As 10 notícias que mexeram com o humor do mercado ao longo de 2011

Corte no rating americano, default grego, fusões e aquisições: relembre eventos que impactaram a bolsa brasileira no ano

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Não é novidade que 2011 foi um ano difícil para as bolsas de valores globais, especialmente para a brasileira, cujo desempenho ficou aquém do esperado pelos analistas. A forte volatilidade vista nesse mercado, porém, foi provocada principalmente pelo noticiário carregado do período, cujas referências corporativas e macroeconômicas mexeram com o humor dos investidores.

No front corporativo, as fusões e aquisições foram o principal propulsor de algumas ações, tanto para o lado positivo quanto para o negativo.

No campo macroeconômico, da lenta recuperação da economia norte-americana à crise da dívida soberana europeia, passando pelos conflitos no mundo árabe – que disparou os preços do barril de petróleo -, além da surpresa na condução da política monetária aqui no Brasil, confira as 10 principais notícias que mexeram com o mercado em 2011.

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Fevereiro foi um mês histórico para o mundo árabe. Depois da população egípcia se rebelar contra o ditador Hosni Mubarak, derrubando seu governo depois de quase 30 anos de vigência, uma onda de protestos atingiu inúmeros países do Oriente Médio e do norte da África. O movimento influenciou as cotações do petróleo no mundo inteiro, já que a região é uma grande produtora da commodity.

Mas foi quando os protestos chegaram à Líbia que a situação se agravou ainda mais. No final de fevereiro, a intensificação dos protestos no país ganhou contornos preocupantes, acarretando não só no recrudescimento das manifestações populares e na represália agressiva por parte do governo, mas também no fechamento dos portos e no anúncio da saída de importantes petrolíferas do país.

O resultado? Frente ao cenário de instablidade no quarto maior produtor de petróleo da África, a cotação da commodity, que já vinha de expressivas altas nos dias anteriores, disparou no pregão de 22 de fevereiro. O contrato com vencimento em março de 2011, que apresentava maior liquidez no mercado de Nova York, fechou valendo US$ 93,57 o barril, configurando uma alta de 8,55%, maior valorização percentual desde 12 de março de 2009. Em Londres, o barril do petróleo Brent chegou a atingir máxima em US$ 108,57, maior valor desde 4 de setembro de 2008.

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Em 11 de março, os mercados foram pegos de surpresa pelo terremoto que atingiu o Japão, acompanhado por um tsunami que devastou o país e trouxe prejuízos catastróficos à uma das principais economias globais. Logo após o ocorrido, o mercado se manteve cauteloso em relação aos impactos na cadeia de produção de vários segmentos, especialmente o automobilístico, que foi fortemente afetado pela paralisação de fábricas no país asiático.

Apesar da alta apresentada pelo Ibovespa naquela sexta-feira, o índice encerrou a semana com baixa de 1,95%. Os impactos da tragédia, porém, estiveram em foco nos pregões que se seguiram naquele mês.

Em 2011, a alteração na estratégia da Hypermarcas (HYPE3) foi um dos principais destaques no noticiário corporativo. Em maio, a Hypermarcas passou por uma mudança de foco, de aquisições para consolidação. Só nos três primeiros meses do ano anterior, a empresa adquiriu a Luper, a York, a Facilit, a Sapeka e a Jontex. Claudio Bergamo, CEO da Hypermarcas, e Martim Prado Mattos, CFO e Diretor de Relações com Investidores, afirmaram que agora a empresa procura a consolidação e a integração dos negócios adquiridos. O resultado? A companhia teve sua recomendação cortada por uma série de casas de research e a ação HYPE3 obteve a maior queda do Ibovespa no mês de maio.

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Falando de fusões e aquisições, a briga entre os sócios Abílio Diniz e Jean Charles Naouri esteve dentro do radar do mercado em meados deste ano. As desavenças se deram em torno de uma possível união do Pão de Açúcar (PCAR4), cujo controle é detido pela empresa de Naouri – a Casino -, com o Carrefour Brasil. Apesar do desejo de Diniz em prosseguir com a operação, Naouri foi contra.

Com o veto ao negócio, Diniz, que ocupa a presidência do Pão de Açúcar, lamentou a decisão do Casino em carta divulgada à imprensa na noite de 13 de julho. Pouco antes, quando havia apenas rumores sobre a compra do Carrefour Brasil, as ações do Pão de Açúcar chegaram a liderar os ganhos do Ibovespa no mês de junho, com alta acumulada de 14,14% no período. Contudo, diante da negativa de Casino à operação, os papéis mostraram recuo de 1,96% no pregão de 12 de julho.

Depois de meses aguardando um parecer oficial, em 13 de julho a Brasil Foods (BRFS3) finalmente recebeu o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) à operação de fusão entre Sadia e Perdigão, mas com restrições de até cinco anos ao uso da marca Perdigão e venda de até 80% de sua estrutura produtiva integrada para o mercado doméstico.

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A fim de atender às exigências do Cade, a BRF anunciou recentemente um acordo de permuta com a Marfrig (MRFG3) para que ela adquira alguns ativos da Sadia. Com isso, a Marfrig deixaria de deter as marcas Barny, Estancia del Sur e Paty, líder no mercado de hambúrguer argentino. Em troca, a BR Foods deve ceder todos os bens e direitos relacionados a oito centros de distribuição, além de abrir mão de uma indústria de suínos na cidade de Carambeí e da totalidade da participação acionária detida pela Sadia, equivalente a 64,57%, no capital social da Excelsior Alimentos.

