Banco Central eleva a Selic em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano; Copom prevê alta de mesma magnitude na próxima reunião

Decisão do Copom foi unânime e em linha com o esperado pela maioria do mercado; Comitê diz estar pronto para adotar postura mais contracionista

Equipe InfoMoney

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, por decisão unânime, a taxa Selic em um ponto percentual, tirando-a de 10,75% para 11,75% ano. Com isso, os juros vão para o maior patamar desde abril de 2017, quando estavam em 12,25% ao ano. Com a decisão, a instituição monetária brasileira confirmou as expectativas do mercado, sem maiores surpresas.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Copom afirma que deve realizar outra alta de mesma magnitude na próxima reunião, agendada para os dias 3 e 4 de maio.

O aumento, porém, trouxe uma desaceleração daquilo visto nas três reuniões anteriores, quando o Banco Central optou por altas de 1,5 ponto percentual. A mudança já havia sido sinalizada na reunião de fevereiro.

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Apesar de a alta de 1% da Selic ter sido consenso para a maioria do mercado e sinalizada pelo próprio Banco Central, o estouro da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e a decorrente alta do preço do petróleo, fez parte dos investidores e analistas cogitar que o Banco Central iria optar por um aumento maior para frear a inflação.

Com a deterioração do cenário, as projeções para inflação do Copom passaram a 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023, informou a autoridade monetário em recente comunicado. Assim, o cenário pressupõe alta de juros que sobe para 12,75% em 2022 e cai para 8,75% em 2023.

Com o recente boom dos preços dos combustíveis, várias casas estão recalculando suas projeções tanto para a inflação no ano quanto para a Selic. O Boletim Focus do Banco Central, em sua última publicação, trouxe que a maioria do mercado agora vê o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançando 6,45% neste ano e a Selic fechando dezembro em 12,75%.

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Confira a íntegra do comunicado do Copom após a decisão

Em sua 245ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% a.a.

A atualização do cenário do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

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O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo dos seus cenários.

Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país.

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Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mas considera que esse risco está sendo parcialmente incorporado nas expectativas de inflação e preços de ativos utilizados em seus modelos. O Comitê segue considerando uma assimetria altista no balanço de riscos.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 11,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e, principalmente, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.

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A atuação do Comitê visa combater os impactos secundários do atual choque de oferta em diversas commodities, que se manifestam de maneira defasada na inflação. As atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante. O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza. 

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

**Valores em torno da média dos preços do petróleo vigentes na semana anterior à reunião do Copom e 2% de variação ao ano a partir de então.

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