Azul (AZUL4) cai mais de 6% na Bolsa mesmo após concluir negociação com credores; analistas mantêm otimismo com ação

Goldman Sachs reiterou preferência pelo papel entre as companhias aéreas da América Latina

Mitchel Diniz

Publicidade

Em uma sessão de forte queda para o Ibovespa, as ações da Azul (AZUL4) também operaram em terreno negativo. Os papéis da companhia fecharam em baixa de 6,15%, a R$ 13,59 e ficaram entre as principais altas do índice. A Gol (GOLL4), por sua vez, fechou em queda um pouco menos intensa, de 3,93%, a R$ 6,35.

Com alta do dólar e o recente avanço do petróleo (ainda que esteja em queda na sessão), os ativos recuaram mesmo com a notícia de que a empresa conclui o processo de reestruturação de obrigações com a maioria de seus arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos originais.

Assim, a Azul conseguiu eliminar as obrigações de pagamento de arrendamento, que haviam sido postergados durante a pandemia de Covid-19. A companhia também obteve êxito em reduzir os valores pagos pelo arrendamento, de acordo com novas taxas de mercado. Além disso, postergou outros pagamentos a arrendadores, fabricantes e demais fornecedores.

Continua depois da publicidade

A renegociação também contempla outras concessões, “incluindo reduções nas obrigações de final de contrato de arrendamento e condições de devolução de aeronaves, eliminação de pagamentos de reservas de manutenção futuras e rescisão antecipada de determinados arrendamentos de aeronaves”, diz o documento, arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no último domingo (1).

Após a notícia, o Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra para ação da Azul, com preço-alvo de R$ 29,90. Há menos de duas semanas, o banco não só elevou sua avaliação sobre o papel como o colocou como seu top pick entre companhias aéreas da América Latina, desbancando “queridinhas” como Copa Airlines, do Panamá, e Volaris, do México.

Em uma nova análise disponibilizada hoje, o Goldman afirma que a queda entre 20% e 50% no preço das ações do setor aéreo, registrada nos últimos três meses, abriu oportunidades, dada a racionalidade dos principais mercados da região.

Continua depois da publicidade

“Nesse contexto, favorecemos Azul, dada sua posição dominante no mercado brasileiro”, escreveram os analistas do banco. Segundo eles, isso permite que a companhia possa repassar aumento de custos. A equipe também destaca a elevada alavancagem financeira da companhia em um contexto de melhor de liquidez. “O balanço de riscos da companhia parece estar sob controle agora”.

Na mesma linha, o Bradesco BBI ressaltou que a notícia é positiva; o banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 38.

“A gestão agora pode focar 100% no crescimento do negócio e na expansão da lucratividade. Vemos risco de overhang [pressão de queda nas ações] limitado devido ao baixo volume disponível em comparação com o ADTV [volume médio de negociações diárias, medida de liquidez] da empresa”, apontam os analistas do banco.

Continua depois da publicidade

A Genial citou a notícia como positiva, uma vez que alivia substancialmente o fluxo de pagamentos da companhia no curto prazo. Porém, a casa ressalta seguir cautelosa com o setor devido à recente escalada do preço dos combustíveis.

A reestruturação

De acordo com a Azul, a reestruturação das dívidas vai reduzir em mais de R$ 1 bilhão, por ano, os pagamentos de arrendamentos futuros da companhia.

Em contrapartida a pagamentos e obrigações devidas aos credores, a subsidiária Azul Investments LLP emitiu US$ 370,5 milhões em títulos de dívida sem garantia, com vencimento em 2030 e cupom de 7,5%.

Continua depois da publicidade

Em conexão com esses acordos, arrendadores e fabricantes também concordaram em receber um total de até US$570 milhões em ações preferenciais da Azul a um valor de R$36,00 por ação.

A emissão de todas as ações preferenciais abrangidas nesses contratos será feita em parcelas trimestrais, com início no terceiro trimestre de 2024 e com conclusão prevista para o quarto trimestre de 2027.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados