BB (BBAS3) e Itaú (ITUB4): Nova resolução do BC permite dividendos maiores e pode ser gatilho positivo para ações

BC afirmou que os novos procedimentos implicarão em aumento da exigência de capital agregada no SFN de cerca de R$ 34 bilhões, abaixo do esperado

Equipe InfoMoney

Prédio da sede do Banco Central, em Brasília (Beto Nociti/BCB)

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Os novos procedimentos para o cálculo do requerimento de capital para risco dos bancos, divulgados pelo Banco Central na última terça-feira (28), permitem que Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4)  discutam proventos maiores aos acionistas, disseram analistas do Citi em relatório.

Na véspera, em nova resolução, o BC afirmou que os novos procedimentos implicarão em aumento da exigência de capital agregada no Sistema Financeiro Nacional (SFN) de cerca de R$ 34 bilhões, ou 2,6% do Patrimônio de Referência do SFN.

A norma entrará em vigor em 1º de janeiro de 2025, mas será implantada por fases até 2028, segundo a autarquia.

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Analistas do Citi disseram que, embora os efeitos variem de banco para banco, seus cálculos iniciais apontam para um impacto de cerca de 30 a 40 pontos-base no índice de capital CET1 (índice de Basileia de melhor qualidade, indicando o colchão de liquidez) requerido para o sistema, abaixo do efeito de 100 a 150 pontos-base indicado por alguns players. Além disso, eles consideram o período de implantação “longo”.

“A projeção anterior de aumento dos requisitos de risco operacional foi identificada como uma das principais razões para o Banco do Brasil e o Itaú Unibanco terem visões mais cautelosas sobre pagamentos de dividendos mais elevados”, escreveram os analistas Rafael Frade, Brian Flores, José Luis Cuenca e Gabriel Gusan.

“Consideramos que a combinação do menor impacto no capital e um período de implementação mais longo são notícias positivas, permitindo que ambos os bancos (Banco do Brasil e Itaú) discutam pagamentos de dividendos mais elevados, o que pode ser um gatilho positivo para as ações”, acrescentaram.

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O Goldman Sachs aponto que, dada a nova metodologia, não poderia estimar com precisão o impacto num primeiro momento, mas também observou que Banco do Brasil e Itaú, além do Bradesco (BBDC4), tiveram os maiores requerimento para o risco de capital (RWA) sob a metodologia anterior. “Estimamos que o impacto de R$ 34 bilhões no risco operacional poderia levar a um impacto de aproximadamente 44 pontos base nos índices de capital da indústria, o que acreditamos que seria um impacto administrável para as empresas dentro da nossa cobertura”, avalia.

Em teleconferência após o resultado do terceiro trimestre de 2023 (3T23), Milton Maluhy, CEO do Itaú, havia destacado a expectativa para que o BC detalhasse a regulação do risco operacional Basileia III, o que seria crucial para o planejamento do banco.

O CEO do Itaú explicou que o banco fez um trabalho de recuperação de capital desde o primeiro trimestre de 2020. “Já fizemos essa recomposição e a gente vem organicamente crescendo a nossa capacidade de geração de capital”, afirma. Por esse motivo, o banco opera com um Índice de Capital Principal que ficou em 13,1% no terceiro trimestre de 2023, 1,6 ponto percentual acima do desejado pela instituição financeira.

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“Para tomarmos uma decisão bem calibrada, gostaríamos de ter essa informação [sobre a nova resolução]. O banco é muito disciplinado e planeja com muito cuidado os usos de fonte de capital em um horizonte de longo prazo”, afirmou.

Conforme destacou o executivo, se a regulação saísse dentro do previsto, o tema poderia ser discutido no âmbito do conselho de administração do banco ainda em dezembro. Algumas alternativas para o uso do capital em excesso já estavam sendo estudadas, segundo Maluhy.

“E a gente sempre pode fazer uma combinação delas, desde aumento de dividendos ou eventual recompra de ações. Sempre tem caminhos possíveis para você distribuir ou que o investidor perceba uma otimização do capital. Não queremos reter capital excedente”, disse o CEO na ocasião sobre as alternativas para elevar o retorno aos acionistas.

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(com Reuters)

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