidade de mudança da meta estabelecida pelo governo. “A principal novidade foi a ênfase dada para a abertura da curva nos EUA, que é entendida por nós como um dos grandes desafios para a continuidade do processo de corte de juros no ano que vem. Essas pequenas mudanças, entretanto, não mudam nosso panorama para o restante do ano, e acreditamos que o BC deve dar prosseguimento ao relaxamento monetário no ritmo imposto até aqui, de 50 pontos-base por reunião”, complementa.
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Segundo especialistas, a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central dentro do esperado abriu espaço para a continuidade da queda das taxas dos DIs na próxima sexta-feira, após o feriado no Brasil de 2 de novembro que terá os mercados fechados. Isso considerando ainda o movimento na curva dos Treasuries depois da decisão de política monetária do Federal Reserve desta quarta-feira mais cedo. Os juros futuros e o dólar tiveram forte queda, enquanto o Ibovespa subiu 1,69% após a decisão do Fomc e antes do Copom.
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Contudo, vale ressaltar que o movimento pode se estender desde que não surjam dados que alterem o cenário global.
“Dado o movimento dos rendimentos dos Treasuries após o Fed nesta quarta-feira, talvez os (juros dos) DIs não tenham caído tudo o que tinham para cair no Brasil”, pontuou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano. “Se não houver nenhuma surpresa amanhã (quinta-feira) com os dados de auxílio-desemprego nos EUA e na abertura dos negócios na sexta, com o payroll, esperaria uma nova baixa das taxas futuras.”
Nesta quarta-feira, as taxas dos contratos futuros de juros já tiveram perdas firmes no Brasil, na esteira do recuo dos rendimentos dos Treasuries. O movimento ocorreu em parte após o Federal Reserve manter sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% e, ao mesmo tempo, destacar as condições financeiras mais restritivas enfrentadas pelas empresas e pelas famílias — o que está em sintonia com a leitura de que o avanço dos yields pode já estar atuando para controlar a inflação no EUA, dispensando novas elevações de juros.
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“Vimos um fechamento importante do juro americano de 10 anos nesta quarta-feira, de quase 20 pontos-base. Se somarmos este comunicado do Copom com o cenário internacional, que se apresentou de modo mais benigno, há espaço para a curva brasileira fechar”, comentou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
No entanto, Victal também pondera que a sexta-feira será marcada pela divulgação do relatório de empregos payroll nos EUA.
“Como o BC deu um peso grande para o cenário internacional no comunicado, então o mercado também estará atento ao payroll.”
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No mercado de câmbio, de acordo com Serrano, a reação do dólar ao comunicado do Copom tende a ser menor, ainda que as cotações também permaneçam sintonizadas ao que acontece no cenário externo.
Assim, na prática, a pressão de queda do dólar ante o real desta quarta-feira — considerando o fechamento da curva de juros norte-americana — pode continuar, mas isso também depende dos números a serem divulgados na quinta e na sexta-feira nos EUA e da própria dinâmica do mercado brasileiro. Normalmente, a liquidez costuma ser menor nas sextas-feiras espremidas entre um feriado e o fim de semana.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avalia não esperar um reflexo tão forte do Copom nos mercados.
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“O Copom trouxe uma visão em alguns pontos mais dovish, uma sensação de que vai continuar com corte de juros, já deixou meio claro pela linguajar que vai ter pelo menos mais um de 0,25 na reunião depois de dezembro e isso agrada. As empresas, que divulgam seus resultados agora, têm um alívio relevante no seu balanço com queda de 0,5 ponto da Selic. Agora, também há outros pontos que o Copom mostra mais preocupação, fala que a situação da inflação não está totalmente controlada, que ainda tem pontos pra ficar bem atento, dá bastante ênfase dessa vez ao internacional e isso é relevante para quem precisa ter uma queda bem mais forte dos juros”, avalia.
Porém, levando em consideração as falas do presidente do Fed na quarta mais cedo, Cruz espera que o desempenho do mercado brasileiro na sexta-feira será muito mais baseado na repercussão do dia seguinte da decisão do Fed do que do próprio Banco Central local.
Já Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital, vê que, com a Selic agora a 12,25%, a expectativa para a volta do feriado é animadora para os ativos de risco, sendo esperadas quedas para juros e do dólar no movimento macro”, avalia.
Por outro lado, Carvalho pontua ser recomendável cautela, uma vez que os mercados também aguardam por outras notícias e em destaques a sexta-feira é contemplada com Payroll [relatório de emprego] na sexta de manhã. “Não menos importante, estamos passando pela temporada de balanços do terceiro trimestre que também ajuda a ditar o ritmo e desempenho da bolsa”, afirma.
(com Reuters)
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