Ambev (ABEV3): resultado anima e ações sobem 4% com recuperação de margem e números de cerveja no Brasil

Já o destaque negativo ficou nas regiões da América Latina do Sul e Canadá

Camille Bocanegra

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A Ambev (ABEV3) divulgou seu balanço na manhã desta terça-feira (31). A companhia apresentou lucro líquido consolidado de R$ 4,015 bilhões no terceiro trimestre de 2023, o que representa um crescimento de 24,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mesmo com volume estável e queda no desempenho em cerveja, os números foram considerados melhores do que o esperado pelos analistas e bem recebidos pelo mercado. Os papéis da companhia subiram 4,05%, a R$ 12,86, na sessão desta terça-feira (31).

No Brasil, o volume de venda ficou praticamente estável (-0,1%), uma vez que a queda no desempenho em Cerveja (-1,1%) diante da forte performance dos anos anteriores foi compensada pelo crescimento de 2,8% do segmento de bebidas não-alcoólicas (NAB). A expectativa de diversas casas de análise era de uma baixa de cerca de 2% do volume de vendas de Cerveja Brasil, o que ajusta a explicar o ânimo pós-balanço.

Além disso, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ficou acima das expectativas, com o número consolidado a R$ 6,6 bilhões, 3% além da projeção de consenso. O Goldman Sachs destaca que o número ficou além do projetado mas, ainda assim, mantém a recomendação de venda para o papel. “O valuation precisa se ajustar ainda mais para que consideremos uma postura mais construtiva em relação à empresa”, considera, apontando que a ação ainda estaria cara.

Sobre a queda no desempenho da cerveja, o Goldman reforça que o recuo seria motivado por aumento de preço médio, considerado como “disciplina de preços”, mas uma provável perda de participação no mercado, especialmente em comparação com a Heineken.

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“Um cenário aparentemente mais competitivo pode adicionar pressão ao crescimento futuro (a receita líquida do terceiro trimestre ficou 6% abaixo do consenso da empresa), além da situação na Argentina e das discussões fiscais em curso no Brasil”, alerta o relatório do banco sobre o balanço.

É a mesma visão do JPMorgan, que considerou os números mistos ao analisar as operações. “Os resultados foram mistos, com a cerveja core do Brasil apresentando um desempenho muito forte (apenas -1% de contração de volume em comparação com bases difíceis, batendo as estimativas do banco em 3%), mas com um Ebitda  36% acima do ano anterior, superando as nossas estimativas em 12%, com uma margem de 34,7%”, considera.

A visão do JPMorgan para a ação é positiva, com recomendação overweight (exposição acima à média, similar à compra).

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“Em geral, acreditamos que os investidores devem ter uma visão marginalmente positiva dos resultados, uma vez que a forte performance da cerveja no Brasil, a melhoria no fluxo de caixa livre e o resultado líquido superam o desempenho fraco dos volumes em LAS (América Latina do Sul: Argentina; Uruguai; Bolívia; Paraguai e Chile) e Canadá”, considera o JPMorgan.

Os pontos negativos do balanço pelo banco foram considerados a divisão de cerveja não alcoólica no Brasil, com diminuição de margens, e os mencionados volumes.

A XP considera que o trimestre veio “sólido em sua trajetória de recuperação de margem”. O avanço das margens acontecem em todas as unidades, com exceção de Brasil NAB por pressões de custos. A expectativa era de reação positiva do mercado, o que de fato se apresenta durante o pregão.

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“Destacamos mais uma vez a continuação do momentum da Cerveja Brasil com sólido desempenho de receita líquida/hl, ou hectolitro (+7% na base anual, versus projeção de queda de 2% da XP) apesar dos volumes mais fracos (-1% ano a ano e +1% versus a projeção da XP) impulsionados por categorias de valor, embora as categorias core plus (Budweiser quase +20% em relação ao ano anterior) e premium continuam apresentando desempenho superior”, diz a casa.

Para o Itaú BBA, a divulgação foi vista como “ligeiramente positiva”, com Ebitda superando expectativas do banco em 4% e avançando 3% a projeção do consenso.

“A divisão de Cerveja do Brasil mais uma vez se destacou no trimestre, enquanto no segmento Internacional, um desempenho acima das expectativas na América Latina Sul compensou o resultado abaixo do esperado em outras regiões”, observa o BBA. O lucro da companhia se apresentou 20% acima das estimativas, tanto pela surpresa do Ebitda quanto pelas despesas financeiras mais baixas.

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“Os destaques positivos do trimestre foram a cerveja no Brasil e a América Central e Caribe, com o Ebitda superando o consenso em 12% e 4%, respectivamente, enquanto a fraqueza geral na indústria de cerveja do Canadá e a pressão inflacionária na Argentina resultaram em resultados abaixo do esperado no Canadá e na LAS [América Latina do Sul, formada por Argentina; Uruguai; Bolívia; Paraguai e Chile]”, considerou o BBI.

O BBI tem recomendação outperfom (desempenho acima da média, similar à compra) para a ação, com preço-alvo de R$ 21,00 para o final de 2024.  “Vemos a ação sendo negociada a um atraente relação de preço sobre lucro estimado para 2024 de 10,2 vezes, um desconto de 50% em relação à sua média histórica. Além disso, a ação teve um desempenho inferior ao Ibovespa em 18 pontos percentuais no acumulado do ano”, considera o BBI.

O BBA classifica as ações da companhia como marketperform (desempenho de mercado, equivalente a neutro).

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“Mantemos nossa classificação de desempenho de mercado na Ambev até termos uma compreensão mais clara dos impactos potenciais das mudanças nos benefícios fiscais e JCP (Juros sobre capital próprio) e da perspectiva incerta na Argentina, apesar da tendência de expansão da margem da empresa à frente, o que provavelmente sustentará o desempenho das ações a curto prazo”, diz BBA.

A Genial considerou os resultados bons, com pequeno recuo na receita e margens com surpresa positiva.

“A Ambev entregou um trimestre bom, com resultados pouco abaixo de nossas expectativas em termos de receita, mas com uma expansão de margens maior do que estimávamos, impulsionada por um câmbio mais favorável e preços de commodities mais baixo, e por uma maior eficiência em despesas de distribuição e administrativas”, analisa a corretora.

A projeção para próximos trimestres é de margens “gradualmente melhores”, em especial considerando queda nas principais commodities. Entre os riscos à tese, a Genial destaca a implementação do Imposto Seletivo e o potencial fim do JCP, através da reforma tributária. A corretora tem recomendação de manutenção do nome, com preço-alvo de R$ 15,00.

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