Desde o anúncio em 19 de maio de 2009 sobre a fusão da Sadia com a Perdigão – dando origem à BRF – até a última terça-feira (27), os papéis da companhia registram ganhos de 108%.

Um mês que entrou para a história da GOL (GOLL4), especialmente para seus investidores, foi julho de 2011. Foi nesse período que a companhia aérea anunciou o corte em seu guidance para o ano, sendo seguido por uma imediata reavaliação dos analistas de mercado sobre a empresa, que cortaram as recomendações para o papel GOLL4. Neste cenário, as ações da companhia aérea chegaram a despencar 21,62% no pregão do dia 29 de julho.

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Cabe mencionar ainda que no dia 8 daquele mesmo mês a GOL já havia anunciado a compra da Webjet, por R$ 96 milhões, sujeitos a atualização até o pagamento. Além disso, a companhia contraiu R$ 214,7 milhões em dívidas da companhia adquirida, fazendo com que o custo da operação totalizasse R$ 310,7 milhões. Naquele pregão, as ações da companhia aérea tiveram a maior alta dentre os papéis que compõem o Ibovespa, com alta de 3,51%.

Desespero. Essa parece ser a palavra certa para ilustrar o sentimento dos investidores no último 5 de agosto: o dia em que algo inédito e, até então inimaginável, aconteceu. Consolidados por representarem a economia mais forte e importante do planeta, os Estados Unidos acabaram esbarrando no fraco crescimento econômico, aliado ao mal empenho político para contornar a estagnação do país, e perderam o desejado “triple A”.

Pela primeira vez na história, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou a nota de crédito do país. No pregão seguinte ao anúncio, as principais bolsas do mundo registraram quedas históricas. O Ibovespa, por exemplo, despencou 8,08% – sua pior performance diária desde 22 de novembro de 2008, quando o mundo era apresentado à crise do subprime. Olhando para o gráfico intraday, o Ibovespa chegou a uma queda de 9,74% no dia 6 de agosto, ficando apenas a 0,26 ponto percentual de acionar um circuit breaker.

A inflação sempre esteve entre as prioridades do Governo brasileiro. Apesar disso, na reunião que se encerrou no dia 31 de agosto deste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por promover um corte de 50 pontos-base na Selic, levando a taxa básica de juro nacional a 12,0% ao ano. A medida foi pegou o mercado de surpresa, já que o consenso de analistas previa uma manutenção da taxa em 12,5% ao ano. Além disso, o corte interrompeu uma sequência de três reduções consecutivas na Selic.

A medida do BC também marcou uma mudança na postura da autoridade monetária nacional: a partir de então o Governo busca segurar a inflação por meio da contenção dos gastos públicos. Em meados de agosto, dias antes da reunião do Copom, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o esforço fiscal do governo, após elevar a meta para o superávit primário em R$ 10 bilhões, era permitir a redução dos juros básicos. Pouco antes, foi a vez da presidente Dilma Rousseff confirmar que o País tinha condições para a redução da Selic, a fim de manter a economia aquecida e afastar a crise externa.

No dia seguinte, os investidores reagiram positivamente ao corte nos juros, com o Ibovespa fechando o pregão de 1º de setembro em forte alta de 2,87%, aos 58.118 pontos, após ter registrado ganhos de 3,71% em sua máxima no intraday.

A crise na Europa foi o vetor que mais mexeu com os mercados em 2011. O principal marco desse período, que disseminou o caos entre os investidores no mundo inteiro, foi o pacote de ajuda da União Europeia para conter a crise na região, anunciado em 27 de outubro, incluindo um perdão de 50% da dívida grega.

Pelos termos do acordo, os bancos privados que possuem títulos da dívida da Grécia aceitaram perdas de 50% nos seus papéis, o que correspondente a € 100 bilhões. O corte será voluntário e deverá ser finalizado até o início de 2012, a fim de reduzir a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) da Grécia para 120% em 2020.

Refletindo esta notícia, o Ibovespa fechou o pregão daquele dia com forte ganho de 3,72%, maior cotação diária desde 26 de julho, aos 59.270 pontos.

Depois de semanas marcadas pela especulação sobre quem assumiria o controle da Usiminas (USIM3, USIM5), no dia 27 de novembro a Ternium finalmente pôs fim à novela e anunciou um acordo com Votorantim e Camargo Corrêa para compra de suas participações na siderúrgica mineira. A empresa comprou 139,7 milhões de ações ou 27,7% do capital votante da empresa. O acordo, que incluiu a subsidiária argentina Siderar e a TenarisConfab (CNFB4), determinou o pagamento de R$ 36 por ação ordinária da Usiminas.

No pregão seguinte, apesar do fechamento positivo da USIM5, as ações ordinárias da empresa foram penalizadas no final do pregão pela declaração do presidente da companhia, Wilson Brummer, afirmando em teleconferência que, apesar do valor de R$ 36 por ação pago pela Ternium representar um prêmio de 82% sobre o preço de mercado dos papéis ON da Usiminas, o fato de a Nippon se manter com participação majoritária não representa uma troca de controle e, consequentemente não prevê tag along.

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