Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) operam na contramão da Bolsa; alta do petróleo pressiona setor aéreo

Analistas afirmam que o cenário favorável mudou e esperam uma segunda metade de ano conturbada para as companhias

Mitchel Diniz

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Na contramão da Bolsa brasileira, as ações das companhias aéreas começaram a semana com perdas. Às 15h34 (horário de Brasília), Gol (GOLL4) recuava 0,75% e Azul (AZUL4), 0,37%. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair mais de 2%. Porém, reduziram as perdas, à medida que o Ibovespa amplia ganhos.

As duas companhias tiveram um primeiro semestre de recuperação, mas os ventos mudaram nas últimas semanas. Para os analistas, parte dessa queda pode ser explicada pela recente valorização do preço do petróleo, que há uma semana oscila na casa dos US$ 90 no mercado internacional.

O querosene de aviação (QAV) responde por mais de 40% dos custos das aéreas e voltou a subir nos últimos dois meses. O último ajuste foi anunciado pela Petrobras no começo deste mês e o combustível ficou 21,4% mais caro nas refinarias. No acumulado do ano, o preço do QAV ainda acumula queda, de 17%. Mas esse desconto chegou a ser de 35% no começo do último mês de junho.

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“Essa história está mudando um pouco de contexto e o mercado tenta precificar esse impacto nas áreas”, afirma Luan Alves, analista-chefe da VG Research. Ele lembra que o primeiro semestre foi positivo para Gol e Azul, não só pelo combustível mais barato, mas pela recuperação do tráfego aéreo e o enfraquecimento do dólar frente o real. Essa é outra variável que viu uma tendência diferente nas últimas semanas.

As aéreas conseguiram expandir margens no período, pois foram capazes de praticar tarifas acima da média. Por isso mesmo, Alves acredita que, se o preço do combustível continuar subindo, as empresas vão ter dificuldades para repassar novos ajustes ao consumidor. “Elas vão ter um aperto de margem”, afirma o analista.

Essa é a razão pela qual VG Research, uma casa de análise independente, não tem recomendação para companhias aéreas. Contudo, o analista-chefe reconhece que a situação dessas empresas melhorou “de forma impressionante”, citando a renegociação de dívida das aéreas com seus credores.

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“Foi um primeiro semestre muito bom, mas o ambiente macroeconômico começou a jogar contra e a Bolsa é muito punitiva com esse tipo de empresa”, afirma Alves.

Azul ou Gol?

Fazendo um comparativo entre as duas aéreas listadas na Bolsa brasileira, o analista da VG tem preferência pela Azul. Ele lembra que a companhia atua praticamente sozinha em 80% das rotas onde opera. “É mais fácil continuar subindo os preços de passagens nessas condições”, diz.

Ainda segundo Alves, mesmo com as recentes pressões negativas, a Azul continua tendo capacidade de geração de caixa livre positiva em 2024, como vem prometendo a administração da companhia.

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Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideia de Investimentos, acredita que as recentes iniciativas de redução de custos das companhias pode ajuda-las a enfrentar um novo cenário de alta de combustíveis. As aéreas tem implementado medidas para ganhar eficiência, como a renovação de frota, substituindo aeronaves por modelos que consomem menos querosene de aviação.

“Se a gente olhar o micro, a gente ainda vê algum descontos nas aéreas. Com a reestruturação das dívidas, de forma geral, essa redução de custos pontualmente em algumas companhias pode amenizar esse eventual aumento de combustível”, afirma.

Ações das aéreas no ano

No acumulado de 2023 até agora, os papéis AZUL4 acumulam alta de mais de 22%. Na mínima do ano, em março, chegou a valer menos do que R$ 7. Na máxima, no final de junho, encostou nos R$ 22. A cifra é 37% maior que a cotação atual, que oscila na casa dos R$ 13.

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Já os papéis GOLL4 acumulam baixa de mais de 10% em 2023. A ação, hoje, é negociada abaixo dos R$ 7. É praticamente metade da máxima alcançada este ano, de R$ 13,53. Na mínima do ano, registrada no começo de março, o papel estava em R$ 5,03.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados